Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 122 :: Agosto/2008 :: - |
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EVENTOSO que anda na boca do astrólogo brasileiro
Os planetas que não dão IBOPEDe tempos em tempos, determinados planetas ou pontos celestes parecem transformar-se em febre entre astrólogos e estudantes. Nos anos setenta, foi a vez de Quíron; nos oitenta, produziu-se vasta literatura sobre Nodos Lunares; e, no final dos anos 90, não era possível ler duas páginas de artigos astrológicos sem encontrar uma referência ao grande eclipse de 11 de agosto de 1999. Para descobrir que planetas despertam mais atenção hoje, fizemos o levantamento do número de vezes em que cada um aparece citado nos programas dos onze eventos estudados. Surpresa:
A desproporção é completa: Plutão, mesmo rebaixado pelos astrônomos à categoria de planeta anão, domina as discussões, reunindo mais referências do que todos os demais planetas juntos. Quando comparamos os chamados planetas pessoais (do Sol a Marte) com o geracionais (de Júpiter em diante), a desproporção também salta aos olhos: são 16 referências para os geracionais contra apenas uma sobre os pessoais. É evidente que, ao longo de cada evento, os palestrantes falaram um pouco de tudo. Mas não deixa de chamar a atenção a escolha de Plutão como chamariz para despertar o interesse o público: no Brasil de 2008, Lua e Vênus andam esquecidas e Plutão não assusta mais ninguém, a ponto de ter-se transformado no grande marqueteiro celeste. [Esquerda: João Acuio e Aline Alvarenga no Circuito Nacional de Astrologia de Curitiba, organizado por Aline. Ambos utilizam a linha comportamental como enfoque dominante.] Entre os pontos astrológicos menos conhecidos, o único a receber atenção foram os nodos lunares, com uma referência. Nenhuma palestrante escolheu como tema o desgastado Quíron ou os recém-descobertos Éris ou Sedna. No que diz respeito ao interesse por assuntos mundanos, o astrólogo brasileiro também gosta de olhar para o próprio umbigo: em 93 palestras, apenas uma focaliza os Estados Unidos, maior potência mundial, mesma atenção dada a Portugal, também com uma palestra; nenhuma fala da China, principal potência emergente; nenhuma menciona nominalmente qualquer outro país estrangeiro. Duas palestram falam genericamente do mundo, mas nada menos que cinco delas estão voltadas, de uma maneira ou de outra, para a abordagem da realidade brasileira. Por outro lado, nem uma palavra sobre Lula, George Bush ou qualquer outro líder mundial. As únicas personalidades políticas citadas na programação de tantos eventos foram o rechonchudo D. João VI e sua infiel esposa, Carlota Joaquina. Dentre os grandes nomes da Astrologia, apenas uma palestra fala em Morin de Villefranche, enquanto outra faz referência a Juan Alfredo Cesar Müller, psicólogo que criou e presidiu o I Colóquio Brasileiro de Astrologia (São Paulo, 1978). Morin era francês e Müller, argentino. Ambos latinos, portanto. Seria um sinal de que pouco a pouco nos livramos da influência da Astrologia anglo-saxônica? E quais os termos que costumam aparecer associados à Astrologia com mais freqüência? Psicologia e arte levaram o primeiro prêmio, com três referências cada um. Mais arte do que ciência, que recebeu apenas uma referência e acabou perdendo para o destino, com duas. Sobre recursos técnicos em Astrologia, o mais citado - de longe - é trânsitos, com seis referências. Por outro lado, nada sobre progressões, direções, revoluções e profecções. Morin, que considerava os trânsitos uma técnica menor, teria motivos para rolar na tumba. Se bem que diversas das 93 palestras consideradas fizessem referência à crise ambiental vivida hoje pelo planeta, nenhuma utiliza em seu título qualquer referência à temática ecológica. Da mesma forma, nenhuma referência a aquecimento global, olimpíadas, escândalo ou corrupção. A violência de cada dia, mal que afeta a todos os brasileiros, ganhou uma única citação - e em Brasília, bem longe da fuzilaria pesada do Rio de Janeiro. [direita: Divani Terçarolli apresenta a palestra Impermanência – Virtude da Realidade, no Encontro Astrobrasil] De forma geral, o astrólogo brasileiro dá preferência, quando prepara uma palestra, ao título amplo, propositalmente vago, que permita transitar por diversos tópicos sem prender-se exatamente a nenhum. Um sintoma disso é que nenhuma das 93 palestras se propunha, de início, a explorar em profundidade um único mapa (se bem que vários palestrantes o tenham feito, na prática).
Não é difícil observar uma certa preferência pelos nomes longos e majestosos, que denunciam um viés jupiteriano. Um bom exemplo é "Astrologia, Grande Ciência, Grande Arte - Integração entre Deus, Cosmo e Homem", apresentada por Edil Carvalho na Astrológica 2008. Outras palestras, mesmo mantendo a nobreza de Júpiter, revelavam em seus nomes uma proposta essencialmente saturnina: caso de "O tempo e as marés não esperam pelos homens", de José Maria Gomes Neto, e "O Calendário Sagrado das Estações", de Hector Othon, ambas na programação da Astrológica 2008. Já no quesito criatividade, três títulos de palestras parecem imbatíveis, pela capacidade de sugerir discussões estimulantes e instigar o interesse da platéia: "Atos de Poder", de Valdenir Benedetti (Encontro Astrobrasil); "Plutão, o Rebaixado", de Jane Leipnitz (Circuito Nacional, Brasília); e "Jerusalém, o Simbolismo do Centro do Mundo", de Dulce Figueiredo (Circuito Nacional, Recife). No conjunto, as conclusões se impõem de forma bem clara: o astrólogo brasileiro continua valorizando mais a Astrologia voltada para o indivíduo, com enfoque comportamental, mas o crescimento do interesse pela Astrologia Mundana é digno de nota. O recurso técnico mais utilizado é a análise de trânsitos de planetas geracionais. E, após algumas décadas de forte influência da Astrologia americana, finalmente a temática nacional passou para o primeiro plano. Outros artigos da Equipe de Constelar. |
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