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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 101 :: Novembro/2006 :: -

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UM BALANÇO DE PLUTÃO EM SAGITÁRIO

Emergentes, estranhos e miseráveis

Silvia Ceres

Com o trânsito de Plutão em Sagitário, entre 1995 e 2008, a economia tornou-se altamente globalizada, entronizando o pensamento neoliberal como discurso dominante. Ao mesmo tempo, nunca houve no mundo tanta gente desalojada de seus lares pela fome ou pela violência, ou reunida em acampamentos de refugiados à espera de uma nova nacionalidade.

No fórum de Davos, na Suíça, dirigentes de países ricos se reúnem sob forte aparato de segurança. É a economia globalizada - e militarizada.

Os astrólogos sabem que os ciclos dos trânsitos planetários por um signo permitem constatar certas similaridades em seu acionar, ainda que, naturalmente, nada possa ser reiterado da mesma maneira. Por isso seria possível definir o ciclo como um "retorno do diferente". Feita esta ressalva, focalizemos a atenção no deslocamento de Plutão por Sagitário. Se nos permitirmos uma abordagem histórica de longo alcance, observaremos que o planeta ingressa em Sagitário nas seguintes datas:

  • Dezembro de 1255
  • Janeiro de 1502
  • Dezembro de 1748
  • Janeiro de 1995

Múltiplos fatos históricos caracterizam estes intervalos de tempo, de forma que enumerá-los excede os limites e o eixo central do presente trabalho.

Antes de colocar o foco sobre o período ainda vigente, podem-se assinalar alguns temas que parecem caracterizar este trânsito:

  • Redefinição das fronteiras, demarcando novos conceitos de "fora" e "dentro" desde as cidades muradas da Idade Média, passando pelas viagens de exploração do século XVI até a constituição dos estados nacionais no século XVIII.
  • Pensamento hegemônico com pouca tolerância para a dissidência, como foi o feudalismo influenciado por Bizâncio, afirmando o direito de o homem viver com maiores comodidades materiais, o que significou um passo atrás para o ascetismo cristão e um passo adiante para a vida urbana. Na segunda etapa, este pensamento exclusivo se relacionou com a expansão, em especial sobre o território americano e asiático, dos valores da Igreja Católica, no que ficou conhecido como "a conquista com a cruz e com a espada". No terceiro trânsito, a entronização da razão como única garantia do pensamento correto não apenas deixa de fora outros modelos de percepção da realidade como também aquelas disciplinas que não respondem a um modelo lógico-mecanicista. É o caso das disciplinas humanísticas, que acabaram excluídas do que "merece ser pensado". A própria história da Astrologia é um bom exemplo disso.
  • Reestruturação econômica. Enquanto na primeira etapa surge um domínio da burguesia, unido a uma forma de produção feudal, na segunda encontramos o nascimento do capitalismo, o crescimento do sistema bancário e a privatização da agricultura; na terceira, aparecem os absolutismos políticos e os estados nacionais, em nome do favorecimento da estabilidade dos mercados.

Pois bem: se aceitamos a idéia de que a passagem de Plutão por cada signo lança luz sobre certas zonas obscuras e nem sempre reconhecidas de cada setor zodiacal, cabe perguntar se é razoável associar Sagitário com a noção de fronteira, de pensamento hegemônico e de reestruturação econômica. Considerando de forma genérica, a resposta seria sim e não. Todavia, como este mais ou menos soa demasiadamente incerto, reflitamos sobre o lugar que Sagitário ocupa no zodíaco, para comprendê-lo com maior clareza.

Se em Gêmeos localizamos a linguagem, a comunicação, o comércio e a vizinhança, sem dúvida temos em Sagitário o conceito de estrangeiro, o Outro, o estranho e não familiar. Mas o que tem de estranho e não familiar o Outro? Justamente a língua. Já na Apologia de Sócrates, define-se a condição do estrangeiro como a daquele excluído do código de linguagem próprio de uma comunidade.

Como pensar em Sagitário a partir de seu lugar posterior a Escorpião e anterior a Capricórnio? Em Escorpião, a precária aliança constituída em Libra entra numa luta de poder, vislumbra-se o obscuro, o profundo e o visceral da condição humana e, em conseqüência, é necessário sair para respirar uma atmosfera mais límpida, buscando um "mais além" capaz de criar um distanciamento com relação ao conflito. Formulam-se valores que regem e regulam a convivência entre os seres humanos - valores que serão a pedra angular das leis e códigos que serão formulados em Capricórnio como teoria do Estado.

Porém, para que os valores conformem uma ordem social em Capricórnio, é necessário que se convertam em uma ideologia, e não meramente em uma opinião. Se lembrarmos o trígno que Sagitário estabelece com os outros dois individualistas signos de Fogo, é fácil deduzir a fluência com que este signo de Júpíter organiza e institui um modelo hegemônico de pensamento.

