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olhar brasileiro em Astrologia
Edição 99 :: Setembro/2006 :: - |
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DOSSIÊ PLUTÃOO mapa do planeta anão
Plutão é o regente do mapa de seu próprio "rebaixamento" a planeta anão. Este mapa é revelador do clima que vai pelo mundo em 2006 e do desejo de varrer problemas para debaixo do tapete. A segunda sessão da XXVI Assembléia Geral da IAU (União Astronômica Internacional), na qual foram votadas as resoluções que conceituam o que é planeta e planeta anão, teve início em Praga no dia 24 de agosto de 2006, às 14h15 (hora tcheca), correspondendo às 9h15, hora de Brasília. O anúncio formal do resultado da votação que "destituiu" Plutão da condição de planeta foi feito no máximo às 15h30 (às 10h34, hora de Brasília, alguns sites internacionais, como Reuters e BBC, já davam a notícia em detalhes). Início da sessão da XXVI
Assembléia Geral da IAU que aprovou a reclassificação O mapa da abertura da reunião mostra o Ascendente em Escorpião, com Marte no Meio do Céu, em Virgem, formando quadratura a Plutão no final da casa 1. É uma imagem adequada para representar os donos da ciência "chutando" Plutão para fora da elite do sistema solar, como ironiza, aliás, uma charge da CNN. O mapa da chegada da notícia aos jornais brasileiros e americanos tem, ainda considerando Praga como referência, Sagitário no Ascendente e Plutão na 1, em recepção mútua com Júpiter, considerando-se regências modernas. O mais irônico dessa história é que Plutão é o regente do mapa de seu próprio rebaixamento. Fazendo um paralelismo entre o que emergia como processo histórico no momento da descoberta de Plutão, podemos identificar o que agora se tenta minimizar, esconder, ignorar ou desconsiderar. Para isso não é preciso qualquer conhecimento astrológico: basta abrir os jornais ou olhar em volta. E o que vemos? Os conflitos no Líbano e no Iraque são exemplos bem instrutivos. Israel e Estados Unidos vêm agindo do Oriente Médio como se todo o conflito com grupos radicais, como o Hezbollah e como a insurgência iraquiana, não passasse de uma questão meramente militar. Acontece que cada ação militar bem sucedida desperta mais ódio contra o Ocidente e mobiliza mais gente para o apoio ao radicalismo. Ódios raciais profundos e irracionais são um assunto de Plutão, assim como o desprezo pela própria vida, que leva adolescentes a se transformarem em homens-bomba. Outra questão é o pânico que vem-se apossando da opinião pública de alguns países ocidentais, especialmente Estados Unidos e Reino Unido, por causa da ameaça de atos terroristas. A histeria tem servido de pretexto para uma progressiva redução de liberdades civis (especialmente a liberdade de ir e vir) em países que, no passado, foram baluartes democráticos. É o sacrifício dos direitos individuais em nome da segurança, caminho aberto para o totalitarismo - outro tema muito caro a Plutão.
A comunidade científica representa o status quo e, conseqüentemente, tem uma conotação Júpiter-Saturno, os dois planetas da ordem social e do poder institucionalizado. Ao "destituir" Plutão da condição de planeta, esta comunidade científica faz um movimento análogo ao dos dirigentes das grandes potências, que parecem empenhados num grande jogo de faz-de-conta: faz de conta que é possível lidar com o desatamento dos ódios religiosos e étnicos; faz de conta que os Estados Unidos não estão deixando pouco a pouco de ser uma democracia; faz de conta que as calotas polares não estão derretendo e que será possível manter o crescimento econômico para sempre; faz de conta que não há riscos de um conflito nuclear. Ao diminuir a importância de tudo que está além de Netuno - o que inclui não apenas Plutão, mas também os significados de Xena, Sedna e Quaoar - o mundo desenvolvido, analogicamente, tenta varrer para debaixo do tapete toda uma série de problemas que ainda aguardam uma resposta: lidar com a alteridade e com paradigmas civilizatórios diversos dos nossos (Xena), enfrentar a perda da sustentabilidade ambiental (Sedna), a irracionalidade do terrorismo (Quaoar) e o risco da destruição em massa (Plutão). Tal como os antigos gregos, romanos e bizantinos, que dividiam o mundo entre "nós" e os "bárbaros", a nova classificação dos corpos celestes também cria um território percebido como de segunda classe. Em contraposição aos planetas "clássicos" (que agora incluem Urano e Netuno, além dos sete visíveis), existem agora os planetas "bárbaros", os invisíveis, os anões, que vivem num território escuro e hostil, além das fronteiras da civilização. Mais uma vez, sob a capa da cientificidade, o homem reelabora sua noção de céu, projetando no espaço as grandes divisões que o atormentam. Leia também em Dossiê Plutão: Plutão
não é mais planeta... e daí? - por Carlos Hollanda Outros artigos de Fernando Fernandes. |
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