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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 109 :: Julho/2007 :: -

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ASTROLOGIA E A ARTE DO SABER INDICIÁRIO

A análise do ciclo de Marte

Carlos Hollanda

O caso de Leonardo Di Caprio

De tudo isso decorre o segundo objetivo deste trabalho. Ele consiste em demonstrar, através dos trânsitos planetários de Marte e de suas relações angulares (aspectos) com os pontos do mapa astrológico radical, que apesar das concepções contemporâneas acerca do universo, das relações sociais, da noção de tempo histórico (linear) e da relativização entre expressões culturais, cada uma daquelas relações é sincrônica a circunstâncias que podem ser descritas em essência, embora não literalmente ou de forma idêntica a um fato concreto (perceptível, sensível). O evento concreto ou a circunstância vivida, por sua vez, estaria no escopo das manifestações catalogadas a respeito do trânsito, mesmo não tendo sido descrito literalmente . Esta descrição é feita pelo uso do sistema de correspondências ou analogias astrológicas. Igualmente, se dá na elaboração de um discurso interpretativo que tem compromisso com noções ou níveis diferentes de realidade [14] e devido a um sistema há muito em uso entre os astrólogos, que é o de "prever a partir do conhecido", isto é, da recorrência de ciclos e sinais já verificados, e da associação, por meio de semelhança de atributos simbólicos, a alguns conjuntos de possibilidades.

Tal mecanismo associativo sobrevém na combinação, que podemos chamar, provisoriamente, de "gramatical", entre a representação simbólica atribuída ao planeta transitante em questão (Marte) e os pontos (planetas etc.) "tocados" pelos ângulos (aspectos) que o referido planeta forma com os mesmos ao longo de sua trajetória, que equivale a pouco menos de dois anos terrestres. O mesmo processo de demonstração, por via de casos reais, pretende evidenciar o fato de que mesmo em se tratando de pessoas nascidas em locais diferentes e com crenças diferentes, o processo de correspondência pode ser verificado por qualquer pesquisador disposto a utilizar as premissas astrológicas segundo sua própria lógica. Em outras palavras, se o fizer, idealmente, com as ferramentas da astrologia, tal como o faria um pesquisador de botânica com seus estudos sobre a vegetação, entre outras áreas de seu interesse científico.

Fechando o triângulo desta análise, o terceiro objetivo é a proposta de um sistema de observação, catalogação e desenvolvimento de um olhar "não-petrificado", sem definições estáticas que sugerem o desejo por uma descrição de prognósticos de maneira mecânica, desconsiderando o leque de circunstâncias possíveis e não necessariamente exatas (como uma fórmula matemática), porém alusivas a um conjunto definido de padrões observáveis.

O modelo indicado a seguir é bastante simples, se pensarmos no intrincado complexo de relações existentes num mapa astrológico e nos diversos trânsitos planetários que indicariam um feixe de circunstâncias possíveis num período delimitado arbitrariamente pelo intérprete/analista. Usando um trânsito relativamente rápido como o do planeta Marte (rápido se o compararmos com os ciclos dos planetas de Júpiter a Plutão) é mais simples identificar alterações comportamentais e circunstanciais em curto espaço de tempo. Igualmente, a escolha de Marte e não de Mercúrio, Vênus ou qualquer outro fator que visto da Terra teria maior velocidade, reside em três motivos principais:

  1. Ele não é nem muito longo, nem tão efêmero quanto os de Mercúrio e Vênus, o que o torna suficientemente marcante sem que seja necessário aguardar um longo tempo para elaborarmos um parecer;
  2. A manifestação das características marciais num período costuma ser facilmente observável devido à forma direta e intensa com que a área da vida por ele tocada é afetada;
  3. Há anos este autor vem fazendo um estudo concentrado na questão da agressividade, da violência e outras formas de expressão catártica, manifestações que em grande parte podem ser associadas ao simbolismo de Marte [15]. Desse modo aqui se busca unir o elemento demonstrativo com o que se possui de experiência a respeito.