Os sextis com Libra e Aquário agregam matizes ao discurso sagitariano. Nem tão interpessoal como em Libra nem tão abstrato como em Aquário. Com certo ar de justiça, para que ninguém saia prejudicado, e com algo de ideal futurista.

As quadraturas com Virgem e Peixes - a produção e a distribuição - podem ser as razões das novas pautas econômicas propostas em cada novo trânsito de Plutão por Sagitário.

Os quincunces com Câncer e Touro se relacionam com a proposta sagitariana de desenraizar-se para estabelecer um novo espaço. Hoje, a quantidade de população desalojada de seus lares pela fome ou pela violência, reunida em acampamentos de refugiados esperando adquirir uma nova nacionalidade, assim como a ausência de vínculos territoriais de empresas que, buscando mão-de-obra barata, deixam zonas inteiras sem meios de subsistência, dão uma boa noção do funcionamento desses quincunces.

Vejamos outros conteúdos do trânsito atual, iniciado em 1995 e que se encerra em 2008.

O pensamento neoliberal foi entronizado como discurso exclusivo; a globalização e o fórum anual de Davos são o arquétipo da "nova economia"; enquanto o tema das fronteiras se coloca reiteradamente, da ALCA e da Comunidade Européia aos condomínios fechados das grandes cidades.

São fenômenos independentes, mas que permitem armar uma trama de significados, função que também nos demanda Sagitário.

Puxando um pouco pela memória, recordemos que o término da "Guerra Fria" inicia uma nova forma de guerra de conquista de territórios. Estranha guerra cujas armas são os centros financeiros, em batalhas de intensidade aguda e constante - recordemos que Plutão ainda se encontrava em Escorpião.

O objetivo desta investida é a imposição do pensamento liberal. E assim vemos como são vencidos os velhos estados nacionais pelas novas fronteiras, gerando um reordenamento de funções no plano mundial. Entretanto, cumpre observar que, como acontece na física com a mecânica do pêndulo, os grupos humanos, quando se inclinan para um lado, geram um movimento de igual força em sentido contrário.

Enquanto os países membros da Comunidade Européia aparam arestas em nome da constituição de uma entidade coesa, começam a aparecer, aqui e ali, reações de grupos minoritários que não somente se desentendem com relação à unidade européia como também exigem sua independência com relação ao país a que pertencem ou pertenceram no passado, como é o caso dos bascos na Espanha, dos lombardos na Itália, dos flamengos na Bélgica, dos corsos na França, assim como das variadas nacionalidades que constituíram, num dado momento, a extinta União Soviética.

Quanto mais ampla e homogênea a geografia, quanto mais digna do amor sagitariano pelas grandes extensões, mais reações de pequenas comunidades que defendem uma irmandade histórica e, sobretudo, uma mesma língua (Gêmeos).

Por sua vez, os pólos de desenvolvimento são como a luz para as mariposas, e numerosos contingentes de emigrantes chegam aos países ricos, buscando uma nova oportunidade que deixe para trás o sofrimento. Trata-se, no caso, de um deslocamento de Escorpião (crise) para Sagitário (horizontes novos). Contudo, rapidamente esses imigrantes se defrontam com os receios dos nativos que temem que lhes sejam tiradas as oportunidades de trabalho (Virgem) ou a possibilidade de desfrutar dos minguados serviços sociais (Peixes). O resultado é o desencadeamento de um mecanismo de derivação etimológica que transforma o estrangeiro em estranho e este em inimigo, com o que se retrocede outra vez a Escorpião.

Retomando o jogo do eixo Sagitário-Gêmeos, é oportuno analisar o fenômeno dos condomínios fechados, este correspondente atual das cidades fortificadas da Idade Média. São construídos em lugares amplos, rodeados de natureza, ideais para uma visão sagitariana. Contudo, na medida em que são fechados, transformam-se numa comunidade de vizinhos (Gêmeos) rodeados por um entorno pobre, numeroso, que ameaça lançar mão da violência para roubar seus bens, o que leva o condomínio a defender-se contratando segurança privada (Escorpião).

Mencionemos mais um tema, relacionado a esta polaridade: o do sistema financeiro internacional. Devido às grandes mudanças produzidas nos sistemas de comunicações (Gêmeos), o dinheiro gira as 24 horas do dia dos 365 dias do ano, realizando investimentos em diferentes mercados mundiais. Segundo as investigações do Senado dos Estados Unidos, grande parte do capital financeiro que circula entre os principais bancos tem origem em delitos como suborno, tráfico de armas e drogas, crimes de colarinho branco, etc. Assim, novamente nos defrontamos com Escorpião.

Considerando tudo, conclui-se que o atual trânsito de Plutão por Sagitário mostra um jogo pendular com Gêmeos e um constante retrocesso em direção a Escorpião.

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