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A RETIFICAÇÃO DO MAPA DA PRIMEIRA MISSA

A fundação de São Paulo de Piratininga

Henrique G. Wiederspahn

Com base em avançadas técnicas de retificação, que consideram mais de 90 eventos na história da cidade, este estudo propõe que o verdadeiro Ascendente de São Paulo não é Aquário, e sim Áries. Direções, eclipses e arcos solares testemunham o horário exato em que os jesuítas deram vida à maior cidade do Hemisfério Sul.

Pátio do Colégio, São PauloIntrodução

Objetivos:

Encontrar a hora correta da fundação da cidade de São Paulo, que corresponde ao horário da 1ª Missa, oficiada pelos jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, em 25/01/1554. Corroborar ou não os horários já encontrados para este mesmo evento.

Roteiro de Trabalho:

  • Pesquisa e avaliação dos antecedentes históricos que levaram à fundação da Vila de Piratininga com a finalidade de obter um intervalo de tempo válido para a hora da 1ª Missa.

  • Pesquisa e compilação de dados históricos da cidade de São Paulo, para realizar o ajuste da hora da 1ª Missa.

  • Cálculo da hora ajustada.

  • Teste da hora ajustada obtida, por meio de Trânsitos e Eclipses.

  • Tópicos interpretativos do Tema Astrológico da 1ª Missa.

É consenso que o horário da 1ª Missa oficiada pelos jesuítas seja aquele que deva ser tomado para o "nascimento" da cidade de São Paulo. Entretanto, não existe consenso em que horário de fato aconteceu. Há divergências a este respeito e que serão abordadas no desenvolvimento deste trabalho.

São Paulo carta solar

Mapa Solar para a 1ª Missa, em 25/01/1554

O mapa comumente adotado para o nascimento da cidade foi ajustado por meio de Direções Secundárias, Revoluções Solares e Lunares por um colegiado de luminares presidido pelo astrólogo pioneiro Antonio Facciolo e alguns eminentes colegas, dentre eles Waldyr Bonadei Fücher. O horário assim obtido para a fundação é 06:45, com o Ascendente em 28º de Aquário. Não tive acesso aos elementos históricos utilizados, também não sei qual o número de referências empregadas para este ajuste.

Outros estudos chegam a horários diferentes para a fundação da cidade de São Paulo. Os que pude avaliar pecam pela pequena quantidade de eventos utilizados para o ajuste de hora. Observei ainda que alguns desses trabalhos se utilizam dos Trânsitos, inadequados para este tipo de cálculo, servindo apenas de controle do horário obtido por outros métodos astrológicos.

Também, há uma tendência em considerar que a 1ª Missa tenha sido realizada logo cedo pela manhã, o que não é um consenso histórico.

Tendo em vista as questões acima, é que resolvi empreender essa tarefa de encontrar a hora de um evento ocorrido há mais de quatro séculos e para os quais existem poucos registros históricos.

Antecedentes históricos

Avenida PaulistaAs referências a São Paulo aparecem na documentação jesuítica no tocante ao relato da fundação do Colégio de Piratininga, dedicado ao Apóstolo Paulo; considerando a salubridade, a beleza e as facilidades apostólicas do Planalto de Piratininga; descrevendo a casa e o prédio da escola e do colégio e também os seus moradores; explicando e justificando a mudança de São Vicente para o Planalto, de boa parte dos jesuítas e de seus alunos; comentando a catequese realizada por todos, especialmente pelo irmão José de Anchieta e destacando as dificuldades encontradas na ação evangelizadora.

Aos jesuítas que aqui chegaram como empreendedores da tarefa a eles confiada por Inácio de Loyola, interessava mostrar aos seus superiores na Europa e às autoridades portuguesas, na Metrópole e no Brasil, que existia uma nova missão em andamento, que se manifestava na fundação de casas da Companhia de Jesus e que teriam características específicas, sendo umas residências de padres e outras colégios, ou seja, casas de formação, com suas peculiaridades, além de outras obras.

