Para a Astrologia, o ano começa com o ingresso do Sol em Áries, que corresponde ao equinócio de primavera do Hemisfério Norte. Simbolicamente, é um momento de recomeço, quando a vida volta a florescer após os rigores do inverno. Por esta razão, utilizam-se as cartas de ingresso para previsões válidas por um ano (de março de 2018 a março de 2019).
Nesta técnica, a distribuição dos planetas por signo é idêntica para qualquer lugar da Terra, variando apenas a distribuição por casas, que é única para cada país do globo. Tradicionalmente, levanta-se a carta do ingresso para cada capital, o que permite considerar previsões específicas, país por país.
Cabe considerar que a técnica dos ingressos solares é extremamente eficaz para indicar o tom geral do ano, de forma ampla e sem grandes preocupações com detalhes. Não é uma técnica, porém, adequada para previsões precisas, devendo sempre ser utilizada em conjunto com cartas nacionais, eclipses, lunações, análise de ciclos, mapa de líderes políticos e assim por diante.
Na carta do ingresso solar de 2018, ao considerarmos apenas planetas por signos e os aspectos que formam entre si, destacam-se de imediato algumas particularidades:
Sol em quadratura com Marte – Trata-se de um aspecto particularmente importante porque Marte é o próprio regente de Áries e, portanto, o dispositor do Sol. É mais ou menos como estar hospedado na casa de alguém e em conflito com o seu anfitrião: uma situação no mínimo desconfortável. A quadratura indica um ano com ânimos exaltados, pavios curtos e tendência a altercações e enfrentamentos. O grau de seriedade e os assuntos que motivarão esses atritos variarão de país para país, conforme a disposição das casas.
Os dois planetas avançam para formar uma forte configuração com Saturno em Capricórnio, indicando problemas sérios envolvendo restrições, desafio à autoridade e pouca flexibilidade na condução de conflitos.
Por outro lado, a Lua em Touro, em aspecto fluente com Saturno, mostra que as saídas estão em comportamentos associados ao elemento Terra: arregaçar as mangas, produzir, trabalhar em cima de questões práticas. Não é um ano para medir forças ou discutir ideologias, mas sim para buscar resultados objetivos que sejam aceitáveis para todos. Isso vale tanto para as relações internacionais quanto para a reunião de condomínio.
Considerando as casas, eis algumas tendências gerais para os países que mais nos interessam.
Brasil: você pensa que já sabia de tudo?
O emocional signo de Câncer ocupa o Ascendente (o povo). A Lua, regente deste signo, encontra-se na casa 10 (questões públicas, poder), exaltada em Touro e em trígono com Saturno na casa 7. Preocupações de ordem prática com a carreira, as possibilidades de ascensão social, a ordem pública e a segurança pessoal estarão em primeiro plano. Como teremos eleições em todos os níveis, o brasileiro deverá estar mais atento do que de costume para que espécie de governo deseja (Lua na 10, a casa do Poder Executivo) e tenderá a tomar decisões com base no bolso, mais do que no coração. Isto é verdade especialmente nos níveis mais próximos da realidade do eleitor: a eleição para governadores e deputados federais, onde as preocupações locais falam mais alto.
O aspecto Lua-Saturno, o mais exato deste mapa de ingresso, destaca o tom conservador e a pouca disposição para riscos. É muito provável a vitória de candidatos oposicionistas (Saturno rege a casa 7, dos adversários), mas sem grandes aventuras. Mal comparando, é uma situação semelhante à do condômino que não quer reeleger o mesmo síndico de sempre, mas também se recusa a votar no artista cheio de ideias diferentes que promete tornar o prédio menos “careta”.
