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 Edição 96 :: Junho/2006 :: -

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Marte ataca!

Quando Marte em trânsito fica retrógrado e forma oposição ao Sol, é hora de tomar decisões para romper com toda a inércia dos assuntos da casa ativada pelo planeta vermelho.

Os ciclos de Marte, por sua velocidade maior em relação aos ditos planetas lentos, costumam ser subestimados por durarem apenas alguns dias. De fato, excetuando-se os períodos em que Marte se encontra estacionário ou retrógrado, na maior parte do tempo ele "passa veloz" pelos graus dos signos do zodíaco ocidental. Todavia, são justamente nestes períodos específicos - ainda que breves - que uma série de movimentos é, por assim dizer, "disparada". Os ciclos marcianos serviriam para localizar, num curto espaço de tempo, o apogeu de processos críticos. Mas o que entendemos como "processo crítico"?

Marte é associado, na cultura popular, a uma ameaça à vida na Terra. O caso mais recente é do filme Marte Ataca!, de Tim Burton (1996).

Como bem lembrou o astrólogo Valdenir Benedetti por ocasião de uma conferência, na maior parte das vezes tendemos a confundir "crise" com "dilema" ou "problema". O termo "crise" vem do grego crinos, e significa "decisão". Tendemos, portanto, a utilizar o termo de uma forma inadequada, dizendo que "estamos em crise" quando em verdade o que estamos vivendo é a não-crise, ou seja, a não-decisão. Os ciclos marcianos poderiam ser encarados, assim, como momentos críticos, mas dentro do contexto grego do termo: uma fase de decisões, definições, de resolução de dilemas e problemas. Se você, caro leitor, está há meses ou anos como que "travado" numa situação repetitiva, num "nó cego" qualquer, é provavelmente num ciclo marciano que uma série de movimentos internos dará lugar à oportunidade de atos incisivos, cirúrgicos, que permitem que se ataque frontalmente a questão.

A cada dois anos e meio, aproximadamente, o planeta Marte se opõe ao Sol. Neste período tem lugar a famosa retrogradação de Marte. Trata-se também de uma fase em que o planeta vermelho se encontra mais próximo da Terra. Aproveito e faço aqui uma previsão, sem precisar de nenhum sistema oracular para realizá-la: assim como várias vezes em anos anteriores, o planeta Marte e o Sol estarão em posições opostas no final do ano de 2007 e a maioria de nós receberá, via correio eletrônico, uma mensagem que é mais regular e certa do que o passo do Sol pela abóbada celeste. Esta mensagem, provavelmente carregada de teor místico e sensacionalista, avisará que o planeta Marte estará tão, mas tão próximo da Terra, que igual evento nunca mais será visto pelos próximos trezentos anos. Tolice. Do mesmo modo que no final do ano passado e em anos anteriores, Marte estará oposto ao Sol e, na medida em que se aproxima da posição oposta, desacelera seu passo aparente até o ponto de estacionar e retrogradar. O processo de diminuição da velocidade aparente, modo estacionário e retrogradação, ocorre a cada ciclo num signo em particular. Anos atrás, ocorreu no signo de Peixes; no final do ano passado, foi a vez de Touro dar residência a Marte por meses a fio; no final do ano que vem, será a vez de Câncer. Como podem observar, há uma regularidade neste movimento: Marte encontrou seu "ponto mais próximo da Terra" e sua conseqüente retrogradação em signos de polaridade feminina. Em cada um destes momentos, aqueles que por ocasião do nascimento têm o Sol nestes signos onde Marte entra e leva um tempo considerável para sair, perceberam (ou perceberão, no caso de Câncer em 2007) a ebulição de uma série de processos de difícil resolução, numa espécie de redemoinho intermitente de confrontos e situações de stress que culminam, ao final, num processo crítico, ou seja, numa tomada de decisão que rompe com toda a inércia anterior.

Marte na oposição ao Sol de 2003, em Peixes. Foto de Max Teodorescu no site romeno Astroclubul Bucuresti.

Não fique triste se seu signo não foi citado. Marte, em seu movimento direto, passa pelos signos e muda de um para outro a cada dois meses, aproximadamente. Para acompanhar seu passo, basta consultar qualquer efeméride. Todavia, ele passa velozmente. No caso do fenômeno citado no parágrafo anterior, ele perdura por muito mais tempo num signo por conta da retrogradação. E a retrogradação de Marte pode ser encarada como uma oportunidade de revisão de ação para aqueles nativos dos signos em que ele estaciona e posteriormente retrograda. Obviamente, por uma série de fatores singulares (o mapa como um todo, além da disposição do sujeito), algumas pessoas vivem este ciclo de forma mais aguda e dolorosa do que outras. No final do ano passado (2006), os taurinos se viram como doidos, com esse hóspede vermelho que não lhes saía da casa. Como qualquer visita depois de um certo tempo começa a feder a peixe, é natural que as pessoas fiquem mais irritadas e intratáveis. Mas a idéia é exatamente a de desencadear a crise necessária para a resolução de questões paralisadas e apresentar ao sujeito a oportunidade de "peitar" devidamente tais questões.

