Despertando o empresário
que há em cada astrólogo
José Antonio Pinotti levantou um tema de interesse
para todos os futuros profissionais ao propor um modelo de "Planejamento
da Carreira do Astrólogo". Fez uma palestra prática,
tentando demonstrar a viabilidade da profissão. Considerando
ser esta uma atividade aquariana, seria possível entender
o padrão habitual de atuação do astrólogo
colocando Aquário no Ascendente e Peixes na casa 2. Do lado
positivo, Peixes seria empatia, flexibilidade, mas com capacidade
de colocar limites. Seria intuição, mas sem excesso
de delírios. Do lado negativo, seria desorganização,
dificuldade em determinar honorários e cobrá-los,
envolvimento excessivo com o cliente. Para Pinotti, o astrólogo
precisa entender todas as regras do que é ser um profissional
liberal. Sem esta percepção de que tudo depende de
sua própria iniciativa, nunca será um astrólogo
bem sucedido.
José Antonio Pinotti,
de São Paulo, espantou a platéia ao propor que
astrólogos contratem assessores de imprensa para cuidar
de sua imagem. |
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O planejamento de carreira é uma ferramenta
bastante conhecida no ambiente das grandes corporações.
Consiste em delinear uma seqüência lógica de metas
de carreira a alcançar e elaborar um programa estratégico
para a alavancagem dessas metas. Pinotti sugere que o mercado de
trabalho do astrólogo e tão amplo e tão cheio
de oportunidades quanto o de qualquer técnico especializado,
executivo ou empresário. Propõe que o astrólogo
dê atenção a detalhes de planejamento que normalmente
não são levados em conta, como a criação
de uma imagem junto à comunidade onde pretende atuar. "Astrólogo",
diz ele, "não pode ficar enfurnado em casa, pesquisando
em seu gabinete e distante da comunidade. Precisa circular, ser
visto, conhecido, precisa criar um vínculo de confiança
e de empatia com os potenciais clientes".
Isso significa, em outras palavras, um investimento
em marketing pessoal. Um dos momentos em que Pinotti enfrentou maior
incredulidade da platéia foi quando propôs que astrólogos
contratassem o serviço de uma assessoria de imprensa: "Custa
algo em torno de mil e quinhentos reais por mês, mas os resultados
aparecem logo sob a forma de mais negócios e mais receita.
O assessor pode ajudar na construção e fixação
de uma imagem profissional. O astrólogo precisa avaliar o
mercado e escolher o nicho onde vai atuar. Ele pode decidir fazer
mapas de crianças, ou aconselhamento de casais, ou consultoria
para investimentos na bolsa de valores, e cada escolha implica uma
estratégia diferente de inserção na comunidade."
Para Pinotti, muitos astrólogos inviabilizam sua sustentação
econômica ao optarem por uma estratégia errada de marketing
pessoal. Sob este ponto de vista, não faria o menor sentido,
por exemplo, que a astróloga que optou por trabalhar com
mapas infantis fosse ministrar palestras na bolsa de valores. O
melhor lugar para a divulgação do trabalho dela seria
o ambiente de creches e pré-escolas, apenas para citar um
exemplo.
Mais agitada ficou a platéia quando Pinotti
começou a desenhar cenários otimistas para o astrólogo-empresário
capaz de maximizar seu potencial mediante uma boa administração
da carreira. Quando o palestrante afirmou haver profissionais em
São Paulo com ganhos de vinte a trinta mil reais por mês,
levantou-se um murmúrio surdo da platéia que misturava
espanto, incredulidade e excitação. Mais tarde, as
opiniões se dividiam: "Isso não existe. Ele está
inventando. Eu ralo, ralo, ralo e nunca tiro mais de mil pratas
por mês", sentenciou uma astróloga carioca. "Vou
parar de atender em consultório e vou fazer consultoria empresarial",
sonhava animadamente a companheira mineira. Um estudante de tendência
mais esotérica manifestava indignação: "Astrologia
não foi feita para atender executivo da Av. Paulista. Isso
é astrologia de resultados. Nosso papel é despertar
consciências!"
Seja como for, a palestra de Pinotti mostrou que,
para boa parte da platéia, pensar a prática astrológica
com as ferramentas da gestão empresarial ainda soa como uma
espécie de heresia. Mesmo assim, deu água na boca
de muita gente.
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Abertura
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