Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 129 :: Março/2009 :: - |
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JOÃO DO RIOO mapa do mais carioca dos cariocas
João do Rio foi um dos maiores cronistas do Brasil. Fundou jornais e revistas; fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais; foi o primeiro autor brasileiro a descrever os “candomblés” e o primeiro a tomar posse na Academia Brasileira de Letras usando o fardão. Fez a primeira descrição de uma favela e inspirou o primeiro concurso carnavalesco. Mais carioca, impossível. Paulo Barreto, ou João do Rio, um dos mais talentosos intelectuais do Rio de Janeiro no início do século XX. Em 1904, com Plutão transitando o signo de Gêmeos, um jovem jornalista causou sensação com uma série de artigos, denominada “As Religiões no Rio”, que desvendou faces ocultas da cidade. É do relacionamento desta obra específica, seu jovem autor, e a cidade do Rio de Janeiro que trata esse estudo. 1 - A Cidade de São Sebastião do Rio de JaneiroRio de Janeiro, Fundação - 01.03.1565 São Sebastião do Rio de Janeiro é um nome de cidade que imediatamente remete o Astrólogo ao simbolismo da quadratura Sagitário/Peixes: São Sebastião é um mártir, que se recusou, em nome de sua fé, a cultuar um imperador estrangeiro (romano). Condenado à morte por flechadas, por milagre não morre e se torna um pregador. O mapa da fundação da cidade do Rio de Janeiro traz uma grande quadratura envolvendo Sol, Mercúrio, Plutão e Lua em Peixes; Urano e Nodo Lunar Norte em Sagitário; e Netuno e Nodo Lunar Sul em Gêmeos. Por essas e outras tensões é que o Rio de Janeiro tem sido cantado em imagens tão contraditórias: "cidade maravilhosa", "purgatório da beleza e do caos", que "continua lindo", com "os punhos cerrados na vida real". E foi João do Rio quem primeiro captou o fato de que no Rio de Janeiro se cultua "A arte de viver da fé, só não se sabe fé em quê": "(...) a cidade pulula de religiões. Basta parar em qualquer esquina, interrogar. A diversidade dos cultos espantar-vos-á. São swendeborgeanos, pagãos literários, fisiólatras, defensores de dogmas exóticos, autores de reformas da Vida, reveladores do Futuro, amantes do Diabo, bebedores de sangue, descendentes da rainha de Sabá, judeus, cismáticos, espíritas, babalaôs de Lagos, mulheres que respeitam o oceano, todos os cultos, todas as crenças, todas as forças do Susto. (...) Quem poderá perceber, ao conversar com estas criaturas, a luta fratricida por causa da interpretação da Bíblia, a luta que faz mil religiões à espera de Jesus, cuja reaparição está marcada para qualquer destes dias, e à espera do Anti-Cristo, que talvez ande por aí? (...) Eles vão por aí, papas, profetas, crentes e reveladores, orgulhosos cada um do seu culto, o único que é a Verdade." A Av. Central no início do século XX: cenário para o "dândi" João do Rio. 2 – Paulo Barreto (João do Rio)Paulo Barreto, 05.08.1881, Rio de Janeiro. Carta solar calculado para o meio-dia. João Paulo Emilio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (Paulo Barreto) escreveu sob vários pseudônimos, dentre eles o de João do Rio. Nasceu em 5 de agosto de 1881, no Rio de Janeiro. Trabalhou em vários jornais, publicou vários livros, e foi muito popular. Tentou seguir a carreira diplomática mas foi “desaconselhado” por ser mulato e homossexual. Em 7 de maio de 1910 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, na terceira tentativa, tomando posse em 12 de agosto de 1910, às 8:30 da noite. O Nodo Lunar Norte estava exatamente sobre o Júpiter de João do Rio e o Ascendente da hora fazia trígono ao seu Mercúrio. Morreu em 23 de junho de 1921, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte enquanto estava num táxi. Sentindo-se mal, pediu ao motorista que lhe trouxesse um copo de água, o que não deixa de ter certa poesia, pois Mercúrio (regente natural dos motoristas) era seu único planeta no elemento Água. Seu enterro foi acompanhado por uma verdadeira multidão (existe uma foto exposta no Museu da República). Não havia cartório no Rio de Janeiro em 1881, as pessoas eram registradas em igrejas. Com um pai positivista, é possível que Paulo Barreto tenha sido registrado na Igreja Positivista, que infelizmente ignorou meu pedido de consulta a seus arquivos. Na Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde estão arquivados registros dessa época, não localizaram (pelo menos não para mim) o de Paulo Barreto. Então, resta-me apenas supor um Ascendente Touro, com Júpiter e Plutão na 1 e Mercúrio na 3. A caricatura de 1904 feita por K. Lixto Cordeiro lembra uma expressão possível a quem tem Plutão na 1, e a caricatura de J. Carlos, de 1910, lembra