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ASTROLOGIA E PSICOLOGIA JUNGUIANA
A crise dos 40

Tereza Kawall
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Ciclo de Netuno (quadratura)

Netuno é o planeta dos sonhos, dos sentidos psíquicos, da música, das drogas, ou de tudo aquilo que fabrique um estado alterado de consciência, permitindo mais sensibilidade e um desligamento da realidade concreta. Ele é o princípio da ausência da forma, o radar para contatar-se com o mundo invisível, representa o impulso para a transcendência.

O planeta Netuno pede-nos, em trânsito, uma dissolução do nosso ego e, assim, vai lentamente minando e apagando nossas barreiras e os limites entre nós e os outros. Essas fronteiras vão-se desafazendo, dando lugar a novas impressões ou sensações que antes estavam adormecidas no inconsciente e que agora emergem para a consciência. São freqüentes nessa fase os sonhos com o mar, água em movimento, formas indefinidas e mensagens ambíguas.

Ou seja, aquilo que antes estava projetado de uma forma definida ou rígida - seja um trabalho, um ideal ou um ponto de vista de valor, tudo parece perder a sua forma original ou importância.

Confusos acerca do que realmente somos, não mais saberemos o que queremos da vida. A derrota do ego é uma experiência humilhante. À medida que Netuno vá realizando trânsitos importantes em nossa carta, freqüentemente nos descobriremos em situações nas quais não queremos estar, mas acerca das quais nada podemos fazer. Podemos ficar bravos com Deus, por deixar-nos em tais problemas, ou podemos orar, pedindo a sua ajuda. [SASPORTAS, Howard. Os Deuses da Mudança, ed. Siciliano.]

É desnecessário dizer que a segurança e mesmo a autoconfiança serão eliminadas da vida psíquica por algum tempo. A dúvida e a confusão internas são incômodas e têm um efeito paralisante na vida das pessoas. Algumas sentem como se estivessem passando por uma estrada sem sinalização, com neblina ao final da tarde. "Só sei que nada sei" é a tônica da crise netuniana.

A sensação de perda de controle é real; há uma força desconhecida atuando sorrateiramente: nosso mundo mágico cheio de ilusões começa a ruir, a discrepância entre os sonhos e a realidade fica cada vez mais visível, há um quê de trapaça no ar. Naufrágio à vista: aquilo que nos dava um noção de identidade, tanto no nível pessoal, afetivo ou profissional, vai submergindo nos mares de Netuno. O que fazer? A resposta é: nada!

Há um período em que se está à mercê da vida e ela nos pede um sacrifício, um abandono, uma entrega, pois não há uma atitude certa. Ao desistir da procura cria-se na psique um novo espaço e, a partir daí, a possibilidade de aparecer algo que nos ajude a sair do impasse, na hora certa.

Segundo Alexander Lowen,

lutar contra o destino só emaranha ainda mais profundamente a pessoa em seus meandros. Como um animal apanhado numa rede, quanto mais se debate a fera, mais apertado é o laço que a amarra. Não temos escapatória quando lutamos contra nós mesmos. Muitas pessoas querem mudar, mas isto tem que começar pela auto-aceitação. A vida não é estática; está constantemente evoluindo ou involuindo. Não é preciso fazermos nada para crescer. O crescimento acontece natural e espontaneamente quando a energia está disponível. [LOWEN, Alexander. Medo da Vida, Summus Editorial.]

Abandonar-se ou render-se a uma situação é muito difícil, em especial para a mente tagarela e competitiva do homem moderno. Mas essa é a grande aventura, o grande desafio dos trânsitos de Netuno: deixar acontecer, deixar-se levar, ter e sentir fé no desconhecido. Observar as imagens internas, aquietar a mente, contemplar a natureza, trabalhar com a terra, nadar, dançar ou pintar, tudo pode ajudar nesse processo de decantação do inconsciente.

Netuno em trânsito sensibiliza e refina os sentimentos básicos das pessoas e seu senso de valor. No plano transpessoal, ele é a sabedoria da alma humana que emana do divino através do amor, da compaixão, da generosidade e da serenidade, trazendo a bem-aventurança.

Visão renascentista de Netuno, deus das águas.

NETUNO

Netuno foi descoberto em 1846; por essa ocasião, foram introduzidas na Europa as primeiras experiências com a hipnose no tratamento da histeria, a descoberta dos analgésicos. Assistimos também o início das pesquisas que exploravam o inconsciente humano, a linguagem dos sonhos, e que deram início aos primeiros postulados da chamada psicologia profunda. Houve a fundação da Sociedade Teosófica na Europa, e um crescente interesses por filosofias e religiões orientais como o budismo, o hinduísmo e o espiritualismo em geral.

Na Astrologia, Netuno representa a inspiração, os ideais místicos, o inconsciente, a sensibilidade psíquica e a compaixão; a capacidade de imaginar é tipicamente netuniana.

Netuno era o deus dos mares (Poseidon) na mitologia grega; os oceanos também representam as águas do inconsciente, que abrigam as emoções profundas, o grande útero da Mãe Natureza, de onde emerge toda a vida.

Ciclo de Plutão (quadratura)


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