A volta do aquariano Axl Rose

A terceira sensação do festival - e com certeza aquela aguardada com mais ansiedade pela massa de adolescentes - foi o show do Guns N' Roses, ou melhor, de Axl Rose e seus novos acompanhantes, já que, da formação original, apenas Axl ainda permanece. Os Guns foram um sucesso estrondoso no final dos anos oitenta, fazendo um som pesado que servia de base para a voz rascante de Axl. A presença dos Guns no palco sugeria erotismo, agressão, drogas, tudo que poderia assustar os pais de um adolescente. O público jovem os adorava, enquanto pais e professores consideravam-nos "perigosos". Era a repetição do que já ocorrera com os Rolling Stones vinte anos antes ("Tranquem suas filhas em casa... os Stones estão na cidade!").

Em 1991, os Guns N' Roses estiveram no Rock in Rio 2 e levantaram a platéia. O Maracanã inteiro enfeitou-se com bandanas decoradas com caveirinhas e pistolas. Nos anos seguintes, a banda se dissolveu, após intermináveis brigas internas, e Axl refugiou-se em sua mansão, entre crises de depressão, de síndrome do pânico e de mergulhos nas drogas. Sua vinda ao Rock in Rio 3, com uma banda inteiramente renovada, despertava a curiosidade dos fãs e jornalistas. O show começou às 2h da madrugada do dia 15 de janeiro (horário de verão), após um atraso de mais de uma hora. Milhares de adolescentes com as indefectíveis bandanas aglomeravam-se em expectativa no que restava do gramado da Cidade do Rock: Axl Rose, aos 39 anos, ainda seria o mesmo?

Axl apareceu com alguns quilos a mais e o corpo inchado, fruto do desgaste prematuro provocado pelos excessos de álcool. Entre uma música e outra fazia longas pausas, numa estratégia para recuperar o fôlego. Apesar de tudo, seu show foi rock de primeira, e terminou com um discurso agradecido a um público que não deixou de apoiá-lo por um minuto sequer.

Mapa interno: início do show do Guns N' Roses no Rock in Rio 3 - 15.1.2001, 2h00 HV, Rio de Janeiro; externo: carta solar de Axl Rose - 6.2.1962, Lafayette, Indiana, 40n25, 86w52 - horário não conhecido.

Observando o mapa solar de Axl (6 de fevereiro de 1962, Lafayette, Indiana), é impressionante o stellium de seis planetas em Aquário, quatro deles (Mercúrio, Sol, Vênus e Júpiter) recebendo a quadratura de Netuno em Escorpião. Para completar, a Lua em Peixes forma oposição a Plutão em Virgem. Poucas pessoas nascidas no século XX apresentam um mapa tão concentrado. Axl veio à luz apenas um dia depois da reunião dos sete planetas clássicos em Aquário, um acontecimento que não se repete todo dia. Tais concentrações planetárias enfatizam e focalizam as características do signo em que ocorrem, tornando seus portadores indivíduos capazes de expressá-las com grande intensidade. Neste sentido, Axl é um superaquariano. Entretanto, Netuno ganha uma dimensão especial em função das quatro quadraturas que forma.

É este Netuno que responde pelo carisma e magnetismo que Axl realmente tem, mas explica também a fraqueza pelo álcool e pelas drogas. Tudo isso e mais a Lua em Peixes em oposição a Plutão resultam no complexo de mártir/vítima que o líder do Guns N' Roses carrega (foi estuprado pelo padastro e cresceu carente e rejeitado). É um mapa com componentes fortemente autodestrutivos, o que pôde ser confirmado no dia seguinte ao show, quando, segundo os jornais, Axl gastou a fortuna de 1.700 reais em bebidas no bar da piscina do hotel (o Sol em conjunção com Júpiter na carta natal é um indicador de excessos).

Mesmo gorducho e fisicamente acabado, Axl tem uma conjunção quase exata Vênus-Júpiter que o torna irresistível para as adolescentes. Sua "ressurreição" para o sucesso explica-se pelo trânsito de Urano sobre o Sol natal (é um aspecto de "sair da toca"). Além disso, Marte, o regente do mapa do início do show dos Guns, estava exatamente sobre o Netuno natal de Axl, energizando ainda mais a personalidade carismática do cantor. No mapa do show, os planetas mais angulares são Saturno no Descendente e Mercúrio no Fundo do Céu. O Descendente é um significador de platéias (a casa 7 é a casa das "outras pessoas" - o público), e a presença de Saturno ali poderia sugerir uma recepção fria ou mesmo excessivamente crítica. Por outro lado, sugere também fidelidade, honestidade e disposição de manter vínculos existentes. A platéia parece ter reconhecido o esforço de Axl para voltar à velha forma e recompensou-o com um crédito de confiança. Além do mais, Saturno é a pulsação básica do rock, e a velha cadência que embala o mundo desde 1954 estava no palco, corporificada no Guns N' Roses. Já o Mercúrio angular responde pela tagarelice. Axel não apenas falou, mas falou aos borbotões, fazendo o discurso mais longo e mais emotivo do Rock in Rio.

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