Saturno em Câncer
seca o leite da Parmalat
A passagem de Saturno em Câncer vem ocorrendo
simultaneamente a uma tonificação de sentimentos nacionalistas
e protecionistas, o que é perfeitamente análogo à
combinação do aspecto restritivo de Saturno com o
princípio de fechamento em torno de semelhanças culturais
e exclusão de diferentes de Câncer. Há esse
potencial para o aumento do protecionismo também em países
europeus, caso a situação do euro, forte em relação
ao dólar, gere uma evasão de divisas. É interessante
o fato de que Saturno em Câncer passa sobre o signo solar
do mapa da Independência dos Estados Unidos. Junte-se a isto
o fato de que Câncer rege, entre outras coisas, a produção
de alimentos (juntamente com Virgem e Touro). E o país passa
por uma crise no setor de produção e exportação
de carne em função do "mal da vaca louca".
Convém acentuar que a passagem de Saturno
em Câncer não é um indicador direto do "mal
da vaca louca", embora tenha sempre vínculos com a produção
de alimentos, em especial o leite e derivados (Câncer, aliás,
rege os seios na mulher e a idéia de aleitamento). Disso
decorre que a descoberta das monumentais fraudes e o extraordinário
rombo de bilhões da companhia Parmalat, entre outros fatores,
pode ser parcialmente identificado com esta passagem, já
que Saturno "restringe", "seca" e "enrijece",
entre outros atributos tradicionalmente apontados como suas mais
claras características. E este "rombo de bilhões",
na medida em que envolve investimentos de terceiros, com grandes
ganhos e perdas, remete às descrições e observações
habituais sobre Plutão. Contudo, a restrição,
os bloqueios e o "secamento de fontes" abastecedoras é
tipicamente saturnino, algo que podemos ver diretamente na situação
dos produtores de leite de Minas Gerais e de várias outras
partes do Brasil que foram afetados rigorosamente pelos efeitos
da crise. Vale lembrar que este modo de analisar os trânsitos
de planetas lentos pelos signos é algo há muito tempo
praticado pelos astrólogos.
Saturno em trânsito por Câncer também
vem representando, ao que tudo indica, a presença de releituras
e rediscussões de conceitos referentes ao tempo e formas
de pensar em sociedade. Uma época particularmente feliz,
podemos estimar, para um resgate do passado e um novo olhar sobre
o mesmo, o que calhou de acontecer justamente quando São
Paulo comemora seus 450 anos e a mídia promove a cidade.
É interessante que essa combinação
de fatores esteja ocorrendo sincronicamente às restrições
diplomáticas e judiciais entre brasileiros e norte-americanos.
As questões de reciprocidade jurídica, fichamento
de estrangeiros e nacionalidade, bem como um incidente no aeroporto
de Guarulhos provocado por um gesto obsceno de um piloto da American
Airlines, tudo isso é um retrato de Júpiter em quadratura
com Plutão. Some-se a isto o fechamento de fronteiras, com
a cara dessa configuração ocorrendo simultaneamente
à passagem de Saturno em Câncer. Júpiter, assim
como Sagitário, está associado ao sistema legislativo,
a contatos com culturas de localidades distantes. O momento crítico
em torno desses assuntos fica por conta do aspecto de quadratura,
tenso, estimulando uma atuação plutoniana, isto é,
sem meias medidas, de autoridades, e alterando consideravelmente
a percepção popular sobre formas diversas de divulgação.
O leitor comum mal lê. Quando muito se contenta
em passar os olhos rapidamente por um texto, pulando trechos que
podem ser importantes. Na maioria dos casos enxerga apenas as grandes
manchetes ou aquilo que está mais à vista, abrindo
caminho para más interpretações e todos os
problemas causados por sectarismos e certezas absolutas. Por outro
lado, os divulgadores, numa fase como esta, precisam ter certos
cuidados com a forma de exposição de suas idéias,
crenças e "verdades". Haja vista o problema ocorrido
em dezembro de 2003 entre o Ministério da Saúde (Virgem
em Astrologia Mundana pode ser associado à saúde pública)
e a CNBB, a Confederação dos Bispos do Brasil (Júpiter
e Sagitário vinculam-se a clérigos, a sistemas de
crença - inclusive as crenças endossadas pela Ciência
- e à propaganda, entre outras coisas). O Ministério
criticou duramente (seria melhor dizer "virginiana e plutonianamente")
a forma com que a Igreja lida com o problema da AIDS, uma vez que
esta condena o uso da camisinha. A CNBB, por sua vez, revidou e
houve uma troca de "gentilezas", entre os dois órgãos
durante algum tempo. Ambos ainda continuam se estranhando.
O macaco na cristaleira rides
again
Falando em Júpiter, estrangeiros, paranóias
plutonianas, expansionismo e crenças ou certezas absolutas,
que tal falarmos um pouco de nosso caubói "predileto"?
(A imagem ao lado é da edição
50 de Constelar, lembra?)
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Para piorar um pouco as coisas,
o Nero de plantão, Bush Jr., tem Marte em trânsito
entrando em sua casa 10 neste final de janeiro de 2004, com data
exata marcada para o dia 25, mas com órbita de entrada estimada
para dia 22 [*]. Ali Marte lançará
suas faíscas durante cerca de dois meses, até 27 de
março, quando adentrará a casa 11. É uma posição
angular do mapa do presidente da maior superpotência mundial.
Sabendo que Bush é bastante dado a um temperamento arrogante,
egótico e fanfarrão, típico dos traços
de um Áries enfático (a sombra - nos termos junguianos
- de Áries e Marte no Meio do Céu). Se combinarmos
tudo isso com seus traços leoninos (Bush tem Leão
no Ascendente), há um potencial para que ele surja novamente
no cenário mundial promovendo bravatas e fazendo ameaças.
[*] Nota de Constelar:
este artigo foi escrito por Carlos Hollanda em 16.01.2004.
Entretanto, há um lado
positivo (?) nisso tudo, que reitera o que venho observando a respeito
de órbitas de aspectos em trânsito há vários
anos: a simples proximidade de Marte em trânsito com o Meio
do Céu de Bush já foi suficiente para o estímulo
governamental a uma nova fase de exploração espacial.
E qual o objetivo que o presidente americano e os figurões
da NASA têm em mente? Nada menos do que Marte. E se o Meio
do Céu indica o epíteto que recebemos, ou uma imagem
com a qual o coletivo, em algum nível, associa a cada indivíduo
em função de suas obras e comportamentos, a de Bush
será um retrato perfeito do símbolo que estará
cruzando o ponto mais elevado de sua carta natal: o deus greco-romano
da guerra. Talvez devamos esperar alguns atropelos a mais do trator
(descontrolado?) que está nas mãos do presidente norte-americano.
Conheça outros textos de Carlos
Hollanda.
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