Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 149 :: Novembro/2010 :: - |
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ASTROLOGIA E COMPORTAMENTOVênus, Urano e o Amor
A mitologiaO Urano primitivo, o nascimento de Vênus e o casamento com HefestoNo princípio havia somente o Caos, personificação do Nada, daquilo que existia antes da criação. O Caos gerou Gaia, e essa, sem cópula, gerou Urano. Gaia e Urano formaram o primeiro casal da mitologia grega, e deram origem a diversos filhos, dentre eles os Titãs. Gaia era a terra, seu ventre, o próprio Tártaro, e Urano, seu esposo e filho, o Céu. Urano detestava suas criações, e ao mesmo tempo não conseguia deixar de criar mais e mais filhos, todos odiados por ele. Seu ódio era tamanho que ele exigiu que todos permanecessem trancadas no ventre de Gaia, o Tártaro, causando a ela imensa dor e plantando nela a semente do ódio e da vingança. Gaia então forjou uma foice especial com a qual iria castrar Urano, mas ela mesma não teria forças para tal feito, e implorou a todos os seus filhos que lhe ajudassem em seu plano. O único que atendeu ao pedido de Gaia foi Cronos (o Saturno romano). Munido da foice de Gaia, Saturno decepou a genitália do seu pai. O sangue originado da castração foi derramado sobre a terra, e deu origem a terríveis criaturas, dentre as quais a temível Medusa. O sêmem e os testículos caíram no oceano, gerando a espuma branca das ondas de onde surgiu Afrodite (a Vênus romana), personificação do Amor, imediatamente carregada por Zéfiro (a personificação do Vento) para Chipre, onde seu culto passou a ter centro. Nascida da conjunção das águas oceânicas com o sêmen do macho primordial (Urano), Afrodite é a primeira dentre as deusas do Olimpo, tendo vindo antes mesmo de Zeus e seus irmãos. É necessário, entretanto, levar em conta o fato de que este não é o único mito a tratar do nascimento de Afrodite, e que, na verdade, existiam dois cultos distintos dedicados a “diferentes Afrodites” na Grécia antiga, mas este é o mito primeiro que se apresenta. Uma outra versão aponta que Afrodite teria nascido da união entre Dione (filha de Urano com Tálassa) e Zeus. Afrodite, a mais bela das imortais, causava muita comoção entre os deuses e despertava inveja entre as outras deusas. Punida por tramas da inveja, teve de se casar com Hefesto, o industrioso deus da Forja, a personificação que os gregos antigos deram para a tecnologia. Hefesto, que dominava o ferro e o fogo, construiu para si mesmo um palácio feito totalmente de bronze (metal de Afrodite) onde vários servos mecânicos que ele mesmo criou serviam ao casal. Hefesto não era belo (era coxo e seu rosto causava ojeriza em sua mãe Hera e estranheza em todos), mas mesmo assim ele e Afrodite se amavam imensamente. Mas o imenso amor não impedia que a deusa do amor volta e meia quisesse pular a cerca, principalmente com Ares (Marte) e com outros muitos deuses e mortais. Hefesto não possui um equivalente astrológico exato, mas pode ser associado ao signo de Aquário, e principalmente com Urano. Essa aproximação é ainda mais possível se lembrarmos que Hefesto é tanto o inventor como a aberração do Olimpo. Sendo senhor do fogo, podemos, no que queremos defender, compará-lo a Urano, para nós um planeta essencialmente do Fogo. Alguns elementos astronômicosA singular rotação dos planetas Vênus e Urano e o interessante encontro entre o grande ciclo de Vênus e o ciclo de Urano.Urano e seu brilho verde-azulado. Algumas características astronômicas podem servir para que aproximemos ainda mais estes dois símbolos no plano astrológico. Por exemplo, existe um fenômeno que ocorre somente com Vênus e com Urano: ambos possuem rotação retrógrada, por conta de sua acentuada inclinação axial. Significa que, se estivéssemos em Vênus ou Urano, ao