Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 123 :: Setembro/2008 :: - |
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DORIVAL CAYMMIÉ doce morrer no mar
Aos 94 anos, Dorival Caymmi, um dos ícones mais conhecidos da baianidade, "fez sua cama de noivo no colo de Iemanjá". Não há morte capaz de silenciar um homem assim. O que caracteriza a genialidade? A teoria das inteligências múltiplas há muito desfez a incorreta idéia da lógica como a única e mais importante modalidade do intelecto humano. Ademais, se fosse a lógica a mais significativa modalidade anímica do homem, em que pé estaria a arte e seus movimentos meta-lógicos? Dorival Caymmi é considerado um dos maiores gênios musicais do Brasil. “Da Bahia”, podem corrigir alguns, orgulhosos por tê-lo nas fileiras dos nascidos na terra onde não se nasce, estréia. Mas o fato é que Caymmi transcende localidades e pequenas fronteiras nacionais. Nascido com Júpiter e Urano na primeira casa, seu primeiro impulso é o de ultrapassar quaisquer limites, indo além do que era esperado ou imaginado – mesmo por ele. Este movimento uraniano, contudo, não ocorre de forma totalmente livre: a quadratura com o Sol em Touro na Casa 4 sugere um Caymmi apegado às suas origens, às suas raízes, à cidade natal. Não à toa, Caymmi canta a Bahia recorrentemente. Neste conflito de quadratura entre o Sol na 4 e Urano na 1, por mais que fosse apegado à Bahia, não tinha jeito: Caymmi nasceu para o mundo. Dorival Caymmi - 30.4.1914, 22h50 (-03:00) - Salvador, BA - 038w31, 12s59. Note-se que não me refiro a Caymmi no passado. Ele, a partir de sua arte, é tão presente quanto qualquer pessoa biologicamente viva. Talvez até mesmo mais presente, uma vez que tornou-se imortal por intermédio da arte, como convém a um filho de Vênus. Algumas pessoas, pela peculiaridade de suas vidas, são maiores do que o contexto de sua própria e mortal biologia. Com o Sol na quarta casa, Dorival ilumina uma nação inteira. Com Vênus, regente de seu signo solar, em estado de domicílio na quinta casa, Dorival encontra o seu destino: criar. E criar em diversas acepções, uma vez que sua criação saiu do escopo da obra de arte e se fez, também, biológica - todos os três filhos são também cantores: Dori, Danilo e Nana Caymmi. Vênus, transmitida “geneticamente” para os filhos (Casa 5), aponta para um talento que se transmite para as gerações futuras. E a arte atravessa gerações, uma vez que mesmo sua neta, Stella, apesar de não ser música, é reputada escritora. Por mais que tenha se tornado um patrimônio brasileiro, os baianos sabem: Caymmi é um baiano. Suas composições evocam sobretudo a história de negros e pescadores da Bahia: O Mar, História de Pescadores, É Doce Morrer no Mar, A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre muitas e muitas outras. Essa disposição para cantar os temas “mar” e “pessoas humildes” encontra um eco perfeito num de seus posicionamentos planetários mais marcantes: falo da Lua no signo de Câncer e na Casa 6 (das pessoas humildes, dos servos). Uma de suas mais emocionadas canções, Oração da Mãe Menininha, feita em homenagem à Mãe Menininha do Gantois, de quem Dorival é filho de santo, foi composta em pleno retorno de Saturno e num trânsito que guarda paralelo com o momento da morte física: Júpiter transitando pela Casa 12. “Abertura ao espiritual” é um dos conhecidos significados deste trânsito, que, se em 1972 tomou forma numa canção de teor religioso, agora toma a forma do derradeiro suspiro. Outra de suas “marcas registradas” é a canção que ao mesmo tempo catapultou Carmem Miranda para o exterior e chamou a atenção do Brasil sobre ele. Trata-se de O que é que a baiana tem, composta em 1938, quando a Lua progredida encontrava-se na quinta casa astral. O casamento duplo do Sol com a LuaUma data significativa da vida de Caymmi é o dia 24 de junho de 1938, quando Dorival estreou na Rádio Tupi cantando duas composições. Mesmo sem contrato, sabe-se que Caymmi chamou tanta atenção que passou a cantar dois dias por semana. Neste dia, a Lua em trânsito formava conjunção ao Sol natal, ao mesmo tempo em que o Sol em trânsito formava conjunção à Lua natal. Este tipo de “reforço duplo” em trânsitos costuma marcar significativos momentos na vida das pessoas – obviamente, considerando prioritariamente as progressões secundárias (Lua na 5). O reforço duplo em trânsitos marca sempre um momento significativo, cujo teor será dado pelas posições dos planetas progredidos. Dorival Caymmi deixa o mundo físico no dia exato em que o Sol em trânsito adentrou sua Casa 8. Nesta mesma casa, encontram-se Vênus, Mercúrio e Saturno conjuntos. A Lua progredida encontra-se na Casa 12, das internações e doenças crônicas. Caymmi lutava contra um câncer desde 1999, apesar de não saber qual era a doença, pois, segundo sua neta Stella, ele preferiu não saber o que tinha. O falecimento deu-se no exato momento em que a Lua progredida na 12 passou a se opor à Lua natal na Casa 6. Caymmi deixa um legado tão vasto quanto seria capaz seu Júpiter de primeira casa em trígono ao disciplinado Saturno de Casa 5. Não há morte capaz de silenciar um homem assim. Dorival Caymmi não morreu, foi passear. Ou, como ele mesmo cantava: Outros artigos de Alexey Dodsworth. |
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