Em São Vicente, o chefe da Missão Jesuíta no Brasil encontrou os irmãos que ele já havia destinado para lá, exceto o Pe. Leonardo Nunes, que ainda não havia chegado da tarefa que Tomé de Sousa lhe havia confiado (resgatar algumas senhoras espanholas que haviam se perdido durante a viagem ao Rio dos Patos). O Pe. Nunes pode ser considerado o agente precursor da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga. Dentre as suas primeiras ações na capitania de São Vicente, ao saber que havia cristãos sem assistência religiosa no Planalto acima, após trabalhar um pouco na Vila, subiu para dar atenção aos isolados.

Aqui me disseram que no campo, 14 ou 15 léguas d'aqui, entre os Índios, estava alguma gente christã derramada e passava-se o anno sem ouvirem missa e sem se confessarem e andavam em uma vida de selvagens. Vendo isto, determinei de ir por lá, tanto por dar remédio a estes Christãos, como por me ver com esses Gentios, os quaes estão mais apartados dos Christãos que todas as outras capitanias. Levei commigo duas línguas, as melhores das terras, as quaes, depois, se determinaram de servir a Deus em tudo o que eu lhes mandasse, e eu o aceitei assi pela necessidade como por elles serem mui aptos para isso e de grande respeito, principalmente um delles, chamado Pero Corrêa1.

A preocupação apostólica do Pe. Nunes reuniu os dispersos. Confessou-os e celebrou para eles aquela que foi a primeira missa no planalto, no Campo de Piratininga2. Para facilitar o contato com os indígenas, levou Pero Corrêa e Manuel Chaves, grandes conhecedores da língua tupi. Os cristãos do planalto, seguindo a orientação do jesuíta, escolheram o terreno para a igreja e em volta dela se agruparam. Desse acampamento originou-se a Vila de Santo André, elevada a essa condição por Tomé de Souza em 1552.

José de Anchieta chegou ao Brasil em 1553. Leonardo Nunes contou com a colaboração de outros homens: Diogo Jácome (apelidado pelos índios de Abaré-bebe, padre voador, pelos seus rápidos deslocamentos entre grandes distâncias), João Ramalho (excomungado), Bartira (mãe dos filhos de João Ramalho) e do cacique Tibiriçá.

Manoel da Nóbrega já estava no continente (sediado em Salvador, já havia visitado inúmeras outras vilas), sendo nomeado primeiro provincial do Brasil por Inácio de Loyola. Em São Vicente, deparou-se com o trabalho de Leonardo Nunes com os órfãos. Mas sua grande expectativa surgiu quando soube da existência do campo além da grande muralha verde que separava o litoral do sertão. Desejoso de ter um espaço livre da interferência colonizadora, vislumbrou a oportunidade e o local apropriado para separar os índios dos interesses dos colonos.

Subiu ao planalto pela primeira vez em agosto de 1553, ficando impressionado com o lugar e animado por encontrar várias famílias cujos filhos estudavam no litoral. Decidiu então transferir a escola para lá. Apesar de respeitar e admirar Tomé de Sousa, jamais aceitou a sua proibição de penetrarem no sertão adentro, como demonstrado nas cartas ao Pe. Simão Rodrigues e ao Pe. Gonçalves Câmara. Ele desejava "fazer uma casa e nela recolher os filhos dos gentios e fazer ajuntar muitos Índios em uma grande cidade, fazendo-os viver conforme a razão"3.

No dia 29 de agosto de 1553, Nóbrega celebrou a eucaristia, dia em que fez 50 catecúmenos na aldeia criada por sua iniciativa com a junção de outras três. Estiveram presentes João Ramalho, Bartira e seus filhos, Tibiriçá, além de outros habitantes remanescentes ou descendentes dos que viveram na Vila de Piratininga, fundada por Martim Afonso em 1532 e que não prosperou. Aí estava a aldeia precursora da São Paulo de Piratininga.

Essa celebração, entretanto, não pode ser considerada a primeira do planalto. Com toda certeza, o Pe. Leonardo Nunes já celebrara outras missas na região, principalmente em Santo André da Borda do Campo e também sertão adentro.

Cinco meses depois, foi celebrada a missa de fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga. Constelar Astrologia :: A fundação de São Paulo de Piratininga - Introdução

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Pátio do Colégio, São PauloIntrodução

Objetivos:

Encontrar a hora correta da fundação da cidade de São Paulo, que corresponde ao horário da 1ª Missa, oficiada pelos jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, em 25/01/1554. Corroborar ou não os horários já encontrados para este mesmo evento.

