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ASTROLOGIA E PSICOLOGIA JUNGUIANA
A crise dos 40

Tereza Kawall
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Ciclo de Plutão (quadratura)

A chave para se compreender a natureza dos ciclos plutonianos é perceber que eles se manifestam sempre em termos de opostos, trazendo experiências de alegria e dor, luz e escuridão, ampliando a consciência e nos tornando mais completos.

Na mitologia grega, Hades ou Plutão era o soberano das profundezas da terra. Em analogia simbólica ele é o senhor do nosso inconsciente profundo: lá moram as memórias da infância, complexos emocionais, instintos básicos, medos ou frustrações. Estão lá também as nossas "riquezas" e talentos desperdiçados, potenciais de vida ainda não desenvolvidos, traços positivos da nossa personalidade que, como pedras preciosas, precisam ser lapidadas.

O ciclo de Plutão tem como função e propósito a eliminação ou a morte de tudo o que está velho e estagnado e é tóxico dentro da psique e do corpo. É como um vulcão dentro de nós, que entra em erupção, lançando para fora tudo o que estava inconsciente, soterrado ou reprimido pela ação do tempo e do esquecimento.

Esse processo pode ocorrer de diferentes formas: é muito perceptível em questões de saúde, quando tumores, toxinas ou abcessos acumulados vêm à superfície para limpar o organismo.

Também em questões de relacionamento íntimos encontramos a efervescência plutoniana. Podemos viver perdas ou separações de pessoas muito próximas que "acordam" em nós sentimentos bestiais de raiva, destrutividade e vingança aterradores. Nossos complexos emocionais ficam desnudados e nossas defesas caem: ficamos impotentes e desamparados.

Ouvimos na inspiradíssima música do poeta baiano:

... Se eu quiser falar com Deus
Tenho que comer o pão que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho, tenho que me achar medonho
E apesar do mal tamanho alegrar meu coração.

[GIL, Gilberto, na canção feita em 1980 Se eu quiser falar com Deus, em Todas as Letras, ed. Companhia das Letras.]

No mito grego, Hades rapta Perséfone e arrasta-a consigo para baixo da terra. Em trânsito é como se ele nos puxasse para dentro do inconsciente, é um "puxão regressivo da depressão, da apatia, da perda de energia vital, que as tribos da África chamam da perda da alma", observa a astróloga Liz Greene.

São comuns, nestes casos, os sonhos em que aparecem o porão, o poço, a floresta escura, túneis, as águas escuras, dragões, figuras opressivas, incêndios e até a própria morte.

PLUTÃO

O planeta Plutão foi descoberto em 1930, quando se obteve pela primeira vez a liberação da energia da matéria através da fissão nuclear. Este fato coincidiu com a ascensão do Terceiro Reich na Alemanha e com a eclosão de governos autoritários e guerras em toda a Europa. O final da Segunda Grande Guerra deu-se sob o terror e o impacto da explosão da bomba atômica em 1945, cujo poder de destruição até então era desconhecido.

Na mitologia, Plutão (Hades) era o guardião dos mundos subterrâneos, onde moravam as almas e os mortos. Era o seu poder que propiciava a germinação e o desenvolvimento das sementes embaixo da terra, tendo sido cultuado na Grécia antiga como um deus da fertilidade. Numa definição essencial, diríamos que esse planeta representa o poder em diferentes formas: poder da regeneração, da coragem, da cura, da sexualidade, do potencial invisível da natureza. É o planeta ligado aos mistérios da magia, da energia atômica, da psique coletiva. Plutão representa o arquétipo do incessante ciclo de morte e renascimento, criação e destruição, presente em todas as formas da natureza. Presenciamos isto todo o tempo no eterno recolher e desabrochar da natureza, nos ciclos das quatro estações do ano.

Todos estes fatos históricos falam de uma relação ou de um reciprocidade entre a alma universal e a alma humana. Jung chamou este processo de "constelação de imagens arquetípicas latentes".

Em termos psicológicos, as constelações no céu são onde os arquétipos do inconsciente coletivo aparecem em projeção, de tal forma que, em contraste aos mitos, contos de fada e outras elaborações do arquétipo, sua qualidade de tempo também é levada em consideração. O arquétipo está constelado e se torna um poder realizador tendo efeitos reais, somente quando uma atitude específica da consciência prevalece. [vide JUNG, Carl Gustav. Arquétipos e o Inconsciente Coletivo, Volume IX, ed. Vozes.]

Luz no fim do túnel


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