Como se comporta o eixo
VI-XII do ponto de vista dos elementos?
Se uma criança apresenta Água na casa
VI, ou seja, uma adaptação mais ou menos passiva às
demandas de um mundo que faz para ela o papel de recipiente, sua
XII está em signo de Terra: ela descansa quando define sua
forma interna.
Inversamente, se age disciplinadamente na dimensão
objetiva (Terra), necessita navegar para encontrar-se internamente
com seu próprio desejo (Água).
Se a casa VI está em Fogo e funciona como
pura ação no mundo, seu ócio é dispor
de um espaço de reflexão (Ar).
Quando o eixo se inverte, essa criança racional
da casa VI necessita colocar ação na XII para conectar-se
com suas vivências.
A Lua
Descreve uma atitude fundamental frente à
vida na medida em que concede segurança interior e uma imagem
pessoal com a qual nos identificamos. É o lugar de refúgio
e conforto íntimo. Ali nos sentimos protegidos, apoiados,
nutridos. Apresenta-se como um mecanismo seletor que funciona por
aceitação e rejeição. Possibilita que
nos sintamos nutridos por estarmos conosco mesmos, como estivemos
idealmente com a mãe: cuidados, protegidos e sem obrigações,
porque éramos pequenos e os outros tomariam conta de nós.
Mal configurada no tema natal, provoca sentimentos
de solidão, de constrangimento, como se não houvesse
no mundo um lugar para si. Tenta neutralizar a sensação
de incômodo justificando sua vida em função
daquilo que produz, e não de quem essencialmente é
nem de por que é.
Assim, a Lua concede ou nega a facilidade para que
relaxemos, para que nos refugiemos em nós mesmos, para que
busquemos nutrição. Por isso converte-se num dos fatores
relacionados com o ócio.
Sua colocação por elemento define diferentes
perfis de ociosidade.
FOGO: Buscará desafios auto-afirmativos, como
as competições desportivas.
TERRA: Necessita, por sua atitude industriosa, que
o ócio se objetive. Podem ser boas opcões algum trabalho
artesanal, a jardinagem ou a culinária de quitutes.
AR: seus criativos momentos de ócio podem
estar, por um lado, na vida social, ou, por outro lado, em armar
um quebra-cabeças, resolver palavras cruzadas ou perder-se
em uma leitura envolvente.
ÁGUA: é a Lua que menos necessita de
estímulos exteriores para conectar-se com seu ócio,
já que tem facilidade para perder-se, solitária, nos
labirintos da imaginação. Só necessita dispor
de um pequeno espaço, de meia dúzia de apetrechos
para armar o personagem e de um espelho para ver suas representações.
O Nodo Sul
Mostra, em sua posição por signo, mecanismos
intensamente dominados e conhecidos. Puiggros, em seu texto sobre
o tema, menciona ocasionalmente a função de refúgio
e descanso que o nodo negativo exerce, lugar no qual aconselha que
recarreguemos as pilhas quando sentirmos que o mundo nos esgota
com suas exigências.
Então, se pensamos o ócio como essa
profunda necessidade humana de visitar-se a si mesmo, a casa XII,
a Lua e o Nodo sul são três cenários privilegiados
para conectar-nos, como diz Thierry Paquot "...com essa deliciosa
preguiça de observar como o tempo desfia suas partículas
de instantes, essa estetização de nossa estadia terrestre".
Casualmente, a Astrologia atual, como parte de uma
tradição cultural sintetizada na afirmação
"o tempo é dinheiro", trata esses três lugares
como perigosos, o que nos deixa numa posição cômoda
que nos impede de "evoluir", como se a vida fosse uma
espécie de carreira profissional onde alguém entra
como aprendiz e, se faz tudo certinho, isto é, se trabalha
sem pausa para respirar, acaba como gerente. Entretanto este é
o tema de outro trabalho sobre como o astrólogo funciona
como porta-voz, na maioria das vezes inconsciente, de valores de
um sistema com o qual sequer sabe que está comprometido...
Encerrando, para aqueles que se dedicam a desenvolver
a Astrologia infantil, diariamente nos defrontamos com crianças
manifestando sintomas graves de estresse ou um assustador nível
de violência como único meio de impor seu desejo, qual
seja, tornar-se sujeito e sair do papel de objeto dominado pelos
desejos alheios. Na verdade, nós, astrólogos, não
observamos nada diferente do que observa qualquer adulto. A diferença
é que nos pedem opiniões, e devemos decidir se apostamos
na agudização da alienação ou na abertura
de uma janela para o ócio.
Saiba mais sobre Silvia
Ceres.
Este texto foi publicado originalmente na revista
eletrônica argentina Gente de Astrologia e traduzido por Fernando
Fernandes.
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