Podemos inclusive ir além, e recordar que não apenas o Sol é tocado por Marte, mas todos os outros planetas. Atenho-me ao elemento solar pelo óbvio motivo de que qualquer leigo poderá checar quando Marte passará por seu signo. Há inclusive a opção de recebimento deste aviso, gratuitamente, a partir do site Personare (www.personare.com.br), a partir do cadastramento dos dados de nascimento. A idéia do Personare envolve o fornecimento de informações sobre os ciclos planetários rápidos (considerando a Lua, inclusive), com uma breve interpretação a respeito destes ciclos.

Por fim, gostaria de comentar algumas impressões, de forma breve, a respeito da passagem do planeta Marte sobre os planetas pessoais (do Sol ao próprio Marte). Trata-se de uma visão sintética que deve levar em conta, no caso de uma interpretação profunda, outros elementos planetários em trânsito e outros pontos do mapa. Dou ênfase à quadratura, oposição e conjunção por serem os ângulos de natureza crítica:

Marte em trânsito sobre o Sol - A crise envolve a vitalidade e a utilização da energia do sujeito. O guerreiro (Marte) e o rei (Sol) encontram-se em crise, daí a sensação de contradição e ambivalência entre o querer e o executar. Muitas vezes, o que uma mão faz (Sol) a outra desfaz (Marte). A raiva resultante pode ser projetada para fora, na forma de conflitos com figuras de autoridade.

Marte em trânsito sobre a Lua - A crise envolve questões de espaço territorial, seja ele físico ou simbólico. A contradição está relacionada ao lado lunar, que convida e deseja cuidar, e ao lado marciano, que se sente invadido e deseja a independência. Lembra muito aquela situação em que dizemos "entre, a casa é sua!"... Então a pessoa entra e nos sentimos invadidos. Mas fomos nós que convidamos! Um certo mau humor é esperado em ciclos do gênero, assim como conflitos de ordem doméstica. Por outro lado, trata-se de um dos melhores ciclos para enfrentar e resolver questões estanques, condicionamentos, hábitos - todos os "lances lunares".

Marte em trânsito sobre Mercúrio - A crise envolve tudo o que concerne à comunicação e à palavra, seja ela escrita ou falada. Trata-se de um momento importante para lembrar que, se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro. Muitos desentendimentos tolos e conflitos idiotas poderiam ser evitados se as pessoas observassem que seus Mercúrios pessoais estão sendo "agredidos" por Marte. O desentendimento verbal pode (e deve) ser evitado com um pouco mais de quietude neste momento. Pequenos incidentes envolvendo estradas, carros ou confusões de acordos mal compreendidos costumam ser uma constante em ciclos assim.

Marte em trânsito sobre Vênus - À parte a idéia de Marte "em cima" de Vênus ser bastante excitante - e geralmente o é, haja vista as situações de apaixonamento compulsivo deste tipo de ciclo -, convém observar melhor os impulsos desejosos neste período. Não me limito, aqui, aos desejos sexuais, mas foco a atenção sobre qualquer questão que envolva o desejo e a submissão a ele. Há quem gaste excessivamente neste período, há quem coma desmedidamente, há quem se apaixone tolamente. Os ciclos Marte-Vênus me lembram, sob diversos aspectos, a escravização ao desejo.

Marte em trânsito sobre Marte - A forma de agir é aqui reformulada. Todos nós estamos acostumados a um modo de atuar no mundo, a uma maneira de resolver os problemas. Não há quem não apresente um "modo condicionado" de agir, de se encaminhar na vida. Os ciclos Marte-Marte podem ser excepcionais para conferir uma revisão desta maneira de agir, sobretudo os ciclos de quadratura e oposição. A conjunção Marte-Marte é considerada como sendo uma fase de alto poder para o sujeito, assim como a oposição costuma se manifestar como aqueles períodos em que sentimos que as coisas simplesmente não fluem e independem de nossa vontade.

Marte, em seu movimento celeste, é o significante astrológico da vida que se afirma. E a vida, ao afirmar-se, nem sempre é delicada. Na verdade, eu diria que na maioria das vezes ela não é. Sua beleza é bruta, selvagem, e apenas teme esta força aquele que se deixou castrar pelo excesso de civilização que nos torna um tanto quanto afrescalhados e sensíveis demais. Marte conclama às armas, à luta não contra o outro ou contra as coisas, mas sobretudo contra a própria inércia e procrastinação.

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