O núcleo de sofrimento e o mapa astrológico

CONSTELAR - E vocês, como chegaram à Astrologia?

ANA TERESA - Eu era uma médica recém-formada e estava meio perdida quanto ao rumo que deveria tomar. Aí resolvi experimentar uma consulta astrológica e saí impressionada. A partir daquele papel cheio de desenhos de símbolos, a astróloga conseguia fazer um diagnóstico correto da minha crise, tocar em pontos realmente significativos. Decidi que um dia ia estudar aquilo. Em 90 entrei num curso de Astrologia com a Beatriz Werneck, a Biá, e na mesma época também entrei na especialização em Homeopatia. Fui percebendo que uma coisa tinha muito a ver com a outra.

ROSEANE - Ao contrário da Ana e do Jaime, não sou astróloga, mas apenas uma médica que usa o recurso da Astrologia para auxiliar no diagnóstico e no tratamento. Não vejo a Astrologia como substituta dos recursos médicos diagnósticos. O mapa não vai me dizer se o paciente está com hepatite B ou diabetes mellitus, mas vai indicar o núcleo de sofrimento daquele ser humano, ajudando a entender por que ele desenvolveu um quadro patológico.

CONSTELAR - E o que você chama de núcleo de sofrimento?

ROSEANE - É uma expressão utilizada por determinadas correntes homeopáticas para identificar aquilo que representaria o âmago do problema do indivíduo. Este núcleo comporta uma série de fatores em interação, e o fator mental sempre estará presente.

ANA TERESA - A linha unicista na Homeopatia, que foi a que estudei, parte do princípio de que todo indivíduo tem seu sofrimento básico, sua psora, que é uma forma particular de adoecer. Filosoficamente, a psora seria a quebra, a ruptura com o equilíbrio perfeito, provocada por uma atitude existencial pouco saudável: a insegurança, a rejeição, a percepção da injustiça, a falta de amor ou de conhecimento... A Astrologia permite verificar como esses temas vão-se repetindo no mapa, vai apontando um caminho que passa pela identificação do tema que atravessa toda a história de vida de um indivíduo. É nesse sentido que ela ajuda a Homeopatia.

CONSTELAR - Como assim?

ROSEANE - Imagine uma mãe que está sempre preocupada com seu filho adolescente e que não dorme enquanto o filho não chega em casa. Todos os dias ela imagina situações negativas, como o filho sendo drogado, assaltado e coisas piores. Depois de algum tempo, essa mãe vai passar a sentir palpitações, insônia e depressão, gerando um quadro patológico crônico. Com o tempo, aparecerão complicações secundárias, que podem ir desde edemas nas pernas a crises de herpes ou distúrbios hormonais. Se ela for ao médico, vai desfilar uma série de queixas aparentemente desconectadas. Um médico convencional iria receitar-lhe, por exemplo, um antidepressivo ou drogas hormonais - ou uma pomada anti-herpética, se ela estiver no meio de uma crise. Mas não vai chegar ao essencial, que é aquilo que provocou todo aquele conjunto de sintomas. O problema dessa mãe é preocupação excessiva devido à insegurança. Então, o que tem que ser tratado é a insegurança.

Roseane Debatin: "O mapa vai indicar o núcleo de sofrimento daquele ser humano."

CONSTELAR - E onde entra a Astrologia nisso aí?

ROSEANE - A maioria dos pacientes se conhece mal. Não é capaz de relacionar sintomas físicos com seu próprio quadro emocional. Sempre considera a doença como algo que vem de fora. O médico tem todo um trabalho de investigação para chegar na raiz do problema, e o mapa astrológico encurta esse caminho, permitindo identificar mais depressa o núcleo de sofrimento.

CONSTELAR - Então, você vai usar o mapa não para entender o corpo, mas, digamos, a alma do paciente. É isso?

ROSEANE - Pode-se dizer que sim. Como disse, não sou uma médica-astróloga, como a Ana, que domina muito bem essa linguagem simbólica, mas uma médica que, quando preciso, trabalha em dupla com astrólogos. Minha experiência é essa, e já ajudou no tratamento de vários casos.

A Astrologia no diagnóstico homeopático

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