invés de ver o sol nascendo no leste e se pondo no oeste, veríamos o contrário! Não se sabe o que exatamente causou esta inclinação nos eixos desses dois planetas, ocorre é que no sistema solar somente eles giram dessa forma. Outra característica muito interessante é o paralelo que existe entre os ciclos de Vênus e o ciclo de Urano. Para se perceber isso é necessária uma análise do grande ciclo de Vênus e do grande ciclo de Urano ao longo de séculos. Primeiro vamos entender como funciona o ciclo de Vênus: Por estar muito próxima do Sol, mais próxima inclusive do que a própria Terra, uma translação de Vênus é um evento relativamente rápido, que se completa em apenas 240 dias. Mas quando observamos os movimentos de Vênus aqui da Terra, percebemos um ciclo maior, marcado pelas conjunções que este planeta faz periodicamente com o Sol. A cada 584 dias, vemos que Vênus, em movimento retrógrado, forma uma conjunção com o Sol, a chamada conjunção inferior. Daí que num espaço de 8 anos, aproximadamente, ocorrem 5 dessas conjunções inferiores em diferentes pontos do zodíaco, formando o desenho mostrado na seguinte animação: Vênus e a estrela de 5 pontas Este é o pentagrama, a estrela de 5 pontas. Após 5 conjunções ocorridas em pontos distintos (A, B, C , D, E) a sexta conjunção ocorrerá novamente no ponto A, mas com uma diferença: Ela ocorrerá a 2° de longitude (aproximadamente) da conjunção anterior. Se marcarmos todas as conjunções que ocorrem ao longo dos séculos, perceberemos que este pentagrama de Vênus move-se ciclicamente, em movimento retrógrado. Significa dizer, que o “braço” A deste pentagrama após exatos 256 anos, retrogradará até o “braço” B, de forma que após 256 anos, a conjunção inferior do Braço A ocorrerá praticamente na mesma longitude (com diferença de poucos minutos) onde ocorria a conjunção do Braço B. Por conta deste movimento, a cada exatos 251 anos veremos Vênus formando uma conjunção inferior com o Sol exatamente no mesmo grau. Pode observar nas efemérides: em 1759, a conjunção ocorre em 05° Escorpião, exatamente no mesmo ponto em que ocorreu a conjunção de 2010, no final de Outubro. O ciclo de Urano é bem mais lento do que o de Vênus. Ele leva 84 anos para dar uma volta completa em torno do Sol. Significa que ele formará uma conjunção com o Sol, no mesmo grau, uma vez a cada 84 anos! Porém, a cada ciclo de 84 anos essa conjunção ocorre um pouquinho à frente. Se a conjunção de agora ocorrer em 00°32’ Áries, a próxima, 84 anos depois, ocorrerá em 01°42 Áries. Ao longo do tempo vai havendo um reajuste nos ciclos de Urano, de forma que depois de 251 anos, as conjunções voltam a ocorrer praticamente nos mesmos pontos, com diferença de poucos minutos. Pode olhar as efemérides de 1759 e 2010: Urano estará passando praticamente pelos mesmos graus, com diferença de poucos minutos. Assim percebemos que a cada 251 anos, Vênus e Urano estão novamente nos mesmos locais - em relação ao Sol. Se vermos as posições heliocêntricas, elas são praticamente idênticas no que se refere a Vênus e Urano, a cada 251 anos. O AmorFica evidente que Vênus e Urano são totalmente diferentes, quase opostos. Mas percebemos também que os significados de ambos andam de maneira paralela nos dias de hoje, por mais diferentes que sejam. É impossível se vivenciar plenamente a sexualidade (atributo venusiano por direito e excelência) e o amor propriamente dito, sem ter conquistado uma verdadeira independência, uma quebra com os padrões familiares e a capacidade de assumir seus verdadeiros desejos e sua singularidade diante de todos. A arte (Vênus) não sobrevive sem a inovação, renovação e reinvenção constantes (Urano). Platão entendia o amor como dividido em três tipos distintos: O Amor Terreno ou Corporal, associado a Deusa Afrodite Pandemos, aquela