Roteiro de Trabalho:

  • Pesquisa e avaliação dos antecedentes históricos que levaram à fundação da Vila de Piratininga com a finalidade de obter um intervalo de tempo válido para a hora da 1ª Missa.

  • Pesquisa e compilação de dados históricos da cidade de São Paulo, para realizar o ajuste da hora da 1ª Missa.

  • Cálculo da hora ajustada.

  • Teste da hora ajustada obtida, por meio de Trânsitos e Eclipses.

  • Tópicos interpretativos do Tema Astrológico da 1ª Missa.

É consenso que o horário da 1ª Missa oficiada pelos jesuítas seja aquele que deva ser tomado para o "nascimento" da cidade de São Paulo. Entretanto, não existe consenso em que horário de fato aconteceu. Há divergências a este respeito e que serão abordadas no desenvolvimento deste trabalho.

São Paulo carta solar

Mapa Solar para a 1ª Missa, em 25/01/1554

O mapa comumente adotado para o nascimento da cidade foi ajustado por meio de Direções Secundárias, Revoluções Solares e Lunares por um colegiado de luminares presidido pelo astrólogo pioneiro Antonio Facciolo e alguns eminentes colegas, dentre eles Waldyr Bonadei Fücher. O horário assim obtido para a fundação é 06:45, com o Ascendente em 28º de Aquário. Não tive acesso aos elementos históricos utilizados, também não sei qual o número de referências empregadas para este ajuste.

Outros estudos chegam a horários diferentes para a fundação da cidade de São Paulo. Os que pude avaliar pecam pela pequena quantidade de eventos utilizados para o ajuste de hora. Observei ainda que alguns desses trabalhos se utilizam dos Trânsitos, inadequados para este tipo de cálculo, servindo apenas de controle do horário obtido por outros métodos astrológicos.

Também, há uma tendência em considerar que a 1ª Missa tenha sido realizada logo cedo pela manhã, o que não é um consenso histórico.

Tendo em vista as questões acima, é que resolvi empreender essa tarefa de encontrar a hora de um evento ocorrido há mais de quatro séculos e para os quais existem poucos registros históricos.

Antecedentes históricos

Avenida PaulistaAs referências a São Paulo aparecem na documentação jesuítica no tocante ao relato da fundação do Colégio de Piratininga, dedicado ao Apóstolo Paulo; considerando a salubridade, a beleza e as facilidades apostólicas do Planalto de Piratininga; descrevendo a casa e o prédio da escola e do colégio e também os seus moradores; explicando e justificando a mudança de São Vicente para o Planalto, de boa parte dos jesuítas e de seus alunos; comentando a catequese realizada por todos, especialmente pelo irmão José de Anchieta e destacando as dificuldades encontradas na ação evangelizadora.

Aos jesuítas que aqui chegaram como empreendedores da tarefa a eles confiada por Inácio de Loyola, interessava mostrar aos seus superiores na Europa e às autoridades portuguesas, na Metrópole e no Brasil, que existia uma nova missão em andamento, que se manifestava na fundação de casas da Companhia de Jesus e que teriam características específicas, sendo umas residências de padres e outras colégios, ou seja, casas de formação, com suas peculiaridades, além de outras obras.

Em São Vicente, o chefe da Missão Jesuíta no Brasil encontrou os irmãos que ele já havia destinado para lá, exceto o Pe. Leonardo Nunes, que ainda não havia chegado da tarefa que Tomé de Sousa lhe havia confiado (resgatar algumas senhoras espanholas que haviam se perdido durante a viagem ao Rio dos Patos). O Pe. Nunes pode ser considerado o agente precursor da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga. Dentre as suas primeiras ações na capitania de São Vicente, ao saber que havia cristãos sem assistência religiosa no Planalto acima, após trabalhar um pouco na Vila, subiu para dar atenção aos isolados.

Aqui me disseram que no campo, 14 ou 15 léguas d'aqui, entre os Índios, estava alguma gente christã derramada e passava-se o anno sem ouvirem missa e sem se confessarem e andavam em uma vida de selvagens. Vendo isto, determinei de ir por lá, tanto por dar remédio a estes Christãos, como por me ver com esses Gentios, os quaes estão mais apartados dos Christãos que todas as outras capitanias. Levei commigo duas línguas, as melhores das terras, as quaes, depois, se determinaram de servir a Deus em tudo o que eu lhes mandasse, e eu o aceitei assi pela necessidade como por elles serem mui aptos para isso e de grande respeito, principalmente um delles, chamado Pero Corrêa1.

