Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 102 :: Dezembro/2006 :: - |
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COMPORTAMENTOGêmeos e o Império da Lógica
Pessoas com ênfase em Gêmeos entram em crise quando não conseguem encontrar uma explicação racional para tudo que as rodeia - até mesmo para aquilo que, por definição, faz parte do domínio do irracional e do não verbal.
Um documentário sobre Fred Mercury exibido pelo History Channel conta que um dia ele disse para os seus companheiros que iria mudar seu nome para Mercury, pois assim poderia ser quem ele quisesse. E disseram que depois disso ele conseguiu. Há uns dois anos, decidi tentar escrever tudo que sei sobre astrologia. Seria uma espécie de reciclagem: colocar tudo para fora, para que novas conclusões surgissem e pudesse receber outras. Numa tentativa mais aproximada de exprimir isso, colocar o que sei de astrologia para fora, para receber outra astrologia. Essa é uma tarefa terrível, pois teria de exprimir o que me ensinaram, ou melhor, coisas que não são minhas. E venho tentando dizer o que aprendi com a astrologia a partir de meu contato sempre subjetivo com seu manuseio. Ando definindo a astrologia como uma interpretação sempre subjetiva. É notório que, se visitarmos dez astrólogos, vamos ter dez opiniões diferentes. Existem aqueles que vão dizer que os astrólogos têm diferentes níveis de conhecimento, experiência etc. Entretanto, isso é ilusório: existem dez visões subjetivas diferentes sobre o mesmo objeto. Para escrever o que sei sobre astrologia, como num complexo texto sobre Saturno que montei, percebi que vivo o que estou estudando. Não é algo racional e lógico, observando coisas inteligíveis. Na época, acabei me enrolando nas finanças e, apesar de ter receitas suficientes para viver com relativa e capricorniana segurança, houve dias em que cheguei em casa com um texto para escrever e sem absolutamente nada na minha geladeira. Foi muito marcante sentir a presença de Saturno dessa maneira, pois nunca o considerei como o senhor da carestia. Diz a astrologia antiga exatamente o contrário, o que conflita com o que vi das culturas antigas que trabalham com ele em seu cultos. Saturno é um deus de riquezas e da agricultura. O ato dos reis se picotarem e depois serem fatiados dava força à terra. Essa é uma manifestação do saturnal. Já há algumas semanas ando pensando em escrever algo sobre Gêmeos. Como acabo vivendo o que estudo, escrever sobre Gêmeos tem sido um parto, pois existem tantas coisas a dizer... Tantas possibilidades a serem exploradas... Tantas coisas soltas por aí... Tantos assuntos relacionados e que posso exprimir...
Lembro que quando estava escrevendo sobre Urano me perdi na vastidão de uma idéia. Nas diferentes e intermináveis possibilidades de uma coisa só. Em Gêmeos ando me perdendo nas intermináveis possibilidades de todas as idéias. Em Urano, não há como concluir algo, pois esse algo nunca está perfeito. Com Gêmeos, não há como terminar nada, pois estamos em um mar de possibilidades.
E há sempre aquele sentimento, aquela preocupação com o que os outros vão achar. E aí vem a brincadeira de manipular o que os outros pensam. Afinal, é tão fácil: Basta mudar quem sou, para que o outro tenha uma determinada opinião a meu respeito. Levando em consideração que as pessoas vivem de julgamentos impostos pela sociedade, basta brincar com esses julgamentos sagitarianos para criar opiniões incorretas. Assim, quando alguém achar que sabe algo sobre o que penso, mudo quem sou, para enrolar o outro novamente em um julgamento. Como o que me motiva é o tédio por aquilo que o outro acha que sabe sobre mim, aí temos diversão. Seria isso honesto? Afinal, o que é ser honesto? De onde parte a honestidade, não é de dentro? E são aqueles que se dizem honestos, realmente honestos consigo mesmos? E o que é a verdade? Não é algo subjetivo? Assim, onde está a verdade? É inegável que o olhar para o outro como forma de motivação leva a percepção de si para fora. É possível perceber quem se é pelo efeito que causo no outro. Afinal, estamos falando de extrovertidos. É aquela relação do olhar para fora para ver dentro, ou olhar para dentro para ver fora. Assim, esse olhar ilusório, que é refletido no outro, acaba criando uma percepção ilusória do si mesmo. Porém, não sou geminiano. Sempre lido com eles sem a lógica e sem a razão. Como pouco me importo com o que os outros dizem a meu respeito (o que em si gera suas complicações), sempre tive em consideração as seguintes frases sem educação:
É notório que geminianos necessitam do outro para se guiarem. É notório que também gostam de manipular o outro. Assim como manipular o que seja a verdade, aquela coisa muito bem construída por Sagitário. E aparece um dos mais marcantes antagonismos geminianos: eles necessitam da opinião do outro para manipulá-la e assim manipular o outro, já que o outro é o que ele fala, exprime, opina. E assim brincam com o mundo, manipulando o outro como manipulam a si mesmos. Só que os argumentos manipulativos geminianos são sempre centrados na lógica, na razão, na opinião, no que está circulando pela uraniana mente coletiva, à qual estão vibrantemente conectados. E é aí que começa o drama (ou mais um drama) geminiano. Existe a necessidade de explicar, comunicar, concatenar, da forma sempre mais verbal possível, tudo que sentem, vivem, percebem, experimentam. É mais do que evidente que a linguagem falada é extremamente limitada, assim como a percepção lógica e racional de todas as coisas. A linguagem falada não é a mais apropriada, embora nenhum geminiano pareça convencido disso. Ao contrário, geminianos necessitam nos convencer de tudo que sentem, de tudo que vivem, de tudo que sabem, de tudo que ocorreu em seu dia, do que não aconteceu, mas dizem que aconteceu, de prender a atenção o tempo todo. A carência, a necessidade absoluta de atenção, de ser o centro, de cumular caminhos, mimos e tudo mais, faz com que tentem sempre cativar, não importa como. Não importa de que forma. Não importa o custo de ter sempre a atenção de todos à sua volta.
