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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 07 - Janeiro/1999 [republicado em janeiro/2009] :: -

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NOVAS TENDÊNCIAS EM INFORMÁTICA

Inteligência Artificial aplicada à Astrologia

Floriano Caldeira Possamai

Na opinião do responsável pelo desenvolvimento do Canopus, conhecido aplicativo brasileiro para cálculo astrológico, o casamento entre a Astrologia e a Informática mal começou: em vez do já usual programa de cálculos e desenhos de gráficos, o que ele sugere é a adoção da Inteligência Artificial como ferramenta de análise.

Hal, 2001 Odisséia no Espaço

Hal, o supercomputador que dialoga com o astronauta de 2001: Odisséia no Espaço
(filme de Stanley Kubrick, 1968), talvez seja o mais famoso caso de
referência à inteligência artificial no mundo da ficção.

O avanço da informática tem contribuído cada vez mais para o surgimento de novas ferramentas de auxílio aos Astrólogos, que atualmente, através do uso de programas, podem visualizar um mapa natal em poucos segundos na tela do seu computador, tarefa que antes requeria um certo tempo para ser realizada, e mais trabalhosa ainda quando se tratava do levantamento de Trânsitos e Progressões. Atualmente, os programas para computador podem não só gerar o gráfico relativo aos vários tipos de mapas astrológicos, como também sugerir textos de interpretação. Neste ponto, parece que não há mais nada que possa ser acrescentado a esta realidade. É aí que surge a Inteligência Artificial como uma nova ferramenta de análise para a Astrologia.

Como poderia a Inteligência Artificial ser utilizada na Astrologia?

Para compreender bem esta questão, seria necessária uma mudança na forma tradicional de se analisar um mapa: o caminho não seria mais analisar primeiro o Signo Solar, depois o Ascendente, depois o Signo Lunar, e assim por diante. A nova forma de análise seria da seguinte forma:

1. Elege-se um tema, que pode ser, por exemplo, Iniciativa. Então faz-se a análise do mapa para este tema. O tema pode ser de qualquer natureza, uma fragilidade na saúde, um fator psíquico, uma virtude etc.

2. Faz-se necessário ter um banco de dados previamente preenchido com valores pré-definidos para os eventos astrológicos que valorizam o tema e também para aqueles que o desvalorizam. Se o dono do mapa for ariano, terá 10 pontos para iniciativa, mas se o Sol estiver na casa doze, poderá inibi-la, cabendo menos dois pontos para este evento. Uma conjunção de Sol e Marte pode valorizar a iniciativa com mais dois pontos, e assim por diante. No final, faz-se a somatória destes pontos para o tema Iniciativa.

3. Dispondo deste banco de dados, podem-se analisar quantos mapas forem desejados a respeito do tema Iniciativa: pode-se estabelecer qual dentre vários mapas é o de mais iniciativa, determinar se um grupo de trabalho tem a iniciativa necessário ao serviço a que se destina, ou até ordenar os clientes por iniciativa crescente ou decrescente.

Este novo enfoque também permite quantificar o tema: o dono do mapa pode ter uma iniciativa muito fraca, fraca, moderada, forte ou muito forte.

Esta quantificação dos temas elimina a análise feita somente sobre os pontos mais fortes do mapa em detrimento dos mais fracos que são, muitas vezes, contrários a eles.

É preciso deixar claro que apenas a quantificação dos temas, tomada de forma isolada, não é exatamente Inteligência Artificial, mas sim o que se vai criar a partir daí. Na Inteligência Artificial há sempre uma busca para a resolução de um problema, e para isto utilizam-se algoritmos, como o de busca heurística. Na Astrologia Vocacional, pode-se utilizar a Inteligência Artificial para obter melhores resultados, relacionando-se certos temas do mapa natal com os temas específicos de cada profissão, na busca da melhor profissão para o dono do mapa.

Mas a Inteligência Artificial não pára por aí, pois a análise pode utilizar mais de um tema ao mesmo tempo, com opções lógicas “e” e “ou” para, por exemplo, decidir qual candidato tem o perfil mais correto para um cargo que está sendo disputado, mostrar em que temas um relacionamento entre pessoas pode ser harmônico ou desarmônico, ou ainda analisar um período de tempo, utilizando conjuntamente trânsitos, progressões e revoluções para um mesmo tema.

NOTA DO EDITOR:

Na época em que escreveu este artigo - início de 1999 - o autor já vinha desenvolvendo há mais de dois anos um projeto para servir de base para a Inteligência Artificial aplicada à Astrologia. Tratava-se de um programa que permitiria criar o banco de dados inicial para ser utilizado em futuras análises. O projeto acabou interrompido por falta de tempo e recursos. Floriano Possamai desenvolveu o Canopus por mais alguns anos, sendo que a versão mais recente do produto, disponível no mercado, é o Canopus Astrologia 2003.

O conceito de inteligência artificial é amplo e sujeito a múltiplas interpretações, muitas vezes conflitantes entre si. Na definição da Wikipedia em português, encontramos:

A inteligência artificial (IA) é uma área de pesquisa da ciência da computação dedicada a buscar métodos ou dispositivos computacionais que possuam ou simulem a capacidade humana de resolver problemas, pensar ou, de forma ampla, ser inteligente.

O desenvolvimento da área começou logo após a Segunda Guerra Mundial, com o artigo "Computing Machinery and Intelligence" do matemático inglês Alan Turing, e o próprio nome foi cunhado em 1956. (...)

A construção de máquinas inteligentes interessam a humanidade há muito tempo, havendo na história um registro significante de autômatos mecânicos (reais) e personagens míticos, como Frankenstein, que demonstram um sentimento ambíguo do homem, composto de fascínio e de medo, em relação à Inteligência Artificial.

Apenas recentemente, com o surgimento do computador moderno, é que a inteligência artificial ganhou meios e massa crítica para se estabelecer como ciência integral, com problemáticas e metodologias próprias. Desde então, seu desenvolvimento tem extrapolado os clássicos programas de xadrez ou de conversão e envolvido áreas como visão computacional, análise e síntese da voz, lógica difusa, redes neurais artificiais e muitas outras.

Em Astrologia, é comum confundir-se a produção de relatórios informatizados com um verdadeiro trabalho de inteligência artificial. Contudo, o conceito não pode ser aplicado, porque o que os programas de relatórios fazem é, na maioria das vezes, apenas estocar em banco de dados descrições padronizadas associadas a cada um dos fatores críticos do mapa. Assim, se o programa de cálculo detecta que a pessoa tem Sol em Virgem, Lua em Capricórnio e uma quadratura entre Marte e Vênus, automaticamente recupera do banco de dados as definições correspondentes, listando-as em forma de texto mas sem conseguir reproduzir o trabalho mais complexo do astrólogo: a síntese de todos esses fatores isolados numa interpretação integrada.

Mesmo com essa ressalva, é importante observar que os avanços nesta área são constantes, e que alguns aplicativos já são capazes de executar tarefas que vão além do simples cálculo e da recuperação de textos padronizados. É o caso, por exemplo, de programas que vasculham gigantescos bancos de dados para encontrar mapas que apresentem características comuns, o que representa um poderoso auxílio para o trabalho do astrólogo voltado para pesquisa. Entre os softwares que avançam nessa linha estão o AstroDatabank (astrodatabank.com) e o Jigsaw, desenvolvido pela mesma empresa que produz o conhecido Solar Fire (alabe.com).

Saiba mais sobre Floriano Caldeira Possamai.

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