A preocupação apostólica do Pe. Nunes reuniu os dispersos. Confessou-os e celebrou para eles aquela que foi a primeira missa no planalto, no Campo de Piratininga2. Para facilitar o contato com os indígenas, levou Pero Corrêa e Manuel Chaves, grandes conhecedores da língua tupi. Os cristãos do planalto, seguindo a orientação do jesuíta, escolheram o terreno para a igreja e em volta dela se agruparam. Desse acampamento originou-se a Vila de Santo André, elevada a essa condição por Tomé de Souza em 1552.

José de Anchieta chegou ao Brasil em 1553. Leonardo Nunes contou com a colaboração de outros homens: Diogo Jácome (apelidado pelos índios de Abaré-bebe, padre voador, pelos seus rápidos deslocamentos entre grandes distâncias), João Ramalho (excomungado), Bartira (mãe dos filhos de João Ramalho) e do cacique Tibiriçá.

Manoel da Nóbrega já estava no continente (sediado em Salvador, já havia visitado inúmeras outras vilas), sendo nomeado primeiro provincial do Brasil por Inácio de Loyola. Em São Vicente, deparou-se com o trabalho de Leonardo Nunes com os órfãos. Mas sua grande expectativa surgiu quando soube da existência do campo além da grande muralha verde que separava o litoral do sertão. Desejoso de ter um espaço livre da interferência colonizadora, vislumbrou a oportunidade e o local apropriado para separar os índios dos interesses dos colonos.

Subiu ao planalto pela primeira vez em agosto de 1553, ficando impressionado com o lugar e animado por encontrar várias famílias cujos filhos estudavam no litoral. Decidiu então transferir a escola para lá. Apesar de respeitar e admirar Tomé de Sousa, jamais aceitou a sua proibição de penetrarem no sertão adentro, como demonstrado nas cartas ao Pe. Simão Rodrigues e ao Pe. Gonçalves Câmara. Ele desejava "fazer uma casa e nela recolher os filhos dos gentios e fazer ajuntar muitos Índios em uma grande cidade, fazendo-os viver conforme a razão"3.

No dia 29 de agosto de 1553, Nóbrega celebrou a eucaristia, dia em que fez 50 catecúmenos na aldeia criada por sua iniciativa com a junção de outras três. Estiveram presentes João Ramalho, Bartira e seus filhos, Tibiriçá, além de outros habitantes remanescentes ou descendentes dos que viveram na Vila de Piratininga, fundada por Martim Afonso em 1532 e que não prosperou. Aí estava a aldeia precursora da São Paulo de Piratininga.

Essa celebração, entretanto, não pode ser considerada a primeira do planalto. Com toda certeza, o Pe. Leonardo Nunes já celebrara outras missas na região, principalmente em Santo André da Borda do Campo e também sertão adentro.

Cinco meses depois, foi celebrada a missa de fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga.

A 1ª missa do colégio de Piratininga

Por isso, alguns dos irmãos mandados para esta aldeia no ano do senhor de 1554, chegamos a ela a 25 de janeiro e celebramos a primeira missa numa casa pobrezinha e muito pequena no dia da conversão de São Paulo, e por isso dedicamos ao mesmo esta casa1.

A carta acima pode ser considerada a certidão da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, nos relata como foi o ato, oferecendo-nos as seguintes informações:

  • Local: era a aldeia de onde Anchieta escreveu, Piratininga.

  • Data: 25 de janeiro de 1554.

  • Como: pela celebração de uma missa.

  • Quem: alguns jesuítas "mandados" pelo superior provincial, Pe. Manuel da Nóbrega.

  • Cerimônia presidida pelo superior local, Pe. Manuel de Paiva.

  • Presentes: Tibiriçá, João Ramalho, Bartira, os jesuítas membros da nova comunidade, entre eles, José de Anchieta, muitos índios e colonos.