Existem coisas que não podem ser explicadas, nem ditas. Necessitam ser experimentadas. A forma de passar essas coisas se dá apenas pela experiência e não são cabíveis na lógica comum. É evidente que a mente articuladora e curiosa de Gemini (assim como de Virgo) vai se deparar com essas fronteiras constantemente, gerando situações sem resposta lógica. É esse o seu grande desafio, pois tais fronteiras estão além de sua capacidade comum de entendimento. Coisas que não podem ser percebidas através dos detalhes, nem do senso crítico. E é nesse momento que geminianos se tornam devoradores de respostas, nem que sejam as mais estapafúrdias, mas que tenham alguma forma lógica e racional.
Um fenômeno pode apenas ser captado pela percepção. A análise do fenômeno vai criar uma explicação de sua ocorrência. Quando esse fenômeno é algo pessoal, aparece sempre uma explicação, que acaba sendo, no final das contas, apenas uma justificativa. Essa explicação, que complica o fenômeno, que o verifica de maneira míope, muitas vezes apenas o encobre, ou o minimiza, ou o distorce. O si mesmo se manifesta como um fenômeno, expresso de forma simbólica. "O símbolo é". O símbolo é cheio de significados subjetivos, que necessitam de vivências, e não de explicações. A lógica sistematiza o símbolo e o empobrece, pois "o símbolo é". O símbolo se manifesta, dentro da possibilidade de cada um de vivê-lo. Assim, temos de viver quem somos e não comunicar quem somos. Nem explicar quem somos aos outros, nos fazermos entender, mostrarmos como somos, o que fazemos etc. Pessoas não são passíveis de entendimento, pois pessoas não são frutos da lógica, não foram criadas pela sociedade, nem respeitam a razão para existirem. Pessoas são frutos do si mesmo, e este não é inteligível. Aumenta aqui o drama geminiano. Quanto mais respostas têm sobre todas as suas dúvidas, nenhuma é capaz de explicá-los. Se não conseguem explicar quem são, para si mesmos, não podem falar a todos quem são. Acabam sendo vítimas e de toda a explicação dada a eles. Assim, geminianos são dependentes de elogios. Sempre perguntam o que as pessoas acham deles. Querem ouvir falar deles mesmos. Procuram estar em contato com o máximo de pessoas que os ouçam e forneçam respostas. Respostas. Respostas. Respostas. Geminianos são dependentes de elogios, não por pura carência, mas para se guiarem em ser o que o outro admira. Ouvem o que os outros falam a seu respeito, para saberem quem são. Desde que, é claro, haja lógica no que o outro diz. Toda a descrição que recebem de fora acaba por criar uma história pessoal interna que crêem ser real. Essa descrição deve ser resguardada, até que um outro, possuidor de maior (ou mais racional) sabedoria possa ditar quem são; até que possa dar o rumo, ou as respostas que possui; ou até que esse outro tenha personalidade e força o suficiente para guiá-lo no meio da tempestade que se tornou, esse mar de respostas e argumentos lógicos que no final não se encaixam. Nada pode ter profundidade, ou o castelo de cartas acaba caindo. A profundidade demonstra a desconexão das conexões de informações e respostas sem fim. Assim, quando tocamos em uma questão essencial para um geminiano, esse muda de assunto, ou de face, ou de personagem, procurando manter suas explicações, travestidas de moral, coisa sagitariana. No fundo da alma, o principal "sintoma" de que a pessoa não está seguindo sua história é o tédio e o descontentamento. A alma sente e quer se exprimir. O castelo de cartas quer se proteger. Do fundo do ser geminiano vem uma revolta contra os ventos da lógica e a tempestade racional. Um conflito do mundo sentimental, de toda uma história pessoal e de ancestralidade, que faz com que o mundo familiar de Gemini seja um inferno para ele cuidar e administrar. Um mundo familiar que o coloca em contato com a realidade além das palavras e o faz lembrar que é capaz de sentir - já que o castelo de cartas o impede de sentir e amar com sinceridade, pois ganhou vida própria e dita os papéis dos personagens.
Gemini relegou o sentimento para a sombra, em nome de saber quem é, de ser quem todos querem que seja e de brincar de manipular tudo à sua volta. Daí vem a falta de paciência para seus próprios dramas, que não têm explicação. A forma como nos tratamos, tratamos os outros. Vem a falta de paciência para com os outros. Podem vir as crises e os desaparecimentos. E onde está a resposta? Não existe resposta. Existe a negação de toda a respostas. Desconstruir o castelo de cartas. A princípio, Gemini acha que o castelo de cartas é o que mantém a sua sanidade. Porém, é o que provoca a sua loucura, pois leva-o a gastar toda a energia pessoal em justificar cada uma de suas escolhas (que nem fez, apenas assumiu em nome da família), em explicar tudo que acha que sabe sobre si mesmo. E, claro, brincar com todos à sua volta. Até que aparece um momento em que percebe que não engana mais a quem está próximo. Aparece a desconfiança de que não esteja enganando a si mesmo. E ao Si Mesmo não se pode enganar de forma
alguma. Saiba mais sobre Marcelo Brasil. |
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