Foram utilizados mapas do banco de dados de clientes disponível no acervo do autor deste trabalho e também mapas de personalidades públicas, cujas circunstâncias de vida puderam ser rastreadas na Imprensa. Com o intuito de demonstrar as possibilidades do método de maneira resumida, foram selecionados dois desses mapas para apresentação no I Encontro Nacional de Astrologia da Universidade de Brasília. São eles: o do ator Leonardo Di Caprio (dados: 11/11/1974; 02:47h.; Los Angeles - Califórnia [16]) e o do primeiro-ministro britânico Tony Blair (dados: 06/05/53; 06:10h.; Edimburgo - Escócia [17]). Tal escolha também tem como motivo facilitar a verificação dos dados e das afirmações pelos demais pesquisadores, que poderão encontrar desde biografias resumidas na Internet até noticiário recente sobre acontecimentos envolvendo essas duas personalidades. Os gráficos dos trânsitos e períodos destacados para análise encontram-se nos anexos deste trabalho, juntamente com mais três dados e relatos pertinentes ao trânsito de Marte, como exemplo.

Leonardo Di Caprio, mapa radical - 11/11/1974; 02:47h.; Los Angeles - Califórnia

No caso de Leonardo Di Caprio a fase escolhida é referente à agressão que o ator sofreu na madrugada do dia 20 de junho de 2005 , sendo atacado com uma garrafa de cerveja que quase atingiu sua carótida. A ação fora perpetrada por uma jovem na saída de uma festa. Di Caprio levou 12 pontos no rosto, com o corte tendo alcançado parte do pescoço. Eram 04:00h., em Hollywood.

Di Caprio (carta interna) sofre agressão (planetas no círculo externo)

Notemos pelo gráfico que Marte em trânsito (círculo externo) sobre o mapa radical do ator (círculo interno) situava-se sobre a representação do Descendente, isto é, o horizonte a oeste do mapa de nascimento, o ponto oposto ao Ascendente. Ao mesmo tempo em que atingia aquele ponto, o planeta realizava ângulos de 180 graus com Plutão do mapa radical e com o próprio Ascendente. Além disso, apesar da órbita ainda distante entre os 5 graus de Áries (no zodíaco tropical) em que estava Marte e os 15 de Libra em que está sua Lua radical, tudo indica que a tensão representada pelo ângulo da oposição também já estivesse vigente. Afinal de contas o ato violento foi perpetrado por uma mulher, e a Lua, tradicionalmente é um fator associado ao feminino.

Plutão "aflito" pelo trânsito de Marte não raro coincide com períodos em que um bom número de pessoas realiza algo que faz com que elas vertam sangue ou passem por algum tipo de crise interna que represente, em nível psicológico, uma ruptura com a linearidade ou com noções de "normalidade". Podem ser verificados casos de cirurgias voluntárias ou não. Di Caprio precisou fazer uma involuntária, e o fez no rosto, parte do corpo associada astrologicamente ao Ascendente e à casa 1 do sistema de casas mundanas. O trânsito de Marte também é tradicionalmente associado a cortes e queimaduras, dependendo das circunstâncias.

Não há nenhuma possibilidade de dizer que aquilo que aconteceu com Di Caprio repetir-se-á de maneira idêntica com outra pessoa. Há quem passe por um trânsito como aquele sem sofrer incisão em parte alguma do corpo. Há quem sofra algo mais violento. No entanto, como mencionamos desde o início do artigo, as experiências marcadas por sinais como o deste trânsito de Marte giram em torno de um feixe de possibilidades compatíveis com aquilo que o planeta representa.

Todavia, o que é mais valioso nesta observação é que é bastante improvável que o ator estivesse "ciente" de que Marte estaria realizando esses aspectos tensos sobre seu mapa radical. Se fosse o contrário poder-se ia conjecturar que o fato de ele ter sido "avisado" desse potencial crítico o teria sugestionado a buscar exatamente uma situação drástica como aquela, como uma forma de justificar uma possível crença indiscriminada na indicação astrológica. Ele o faria, talvez, de maneira inconsciente.

Assim, pode-se demonstrar que a especificidade do trânsito do planeta e suas circunstâncias análogas independem de crença ou de estado psicológico sugestionável. Outra alegação contrária a esta proposta seria a de que a explicação daquele evento pela posição de Marte estaria sendo produzida posteriormente ao acontecido e que não constituiria um prognóstico verdadeiro. Se por um lado é válido dizer que a observação feita a posteriori apenas confirma o que já se sabe, por outro, é inválido dizer que ela não se justifica. Ela serve como demonstração de situações possíveis na época em que o mesmo aspecto ocorrer novamente. O que se quer aqui não é apresentar uma descrição exata, mas sim o leque restrito de possibilidades que um contato entre fatores de um mapa pode ter. Ademais, esta é, como vem sendo dito, apenas uma proposta de aplicação do método em estudos futuros para averiguação estatística.

O caso de Tony Blair



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