Foi celebrada ao ar livre, já que a casa construída por Tibiriçá, a pedido de Nóbrega, era muito pequena, como descreveu Anchieta na carta quadrimestre a Santo Inácio.

Fundação de São Paulo, por Oscar Pereira da Silva, acervo Museu Paulista

Fundação de São Paulo (tela de Oscar Pereira da Silva, acervo do Museu Paulista)

Resumo e conclusões iniciais

Tendo em vista as indicações anteriores, podemos concluir:

Os relatos (cartas) dos jesuítas, responsáveis pela catequese e educação dos cristãos e dos gentios, são a documentação existente sobre os primórdios da fundação da cidade de São Paulo, ocorrida por meio da 1ª Missa neste sítio.

Piratininga era o nome dado ao Planalto Paulista. Quando Martim Afonso de Souza empreendeu a colonização de São Vicente, já encontrou João Ramalho casado com Bartira, filha do cacique Tibiriçá, chefe dos Guaianases, que havia chegado à região entre 1500 e 1510.

Fundada São Vicente, Martim Afonso de Souza transpôs a Serra para oficializar o povoado do Santo André da Borda do Campo. Nomeou então João Ramalho Capitão Mor dos Campos de Piratininga.

Decorridos cerca do vinte anos, Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil, visitou São Vicente, acompanhado do Pe. Manoel da Nóbrega, primeiro provincial da Companhia do Jesus no Brasil.

Nóbrega subiu ao planalto pela primeira vez em agosto de 1553, ficando impressionado com o lugar e animado por encontrar várias famílias cujos filhos estudavam no litoral. Decidiu então transferir a escola para lá, desrespeitando a proibição de Tomé de Souza de penetrar o sertão adentro.

Segundo o relato de Anchieta, em carta a Inácio de Loyola, alguns irmãos chegaram na aldeia onde rezariam a 1ª Missa em 25 de janeiro de 1554, vindos muito provavelmente de Santo André da Borda do Campo. A 1ª Missa foi celebrada pelo Pe. Manuel de Paiva, ao ar livre, já que a edificação construída por Tibiriçá a pedido do Pe. Manuel da Nóbrega era muito pequena.

E, segundo Tito Lívio Ferreira:

Os jesuítas chefiados por Manoel da Nóbrega vão diretamente à casa de João Ramalho, em Santo André da Borda do Campo, onde pernoitam. No dia seguinte, ao romper da madrugada, tomam o caminho de Piratininga, onde chegam manhã alta. Padre Nóbrega designa o Padre Manoel de Paiva para celebrante da missa de 25 de janeiro de 1554, no alto do Inhapuambuçu. Serve-lhe de acólito o irmão José de Anchieta. Padre Paiva eleva o cálice do sacrifício. Anchieta retine a campainha cujo eco se perde no silêncio do terreiro. E Manoel da Nóbrega, com os olhos no céu, pede as bençãos de Deus para o Real Colégio Nascente2.

A distância entre Santo André e São Paulo é de cerca de 22 quilômetros. Para uma tropa comum, composta de pessoas e jumentos, é percorrida num intervalo cerca de 5 a 6 horas (considerando uma marcha de 3 a 4 km/hora). Considerando-se a rotina dos padres jesuítas e que a região era frequentemente atacada pelos índios Carijós, é muito provável que tenham partido pouco antes do amanhecer, que se deu às 05:46.

Como não deve ter ocorrido muito tempo entre a chegada dos jesuítas e o início da 1ª Missa, podemos supor que o horário para este início esteja entre 10:00 e 12:00 horas.

NOTAS:

1 Anchieta, Carta Quadrimestre de maio a setembro, dirigida a Santo Inácio de Loyola, escrita em São Paulo de Piratininga, 1º de Setembro de 1554, in Cartas.

2 Ferreira, Tito Lívio, História de São Paulo, Gráfica Biblos, s/data. pág. 41.

1 Leonardo Nunes, Carta aos Padres e Irmãos de Coimbra, São Vicente, novembro de 1550, in Cartas Jesuíticas, Vol. II, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 1931.

2 Ibid.

3 Cf. Nóbrega, Carta ao Pe. Luís Gonçalves Câmara, São Vicente, 15 de junho de 1553, in Cartas do Brasil.

Relação de eventos importantes na história de São Paulo



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