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ASTROLÓGICA 2003

Uma tremenda fria que acabou em pizza
(e todo mundo gostou)

Fernando Fernandes

 

Começou numa tremenda fria e acabou em pizza. No meio, um encontro em que se falou de répteis, cinema, Renato Russo, Lula e Descartes. Esta poderia ser uma descrição da Astrológica 2003, que reuniu 16 palestrantes e quase uma centena de participantes na Gaia, a espaçosa escola de Astrologia no bairro da Aclimação, em São Paulo.

Foi o fim de semana mais gelado do ano, mas nem todo mundo lembrou de tirar dos armários os casacos e as meias de lã. Houve gente, como Alexey Dodsworth, que chegou ao evento sem um único agasalho, mas houve também, por outro lado, quem aproveitasse a ocasião para tirar a poeira de botas, sobretudos e cachecóis. Além do mais, a baixa temperatura foi uma boa desculpa para os jantares de confraternização onde se devoraram pizzas de dimensões pantagruélicas regadas a vinho e chocolate.

Após a abertura astrólogos confraternizam durante a exposição "Antropofagia Astrológica na Terra Brasilis". No fim de semana gelado em São Paulo, muitos agasalhos e calor humano.

Se o frio foi a estrela inesperada do evento, a programação confirmou as melhores expectativas. A tônica foi dada pela excelente apresentação multimídia do grupo GaiaBrasilis, que coletou imagens e sons para compor um painel das manifestações culturais e sociais do país sob os trânsitos de Urano em Peixes desde 1500. A apresentação, dividida em pequenos trechos, distribuiu-se por todos os intervalos entre palestras e foi um gol de placa num evento que primou pela conexão entre Astrologia e Cultura Brasileira. Além da produção multimídia, o foco sobre o Brasil esteve presente nas palestras de Maurício Bernis, que traçou a trajetória da economia no governo Lula; de Edil Carvalho, analisando a obra do cineasta Mário Peixoto; de João Acuio, relembrando Cazuza e Renato Russo; de Lydia Vainer, que trouxe como tema o "Exmo. Sr. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva"; e de Fernando Fernandes, que apresentou o simbolismo astrológico das escolas de samba. Tudo em sintonia com Urano em Peixes que, ao transitar pela casa 1 do mapa da Independência do Brasil, vem trazendo com toda a força a rediscussão de nossa identidade coletiva.

Astrólogos místicos, astrólogos mundanos

Hector Othon, um físico cubano que acabou se tornando astrólogo no Brasil, apresentou o trabalho mais assumidamente esotérico do evento. Inspirado pela obra de Edgar Cayce, convidou a platéia a relaxar e a fazer uma sessão de Astropsicodrama - um exercício de interiorização e visualização pessoal dos significados planetários. Assim, fez um interessante contraponto com os astrólogos de orientação mais técnica, como Maurício Bernis e Nivaldo Figueiredo.

Robson e Luiza Papaleo fizeram a abertura e as apresentações da Astrológica.

Bernis usou ciclos de planetas exteriores (de Júpiter a Plutão) para mostrar que, como Lula assumiu com diversos ciclos ainda em andamento, seu governo, no que diz respeito à economia, está atrelado ao resultado de processos semeados na fase inicial de cada um desses ciclos - a maioria ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso. Assim, há que se esperar que a condução da economia não sofra mudanças radicais nos próximos meses e que moeda continue estável.

Por outro lado, alguns dos projetos mais importantes do governo Lula só começarão a render maiores frutos na administração de seu sucessor. Como a maioria dos ciclos astrológicos tem duração maior que um mandato presidencial, seria desejável que os governantes administrassem o país de olho na História, e não apenas nas próximas eleições.

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Limite, a obra-prima do cinema brasileiro

Pela lógica cartesiana, todo mundo é gay
Na platéia, astrólogos que vieram de longe


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