originada da união carnal entre Zeus e Tálassa e que era o amor comum, o amor sexual, movido puramente pelo desejo carnal e que seria o amor das “pessoas comuns”; o Amor Celestial ou da alma, associado a Afrodite Uraniana, ou a Afrodite primordial, aquela mais antiga do que todos os outros deuses do Olimpo e que surgiu a partir da castração de Urano por Saturno. Esse seria o amor mais profundo e ao mesmo tempo intangível, que atuaria no nível das idéias essenciais e estaria associado a uma elevação e a uma busca por completude; Platão entendia ainda que existia um terceiro tipo de Amor que unia aspectos tanto do Amor Celestial quanto do Amor Terreno. Eros é o princípio associado ao Amor Físico, à relação corporal propriamente dita, enquanto Psique simboliza o amor em seu nível mais sentimental e profundo, a versão idealizada do amor. É a perfeita conjugação daquilo que entendemos como os símbolos básicos de Vênus e de Urano: o idealismo que move o amor como sentimento eterno e condicionado pelo fato de haver a completude entre duas almas. Não podemos qualificar o amor como atributo de apenas uma das partes, ou como uma coisa única, porque entendemos que ele funciona em diferentes níveis. Vênus e Urano seriam, portanto, as representações desses diferentes níveis, como princípios opostos e complementares que formariam o todo daquilo que entendemos como o Amor, mas chamamos também de amor alguns outros sentimentos além desses. Isso não significa que não podemos vivenciar os diferentes tipos de amor de forma distinta: quando sentimos desejo, pura e simplesmente estamos atuando no nível venusiano e vivemos uma Paixão; quando amamos e admiramos o outro mas não o desejamos voluptuosamente estamos atuando em nível uraniano e vivemos uma Amizade, o amor ideal; o amor verdadeiro afinal é o que consegue conjugar essas duas forças: Vênus e Urano, Paixão e Amizade. O "amor" em nível netuniano não é um amor verdadeiro, e os gregos tinham uma palavra para este tipo de sentimento: philia, que é a vontade de se doar e proteger acima de qualquer tipo de desejo ou interesse. Pode ser despertado por diversos motivos, sendo o protótipo do "amor cristão", que é amar e ajudar o próximo sem esperar absolutamente nada em troca dele. Existe também o amor em nível lunar: este é materno, é o sentimento instintivo de cuidado e carinho e que sem dúvida não compartilha da natureza nem de Vênus nem de Urano. Existe ainda Saturno, que não rege exatamente um tipo de amor, mas que está associado à solidez do sentimento, ao compromisso; nele haveria o grande complemento, a fonte que daria estabilidade necessária ao amor. Isso é tanto verdade que na, disposição de dois dos signos de Ar, encontramos: Libra, regida por Vênus, mas também local de exaltação de Saturno, e Aquário, domicílio de Saturno, e signo ao qual associamos Urano. Esses dois signos formam um trígono, com Libra simbolizando o amor formal (casamento) e Aquário simbolizando a amizade. Pra finalizar esse artigo, queremos ressaltar que o objetivo aqui foi apresentar Vênus e Urano como entidades opostas que são, mas regendo, no final das contas - e em conjunto, aquilo que entendemos como Amor, aquilo pelo que estamos e estaremos eternamente em busca. Não há amor pleno onde exista apenas atração (Vênus) bem como não há amor quando também não há complemento das duas individualidades em nível mental e espiritual, isto é, quando não há a amizade. O desafio é reunir as duas coisas em uma só, em um único individuo. E esse alvo não é alcançado somente através de uma caçada incessante, mas pela maneira de ser vênus-uraniana. Nós atrairemos o Amor ou nos sentiremos atraídos por ele (Vênus) quando menos esperarmos (Urano). Mais informação sobre Elias Mendes. |
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