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Ciclo de Urano (oposição) No sentido psicológico, Urano traz uma grande inquietação, um tônus de alta eletricidade, que acelera o ritmo da vida, empurrando a pessoa para o novo. Esse trânsito aparece sob a forma de explosões de idéias, insights, projetos, que vão subverter e quebrar padrões condicionantes. É como um processo de oxigenação no mundo mental, que tonifica o espírito, obrigando a pessoa a desamarrar-se de si mesma; há um poderoso desejo de liberdade. Num primeiro momento, esse ciclo tem um efeito desintegrador, e a vida parece estar do avesso. Os primeiros sintomas são: ideais do passado perdem o sentido; os amigos falam um língua incompreensível; o trabalho torna-se sinônimo de resignação. Por vezes, até o casamento, que antes era um invólucro protetor, passa a ser visto como uma prisão de obrigações sem fim. Urano de fato, nos torna mais lúcidos e inquietos; os questionamentos explodem: "Onde foram parar a magia das antigas paixões e das descobertas?" "Anos de trabalho e dedicação só para isso?" "Minha vida é um tédio, chega de segurança!" Frustrações, amores da juventude e sonhos não realizados vêm ao nosso encontro, pedindo atenção. Não querem justificativas, querem espaço e experiências reais. O alarme toca: atenção, você vai crescer! Observa-se, próximo aos 40 anos, uma crescente mudança de interesses ou um "deslocamento de propósitos". Muitos homens voltam-se para um lado mais feminino da sua natureza, dando mais importância aos sentimentos, às relações íntimas ou à própria família. Tornam-se mais receptivos, necessitando de um maior contato com a sua subjetividade, seu mundo interior. Os interesses sociais e profissionais e o sucesso já não os satisfazem como antes; evidentemente essa percepção causa um certo desconforto. Por outro lado, nessa idade, a mulher, a "âncora invisível do lar", cuja identidade estava, muitas vezes, projetada só na função materna e familiar, provendo e educando, começa a buscar um movimento contrário ao do homem. Precisa extroverter os seus interesses, ir para o mundo, buscar lá fora outros referenciais, uma nova identidade. Não é o peso dos 20 anos de casamento que torna as pessoas infelizes, mas sobretudo entrar na meia-idade numa cultura de culto à juventude com a falsa expectativa de que os papéis e regras, os sonhos e os ideais que podem ter servido para a primeira metade da vida serão levados para a segunda. Não serão, nem podem ser. A segunda metade da vida deve ter o seu próprio significado. De outra forma, será pouco mais do que uma mirrada e patética imitação da primeira). [SHEEHY. Passagens, ed. Francisco Alves.]
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