Um evento eclético e no clima de tolerância
com todas as correntes teóricas que sempre caracterizou a
Astrologia no Rio de Janeiro. O resultado foi um pouco de tudo:
do mapa de Nietzsche ao câncer de mama, com ligeiro predomínio
dos enfoques de base comportamental.
O 4º Simpósio Nacional de Astrologia
do SINARJ, que teve lugar no Rio de Janeiro nos dias 17 e 18 de
agosto, mostrou que, mesmo sem muito esforço, a Astrologia
brasileira já entrou na era da biodiversidade. Com algumas
exceções, foi um evento com poucas propostas novas
- até porque o trígono Urano-Saturno, sob o qual aconteceu,
não costuma indicar um rompimento brusco com a tradição
- mas, por outro lado, comprovou com sobras que o país já
tem pesquisadores em todas as linhas conhecidas do saber astrológico
- e que todas elas contam com seu público específico.
A tônica deste evento foi exatamente a de não
ter uma tônica definida. Houve um pouco de tudo: abordagens
psicológicas (de pelo menos quatro linhas diferentes), pesquisas
com nodos e pontos médios, interfaces com saúde e
economia, explicações práticas de Astronomia,
de regras de Astrologia Clássica, previsões sobre
política internacional... variedade, enfim.
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No encerramento do simpósio,
Otávio Azevedo, ex-presidente do SINARJ e editor do jornal
Universus, diz que "astrólogo não pode mais
botar o rabo entre as pernas" quando sofrer preconceitos
e discriminações da imprensa e da comunidade acadêmica.
Da esquerda para a direita, Antonio Carlos Harres, atual presidente
da SARJ, Celisa Beranger, presidente do SINARJ, Otávio
e Maria Eugênia de Castro, fundadora da SARJ. O grande
mérito do evento foi reafirmar a importância do
Rio de Janeiro como centro mais cosmopolita da Astrologia nacional.
Como assinalou Eduardo Maia, diretor da Academia Castor e Polux,
de Pernambuco, "o Rio tem uma tradição de
tolerância e de acolhimento em relação a
astrólogos de todas as tendências e de todas as
partes do país". |
A variedade parece começar nas próprias
especificidades regionais. Durante o simpósio, Constelar
conversou com diversos grupos de participantes e flagrou uma acalorada
discussão sobre a possível existência de "um
estilo paulista" e um "estilo carioca" de fazer Astrologia.
Segundo os debatedores, talvez não haja exatamente
uma diferença no estilo de fazer, mas certamente existe no
estilo de expor. Mesmo que não percebam, astrólogos
paulistas e cariocas foram desenvolvendo aos poucos um jeito diferenciado
de organizar e apresentar seu pensamento - aí incluídos,
por extensão, astrólogos nascidos em toda parte, mas
que escolheram São Paulo ou Rio de Janeiro para viver.
Para resumir: astrólogos paulistas seriam
mais "cartesianos". Apresentam um tema e mantêm-se
dentro dos limites que estabeleceram. Conduzem a palestra a uma
conclusão que pode ser racionalmente deduzida dos argumentos
apresentados. Preocupam-se com clareza e lógica. Astrólogos
do Rio divagam mais, apelam mais para a imaginação
da platéia, às vezes andam em círculos e nem
sempre levam a palestra a uma conclusão - até porque
nem sempre o objetivo é provar alguma coisa, mas sim provocar
ou estimular a reflexão. São menos professorais e
mais afetivos. Mas - como opinou uma animada brasiliense - isso
não significa que um estilo seja melhor ou pior: no entender
dela, "entre a frieza racional do Maurício Bernis e
a exuberância dramática da Martha Pires Ferreira, o
melhor mesmo é ficar com os dois!"
Mas intrigados mesmos ficaram os que encheram o salão
maior para assistir Antonio Carlos "Bola" Harres. Começa
a palestra e Bola vai para o fundo da sala. Diante da platéia,
apenas imagens do retroprojetor. Dar a palestra na penumbra e pelas
costas da platéia foi um recurso que Bola encontrou de exemplificar
a questão do eixo Leão-Aquário. Ao romper com
o tradicional papel leonino do expositor (o que se coloca no palco,
sob o brilho das luzes), Bola pôs a platéia para pensar...
e provocou alguns torcicolos.
A seguir, eis o resumo do que a equipe de Constelar
conseguiu assistir.
[Participaram desta cobertura
Carlos Hollanda, Vanessa Tuleski, João Acuio e Fernando Fernandes.
As fotos das partes 1 a 3 e a de Valdenir Benedetti, na parte 4,
foram cedidas pelo SINARJ. As demais fotos da parte 4 são
de Anne Heloise. Algumas fotos sofreram estilização
para melhor rendimento gráfico.]
Uma
pesquisa inédita
Um dos destaques do simpósio foi uma comunicação
rápida e objetiva da astróloga paulista Lydia
Vainer (em foto estilizada), que apresentou os dados de uma
pesquisa com uma centena de mulheres portadores de câncer
da mama. Segundo Lydia, existe clara correlação
estatística entre o câncer da mama e algumas
configurações da carta natal, com destaque para
Lua unida a Vênus por um aspecto tenso. Lua e Vênus
são planetas estruturadores da identidade feminina
e, quando tensionados, expressam frustrações
e medos que tendem a ser somatizados sob a forma de doença.
O câncer de mama atinge, aliás, uma região
do corpo anatômica e funcionalmente regida pela Lua.
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Despertando o empresário
que há em cada astrólogo
Capitalismo, terrorismo e riscos de guerra
Freud, Nietzsche, Dalai Lama e liberdade
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