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Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 101 :: Novembro/2006 :: - |
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PRÁTICA PROFISSIONALQuanto vale uma consulta?
A percepção incorreta acerca do trabalho do astrólogo, ainda confundido com um "místico" ou um guru, leva muita gente a esperar que as consultas sejam oferecidas gratuitamente. Os bens materiais, significados por Touro, têm normalmente um valor estável e bem conhecido. Já os bens abstratos, entre os quais a consulta astrológica se insere, são regidos por Escorpião: seu valor é subjetivo e só passa a ser reconhecido quando atua com impacto transformador.
Trata-se de um comportamento que tem duas raízes básicas. A primeira está na fato de que boa parte do público entra em contato com a astrologia através de horóscopos de jornais e revistas. Nestes veículos, o conhecimento está disponível de forma aparentemente gratuita. O que o público esquece é que a revista ou o jornal paga o profissional. Assim, em uma coluna do tipo "tira-dúvidas", o profissional pode não estar recebendo do leitor, mas está sendo remunerado para fazer aquilo. Entretanto, as pessoas continuam a imaginar esta disponibilidade fora do contexto de um veículo de comunicação. A questão da sobrevivência do profissional não é recordada, e tampouco vêem o astrólogo como um profissional. Na percepção da maioria das pessoas, o astrólogo é um "místico", um sujeito que no mínimo "atrai o seu ganha-pão" ou algo parecido. É como se ele estivesse acima disso, e disponível para responder a todo tipo de pergunta, e seu tempo fosse infinito. Este viés de místico também ocorre porque, antes do surgimento da Psicologia, o aconselhamento era algo que se fazia basicamente no âmbito religioso. Quem fazia o papel de aconselhar era o padre, o pastor, o rabino. Porém, esses sacerdotes tinham uma fonte de sustento advinda das próprias doações dos fiéis. Assim, alimentados e com suas necessidades básicas garantidas, podiam prestar serviço à comunidade que os sustentava. De uma certa forma, é o que se espera dos astrólogos, com a diferença de que ninguém lembra de que não há nenhuma entidade que os sustente. Porém, espera-se que sejam bons e "ajudem as pessoas", respondendo a suas dúvidas gratuitamente. A profissão é vista como de "ajuda", mas não se questiona quem ou o que vai ajudar os astrólogos para que eles possam ajudar alguém, como aconteceria no modelo religioso. Há também um outro fator que influi para que
se espere que o astrólogo trabalhe gratuitamente. Em uma sociedade
de consumo, o bem tangível, material, tem mais valor do que o chamado
bem abstrato, que é a matéria-prima da astrologia, da psicologia
e de qualquer consultoria. Assim, em um primeiro momento, não se
valoriza a informação. Parece abstrata demais para valer
algo. Mas quando este conhecimento começa a "funcionar"
e a fazer diferença, aí ele pode começar a ganhar
valor, e muito. Bem abstrato e valor calculadoQuase sempre aquilo que chamamos de "bem abstrato" tem o valor calculado por fatores concretos e também subjetivos. Suponhamos que você se consulte com um psicólogo. Para ser psicólogo, ele precisa de um espaço físico para atendimento e de um ambiente adequado, e você paga por este espaço. Há também o fator tempo. Nós pagamos pelo tempo de um profissional. Nós também pagamos pelo fator experiência, competência, e tudo mais. Tudo isto está agregado a um valor abstrato, da mesma forma que objetos concretos também tem valores abstratos agregados. Por exemplo, o fato de um produto ser um lançamento pode fazê-lo custar mais caro por ser uma novidade que todo mundo quer. Se algo se torna um objeto de desejo é óbvio que isto influi no preço final, e não são apenas a matéria-prima e mão-de-obra que constituem o valor daquele objeto.
