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ASTROLOGIA E ESPORTE

O Brasil é penta: cartão vermelho
para Constelar

Fernando Fernandes

 

Nunca recebemos tantos e-mails num único dia por causa de uma matéria de Constelar. Os primeiros chegaram ainda antes do apito final de Brasil x Alemanha. Nem bem Cafu levantava a taça em Yokohama e leitores já cobravam uma explicação de por que e como fizemos uma previsão tão desastrada quanto a da derrota brasileira no Japão.

Aqui você pode reler o artigo Plutão, Gêmeos e a Copa de 2002, inserido no site no dia 19 de junho, véspera da partida Brasil x Inglaterra. Leia também uma seleção de e-mails de leitores que comentaram o artigo. Neste artigo, o editor faz "mea culpa" e explica a diferença entre uma previsão de bom senso e uma previsão delirante.
Fernando Fernandes levando cartão vermelho de leitores do site, segundo o traço implacável de Carlos Hollanda.

Por que fiz uma previsão delirante

"Quem entra na chuva é pra se queimar." Esta frase do inesquecível presidente do Corinthians, Vicente Matheus, diz bem dos riscos que corre o astrólogo que se dispõe a divulgar previsões. Por isso, tudo o que eu queria (e devia) dizer sobre a Copa do Mundo já estava dito no artigo Uma Copa sob Tensão, que saiu na Constelar de junho. A maioria das colocações feitas ali estava correta.

Contudo, no dia 19 de junho acrescentei uma matéria em Constelar que fazia conexões entre o simbolismo de Gêmeos, duplas caipiras, o assassinato do jornalista Tim Lopes e a derrota da seleção brasileira na Copa do Japão. No que tange à seleção, a previsão revelou-se totalmente errada e resultou numa chuva de e-mails que começaram a aparecer ainda antes do apito final de Brasil 2 x 0 Alemanha.

Alguns e-mails aventavam que a previsão incorreta pode ser um sinal de que o mapa do Brasil utilizado está errado. Dependendo da hora do Grito do Ipiranga, o Ascendente poderia estar num grau anterior, ainda na primeira metade de Aquário, ou posterior, já em Peixes.

Botar a culpa no mapa seria para este astrólogo uma forma honrosa de sair pela tangente, mas não é este o problema. O horário que utilizo, de 16h30 LTM, vem sendo testado de forma intensiva nas investigações de um significativo contingente de astrólogos, respondendo bem a trânsitos, progressões e arcos solares. O outro horário que apresenta bons resultados é aquele em torno de 16h14, utilizado, por diversos astrólogos paulistas (Hanna Opitz, por exemplo, propõe precisamente 16h14m22s). Por outro lado, jamais vi pesquisas convincentes com utilização de horários mais tardios, especialmente aqueles que resultam num Ascendente em Peixes.

Se escrevi uma grande bobagem, não foi por incertezas quanto ao horário do Grito do Ipiranga nem como decorrência de um ato de arrogância proposital, que é aquele do astrólogo que prevê alguma coisa mirabolante apostando na memória curta do leitor: se der certo, o autor da previsão aparece para colher os louros; se nada acontece, ele sai de fininho e mantém-se num discreto silêncio durante algumas semanas - tempo suficiente para que o público esqueça por completo quem disse o quê a respeito da Copa.

Não, não foi nada disso. Os motivos da previsão absurda de 19 de junho foram simplesmente preconceito, precipitação e um profundo sentimento de irritação e frustração que levou por água abaixo a clareza, o bom senso e o distanciamento crítico. A irritação e a frustração não têm a ver com a situação da seleção na Copa, mas de nós, moradores do Rio de Janeiro, sacudidos por sucessivos acontecimentos chocantes que mostram que já vivemos uma espécie de guerra civil não declarada. Em junho, enquanto a seleção brilhava do outro lado do mundo, enfrentamos aqui o assassinato do jornalista Tim Lopes, o metralhamento da Prefeitura e, para completar, o bloqueio do túnel Rebouças por assaltantes enquanto a cidade ainda comemorava o penta.

O preconceito foi especificamente contra Felipão, por culpa do caso Romário. A única coisa que consegui vislumbrar no técnico foi o executor de um projeto perverso, como se ele corporificasse um Plutão repressor que viesse para matar de vez a picardia e a criatividade do jogador brasileiro. Isso me impediu de enxergar que ele poderia incorporar também a faceta mais positiva desse símbolo planetário, que é a de agente de regeneração. Também vi Felipão como parte de um modelo viciado controlado por dirigentes esportivos que apenas saqueiam clubes e federações em proveito próprio. Outra injustiça, pois o técnico da seleção não é necessariamente um cúmplice de dirigentes como o escorregadio Ricardo Teixeira ou o truculento Eurico Miranda.

A pitada final de loucura


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