Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 95 :: Maio/2006 :: - |
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ASTROLOGIA E CULTURA DE MASSABelíssima e a rebelião do PCC
A novela Belíssima, que estreou sob uma pesada configuração significadora de depressão e violência, tem um mapa em ressonância com o do início da rebelião de presos que desencadeou ataques do PCC por toda a região metropolitana de São Paulo. Urano tensionando planetas na casa 7 é sempre uma poderosa indicação de instabilidade nos relacionamentos. Divórcios, rupturas e pouca disposição para as concessões da vida a dois costumam acompanhar esse planeta quando envolvido de alguma forma com a casa das associações e casamentos. Talvez por isso Belíssima seja uma história de relacionamentos acidentados e de muitos desencontros. Basta dizer que o único casal estável da novela é aquele formado pelos imigrantes Katina e Murat (Irene Ravache e Lima Duarte) - e que ambos, mesmo após décadas de vida em comum, ainda tinham segredos a esconder do parceiro. No mais, é um desfile de personagens individualistas, impacientes, sempre optando pelo rompimento como solução para todos os impasses. "Relacionar-se dá muito trabalho, prefiro me virar sozinho", é o que todos parecem dizer nessa novela nervosa. A novela Belíssima estreou em 7 de novembro de 2005, às 20h54 (HV). O mapa calculado para o Rio de Janeiro, sede da Rede Globo, mostra o Ascendente em 9º25' de Gêmeos (por acaso em conjunção com o Ascendente da própria cidade do Rio de Janeiro) e seu regente, Mercúrio, na cúspide da casa 7, exilado em Sagitário e recebendo uma quadratura de Urano na 9. Belíssima, estréia - 7.11.2005,
20h54 - Rio de Janeiro, RJ - 22s54, 43w12. Mas não é aí que reside o eixo central de Belíssima. Basta uma rápida olhada no mapa para perceber que a trama gira em torno daquela pesada Grande Quadratura reunindo Sol, Marte, Saturno e Netuno em signos fixos. O Sol, no mapa de obras de ficção, indica com freqüência (mas não obrigatoriamente) o protagonista, ou um grupo de protagonistas. Em linguagem mais popular, é o "mocinho" ou a "mocinha" da novela. No caso de Belíssima, o Sol na casa 6 (do trabalho rotineiro) no discreto e determinado signo de Escorpião descreve adequadamente aquela que parece ser a heroína da história, a empresária Júlia Assumpção, vivida por Gloria Pires. A casa 6 é uma casa de crises. Freqüentemente mostra situações de desajuste que necessitam de alguma forma de correção. Júlia é uma empresária esforçada e honesta (ou ao menos parece), em completa dissonância com o comportamento de todos os que a cercam. A empresa Belíssima é um antro de disputas selvagens, onde personagens sem nenhum escrúpulo aplicam os golpes mais rasteiros nos competidores. Já a família de Júlia Assumpção comporta-se como se tivesse saído de uma tragédia shakesperiana: assassinatos, segredos inconfessáveis, chantagens, espionagem, vale tudo para obter vantagem sobre os adversários. Tudo isso está evidente no Sol da estréia da novela, que não poderia estar mais tensamente aspectado. E é exatamente aqui que o mapa da novela se conecta com os processos coletivos do momento, sempre simbolizados pelos ciclos dos planetas exteriores: o Sol de Belíssima ativa diretamente uma configuração geracional de grande magnitude, que é a oposição Saturno-Netuno. Este aspecto, entre outros significados, costuma estar relacionado com momentos históricos em a descrença, o medo e a perda de confiança nas instituições tomam conta da coletividade. (Esta questão é explorada em detalhes no artigo seguinte). Em Belíssima, ninguém confia em ninguém. Entre contar a verdade e sonegar informações, todos os personagens - e pelos mais variados motivos - optam pela mentira, pelo despistamento, pelo comportamento ambíguo. Os "malvados" mentem para obter vantagens pessoais, enquanto os poucos "bonzinhos" mentem porque não sabem em quem podem confiar. Quem confia acaba sendo traído. E como ninguém tem certeza de nada, o clima geral é de paranóia. A trama de Belíssima inclui pelo menos três assassinatos misteriosos, assim como alguns atentatos, tentativas de seqüestro e outros atos violentos. Marte, o agressor, na cúspide da casa 12, dos segredos e assuntos encobertos, faz oposição ao Sol e quadraturas a Netuno-Saturno. Este Marte na 12 fala não apenas dos "vilões" da história como também dá uma chave para compreender as motivações do principal mandante dos crimes desse folhetim: trata-se de um Marte em Touro, retrógrado e de casa 12, mostrando alguém que age movido pela frustração do desejo de posse, pelo ciúme ou por um ressentimento muito antigo. A quadratura com Netuno mostra alguém que é um mestre na dissimulação e no disfarce, enquanto a outra quadratura, com Saturno, fala de sentimentos de inadequação e incompetência que precisam ser compensados por movimento de supercompensação. O assassino é, no final das contas, uma figura frágil e com baixa auto-estima - e é exatamente isso que pode torná-lo ainda mais perigoso. Marte na casa 12 também pode significar presidiários. Tradicionalmente a casa 12 simboliza prisões, enquanto Marte é a expressão astrológica do comportamento violento. Belíssima estava no auge quando estouraram em São Paulo os dramáticos incidentes da rebelião dos presídios, acompanhada de atos de terrorismo e de guerrilha urbana que deixaram um saldo de mais de 130 mortes. Círculo interno: estréia
da novela Belíssima; planetas no círculo externo: Quando colocamos o mapa do início das rebeliões de presos, em 12 de maio, sobre o mapa da estréia de Belíssima, as ativações da Grande Quadratura logo aparecem: Mercúrio (que rege o Ascendente de Belíssima) transita sobre a cúspide da casa 12 e sobre o violento Marte natal da novela. Do outro lado, a Lua e Júpiter em trânsito ativam a cúspide da casa 6 e o Sol dessa obra de ficção. Urano em trânsito está no Meio do Céu. É um mapa que fala de um momento de forte tensão relacionado a assuntos da casa 12 e de Marte (presidiários, conspirações, violência), afetando a saúde (casa 6) do organismo social e colocando em cheque as figuras solares (governantes, elites, líderes em geral). Naquela semana de terror, a população paulistana, cercada de ameaças sem nome e sem rosto, teve de viver seu momento de personagem bom caráter de Belíssima. Num movimento que associou ao mesmo tempo a agitação social típica dos trânsitos de Urano em Peixes sobre o mapa do Brasil e a desencantada melancolia da oposição Saturno-Netuno, São Paulo tremeu - e quase parou. Certamente que não foi o mapa da novela que desencadeou toda a violência. A relação que estabelecemos não é de causa e efeito, mas sim de ressonância. O mapa da obra de ficção, na medida em que se conecta com um grande ciclo planetário (Sol e Marte em aspecto com Saturno-Netuno, o fator coletivo), pôde transformar-se numa espécie de "antena" que captou e antecipou processos da "vida real". Outros artigos de Fernando Fernandes. |
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