O planeta mais angular é Mercúrio em Áries no Meio do Céu, em conjunção com Vênus. Mercúrio rege as casas 3 (imprensa e vias públicas) e 12 (segredos, assuntos ocultos, conspirações e – bem a propósito – hospitais e prisões). A configuração permite levantar uma série de possibilidades:
- Mais uma vez, inúmeras revelações sobre esquemas de corrupção virão à tona e darão farta munição para a imprensa;
- Há a possibilidade de que acordos de bastidores (casa 12) desempenhem um papel decisivo nas decisões governamentais e na escolha de novos governantes;
- O destino da população carcerária em geral – ou, ao menos, de alguns presos importantes em particular, como os da operação lava jato – será objeto de muitas conversas e negociações.
O ano é particularmente importante (e potencialmente explosivo) para todos os assuntos relacionados à casa 9, especialmente o Judiciário. Muitos astrólogos também associam ministros e secretários de Estado a esta casa, que também rege as relações internacionais. Aliás, com Netuno na cúspide da 9 e o Descendente enquadrado entre Marte e Saturno, o Brasil deve esperar pouco de seus tradicionais parceiros no exterior. Apenas muito realismo e objetividade podem salvar o país de um mau desempenho nesta área, o que inclui exportações e acordos comerciais. Problemas como o da realocação de imigrantes venezuelanos também devem estar na ordem do dia.
Estados Unidos: Trump continua no palco
Relocando o mapa do ingresso solar para Washington, encontramos praticamente o mesmo Ascendente da carta válida para o Brasil, mas com algumas importantes diferenças:
O planeta mais angular para os Estados Unidos é Netuno no Meio do Céu. Netuno está em domicílio e é o próprio regente da casa, cuja cúspide se encontra em Peixes. A casa 10 é a mais ocupada, com quatro planetas – incluindo o Sol numa preocupante quadratura com Marte conjunto ao Descendente.
Se no Brasil o foco está no Judiciário, nos Estados Unidos o brilho maior fica por conta do Executivo, mas não de uma forma positiva: Netuno é um indicador clássico de situações confusas, enganosas ou fantasiosas. Mesmo que Netuno não esteja exatamente tensionado, tudo leva a crer que Trump continuará a governar de forma errática e desfocada. A quadratura Sol-Marte mostra problemas nas relações internacionais, que podem resultar em congelamentos ou bloqueios (Saturno) ou chegar ao conflito aberto (Marte). Nada muito diferente da realidade norte-americana dos últimos tempos. Outra possibilidade é que os problemas de Trump sejam de ordem interna, já que Marte é o regente da casa 11, significadora do Legislativo. Por outro lado, apesar dos percalços, a economia tende a apresentar avanços.
Outros países
O ingresso solar relocado para a China mostra Júpiter no Ascendente (utilizando Astrocartografia, a linha de Júpiter corta boa parte do território chinês). É uma carta que sugere crescimento. Por outro lado, não há planetas angulares na carta do ingresso solar relocada para as duas Coreias, mas o Japão apresenta configurações preocupantemente explosivas, com Marte no Ascendente e Urano no Fundo do Céu.
A Rússia, que sediará a Copa do Mundo, apresenta uma concentração planetária em torno do Descendente, incluindo Sol, Vênus e Mercúrio. É uma indicação concordante com a situação de um país que receberá alegres multidões de visitantes estrangeiros. Contudo, o planeta mais angular do mapa relocado para Moscou é Saturno no Fundo do Céu, com Marte muito próximo, na casa 3. Provavelmente o povo russo não participará da festa com a mesma alegria dos turistas, podendo encarar o evento com uma boa dose de reserva, ou mesmo uma certa antipatia para com os forasteiros. O restritivo Saturno também é o planeta mais angular na carta da Síria e de outros países do Oriente Médio, e não é preciso muito esforço para descobrirmos por quê.
Nos países da Europa Ocidental, o único planeta realmente angular é Netuno no Descendente (com maior precisão na Holanda). De uma forma geral, há uma forte concentração planetária no terceiro quadrante, o das relações internacionais, mostrando que as questões de convivência dentro da Comunidade Europeia continuarão em evidência – se bem que nem sempre tratadas de maneira eficiente.