um Touro bufando. Mas o “touro” está em movimento. Independente do signo ascendente, é importante sublinhar o quanto Mercúrio foi um planeta importante para Paulo Barreto: “Escrevo por fatalidade. Como um homem é assassino ou herói ou desgraçado.” [Prefácio a O Bebê de Tarlatana Rosa]. O Mercúrio de João (24º Câncer), em trígono ao do Rio (26º Peixes) se colocou a serviço da cidade, construindo uma ponte entre universos urbanos coexistentes que, antes dele, se ignoravam. Esse Mercúrio define alguém que escrevia sobre o que lhe era familiar e lhe tocava a emoção (Câncer), com sofisticação e ampla cultura (Sextil Júpiter) e uma curiosidade investigativa que não temeu enfrentar temas e locais inamistosos (sextil com Plutão) como o açougue onde João do Rio entrevistou um satanista. Dispositora de Mercúrio, sua Lua em Sagitário está em recepção com Júpiter (regência/exaltação) e talvez por isso João do Rio tenha sempre produzido, a partir do que lhe estava próximo, um algo além, um texto que nos convida a refletir não só sobre hábitos locais e cotidianos mas sobre a condição humana. Paulo Barreto foi um dos maiores cronistas do Brasil e um carioca atuante que se envolveu em questões políticas e culturais da cidade. Fundou jornais e revistas; fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais; foi o primeiro autor brasileiro a descrever os “candomblés”, cujo valor antropológico foi reconhecido em 20/05/1907 pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; foi a primeira pessoa a tomar posse na ABL usando o fardão, que acabava de ser instituído; fez a primeira descrição de uma favela; e foi graças às suas reportagens sobre cordões carnavalescos que a Gazeta de Notícias realizou o primeiro concurso carnavalesco (“Festa dos Cordões”), do qual foi um dos três primeiros juízes. Mais carioca, impossível. Em crônica de 21/8/2006, Desconstruindo o Rio, Joaquim Ferreira dos Santos destaca sua importância: (...) João do Rio circulava pelas esquinas, batia perna como quem não quer nada e como devia ser direito de todos. Depois, quando ainda mal existia o jornalismo, (...) eis que João deixava a calçada e subia para a redação. Misturava aquilo tudo que tinha visto numa coisa meio crônica, meio reportagem, combinava ficção com entrevista e instaurava a imprensa moderna nesse fim de mundo". O Pseudônimo João do Rio nasceu em 26 de novembro de 1903, numa crônica da Gazeta de Notícias sobre as preferências literárias do leitor carioca. Criatura prolixa, ele tem Sol, Mercúrio e Urano em Sagitário e Júpiter está em Peixes, conjunto ao stellium em Peixes do Rio de Janeiro e em quadratura aos Nodos Lunares da cidade e do próprio Paulo Barreto. Seu Sol se opõe ao Marte em Gêmeos de Paulo Barreto, e é interessante notar que é principalmente através desse pseudônimo sagitariano que ele escreve reportagens em série, como as preferências literárias da cidade, as religiões e as festas populares. 3 - Os artigos “Religiões no Rio”Primeiro artigo Religiões no Rio, 22/02/1904, calculado para 6 a.m., O primeiro artigo sobre Religiões no Rio foi publicado na Gazeta de Notícias em 22/02/1904 com a seguinte chamada na primeira página: "Começamos hoje uma série de artigos de informações curiosas sobre as religiões no Rio". No céu do dia, Mercúrio conjunto a Saturno em quadratura à Lua marcavam o tom crítico aos hábitos da cidade. E uma quadratura de Urano à conjunção Marte-Júpiter-Nodo Lunar Sul, em Peixes, faz pensar que João do Rio deve ter causado um certo escândalo ao trazer à luz aquelas práticas religiosas. Nos artigos o autor relata seu percurso por diversos templos da cidade. Ele visitou o que chamou de "sacerdotisas do Futuro", dentre elas, uma astróloga: "(...) . A Rosa (...) é um assombro de observação. Esse exemplar único de astrologia conhece mesmo algumas práticas antigas. (...)", escreveu sobre satanistas e maronitas, e os até então pouco conhecidos "candomblés". João do Rio é considerado o primeiro autor brasileiro a escrever sobre religiões afro. Contatos entre João do Rio, os artigos Religiões no Rio, a cidade e o Brasil Vemos no eixo Leão-Aquário o Sol de João do Rio, o Saturno (oposto a Vênus-Marte) do Rio de Janeiro; e a conjunção Vênus-Nodo Sul do Brasil sendo tocados pela conjunção Saturno-Mercúrio do dia do lançamento do primeiro artigo. Os artigos apontavam não só as tensões cariocas, mas os valores sociais vigentes então no Brasil. Ao mesmo tempo, eles traziam à tona várias das diferentes faces do “caldo” cultural brasileiro, composto por práticas oriundas de outras culturas que aqui foram “digeridas”, e, pelo menos no Rio de Janeiro, fundidas. |
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