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A TRADUÇÃO SIMBÓLICA DA NOVELA DAS OITO

Mulheres apaixonadas,
o mito por trás da novela

Carlos Hollanda

 

Epa... o que faz aqui Marianne, a imagem-símbolo da Revolução Francesa, que acabou virando um ícone oficial? Mergulhe neste artigo que você vai descobrir. E se você for homem, prepare-se para o susto: você faz parte de uma raça em extinção.

O declínio do Patriarcado

O objetivo deste artigo é explicar o processo de declínio do Patriarcado por intermédio da comparação entre os mitos patriarcais, os modelos comportamentais e as problemáticas abordadas na novela.

Manoel Carlos, autor de Mulheres Apaixonadas, utiliza os dramas sociais da atualidade para retratar o declínio das relações sociais calcadas em modelos patriarcais. O retrato do patriarcado está, por exemplo, na figura dos "garanhões" (uma expressão que alude ao cavalo - Sagitário) da novela, dos machões, o que permite uma comparação com Zeus e sua rede de interesses afetivos, como se esses machões assumissem uma faceta do Zeus em busca de satisfação de seus apetites sexuais.

Basta lembrar os mitos onde Zeus assume uma posição autoritária e surra ou ameaça surrar Hera por desobedecê-lo. Em Mulheres Apaixonadas, Marcos, o personagem que espanca a mulher (normalmente com uma raquete de tênis), apresenta-se como a figura do deus masculino em declínio, que precisa esconder sua maneira de forçar a mulher a proceder tal como ele deseja que proceda.

O problema de Marcos tanto pode ser uma patologia do ponto de vista da psicologia individual (doente que precisa de tratamento) quanto pode ser a desestruturação de um padrão de comportamento ou crença vigente e intocado até então. Ao introjetar e representar o modelo de maneira tão arraigada, Marcos é obrigado a enfrentar a recusa da sociedade em aprová-lo em suas atitudes, o que provoca a cisão psicológica: ele fragmenta o espelho. Marcos não aceita a inviabilidade de "colocar a mulher em seu devido lugar", fazendo dela um ser inferior, passível de coerção.

Se outrora espancar a esposa seria tido como normal e de direito do marido, atualmente é preciso que essa postura seja escondida sob a máscara de cortesia, camaradagem e civilidade. Quando essa máscara é removida ele entra em crise e quebra o espelho onde vê sua imagem fragilizada. A ordem social que muitos homens ainda acreditam estar incólume está tão fragmentada quanto o espelho.

A novela sinaliza a existência de ordem social em fase de reconstrução na figura de mulheres independentes (Virgem-Libra), a grande maioria com idades que, ao menos na caracterização da novela, variam entre 30 e 45 anos (grande parte delas da geração Urano-Plutão em Virgem, de 1962 a 1969), com raras exceções na figura de Lorena, que representa uma mulher de 50 ou mais. Algumas dessas mulheres demonstram seu interesse por homens mais jovens.

Essas mulheres também são vítimas da fase de transição que a sociedade vem passando ao verem-se divididas entre uma postura submissa e de menor expressão e seu total reverso. São várias as formas pelas quais o processo vem sendo demonstrado. Uma delas, a extrema, através de Heloísa, com seu declarado sentimento de posse incondicional, manifestando o revés da visão masculina de outrora, que esboçava a mulher como objeto. Com Heloísa, seu homem é "seu objeto", que ela prefere que morra a dividir com outra, ainda que em sua imaginação. Uma outra forma são os dilemas éticos, morais e sociais enfrentados pelo alcoolismo de Santana, uma mulher com vícios que outrora seriam masculinos. Há ainda Edwiges, oscilando entre a pressão da postura "modernosa" das meninas de hoje, que perdem a virgindade numa idade que antes seria considerada absurda, e seu desejo de viver um amor bonito com um homem sensível e compreensivo, diferente da maioria que busca auto-afirmação.

Navegue neste artigo:

Raízes do declínio nos ciclos planetários

O declínio do Patriarcado
O levante do feminino com Urano em Peixes
Configurações, emblemas e características

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Mulheres Apaixonadas mas muito práticas, de Fernando Fernandes
A dinâmica de Mulheres Apaixonadas sob a ótica da Psicologia de Grupos, de Angela Schnoor


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