De qualquer maneira, em uma sociedade muito voltada para o consumo, objetos tendem, de um modo geral, a ser mais facilmente compreendidos do que aquilo que é abstrato. Até porque objetos podem ser trocados, cobiçados. Se eu comprar um celular e não gostar dele, eu o vendo. Mas se eu pagar uma consulta e não gostar, não há como recuperar. O valor se perdeu naquele momento. Talvez uma informação valiosa percebida mais tarde me faça reconsiderar o valor daquela experiência. O valor de algo abstrato, portanto, vai depender essencialmente do que você será capaz de fazer daquilo. Assim, por exemplo, eu posso, como astrólogo, psicólogo ou outro profissional que lide com bens abstratos, estar prestando um ótimo trabalho, mas se você não notá-lo, se você não fizer a sua parte, ele não fará sentido, diferentemente de algo material que já tem um valor socialmente apontado e conhecido por todos. O que é abstrato não pode ser visto por todos e compartilhado tão facilmente quanto o que é tangível. Seu valor passa necessariamente pela percepção pessoal. Podemos dizer que tudo o que é concreto pertence ao âmbito do signo de Touro, e tudo o que abstrato, ao do signo oposto, Escorpião. O que é abstrato só vai ter sentido na esfera íntima. Só eu posso dizer que se uma viagem foi maravilhosa ou não. E isto nem sempre acompanha o material. Posso ter acesso aos melhores hotéis, restaurantes, ter toda a assistência, mas, se eu não estiver bem, a viagem não será boa para mim. Da mesma forma que posso estar de mochila nas costas, com o dinheiro contado, e achar que a viagem está sendo ótima. Escorpião e o valor não concretoAquilo que é abstrato também pertence à esfera de Escorpião na medida em que nenhum outro signo é capaz de ver ou descobrir valor em algo que "ainda não tem valor", ou em algo cujo valor esteja ocultado por algum outro fator. A forma como Escorpião reconhece isto é através da emoção ou do impacto. Assim, por exemplo, se algo tem impacto sobre mim, passa a ter valor. Seria o caso de sessões de terapia ou mesmo de uma consulta astrológica (em que o produto é a informação). Escorpião também não se guia pelas aparências, o que não quer dizer que não as note e muito menos que tenha de desprezá-las. A questão é não se guiar, porque você só vai descobrir o valor verdadeiro de algo se puder ir além das aparências. Usando um exemplo banal, digamos que lhe seja servida uma fina refeição em um restaurante sofisticado, com um vinho com um rótulo reluzente. Provavelmente, isto significa que a comida seja boa, mas não necessariamente. Este "não necessariamente" é Escorpião quem diz. Escorpião está disposto a diminuir o valor externo daquilo que está inflacionado e aumentar o valor do que está diminuído. É Escorpião quem transforma. Feito isto, o assunto passará à esfera de Touro, que, como signo complementar a Escorpião, vai representar o "valor assimilado", estabilizado, reconhecido. Pois bem: o que a astrologia não tem é este valor reconhecido. Ela está mal posicionada, porque a maioria das pessoas desconhece o seu alcance, a forma como funciona e para que serve. Ela é valorizada por aquilo que não é, e não é valorizada pelo que é. E para que a astrologia seja valorizada é preciso tirar-lhe o turbante dourado, que nada tem a ver com ela, suas roupas cafonas, e repaginá-la como algo capaz de fornecer informações que ultrapassem o superficial e ajudem as pessoas a refletir a respeito de suas vidas. Para que a astrologia cresça como estudo (que é a sua essência), é preciso desfazer mitos e idéias errôneas. É preciso deixar de lado as respostas superficiais e tolas, como, por exemplo, as folclóricas e inúteis combinações de signos solares. Só assim a astrologia passará a ser reconhecida em seu valor subjetivo e os profissionais que a ela se dedicam serão vistos de uma nova forma. Outros textos de Vanessa Tuleski. |
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Atalhos de Constelar 93 - Março/2006 | Voltar à capa desta edição |Kátia Lins - Astrologia e contemporaneidade
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