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A renúncia no meio do caos Notícia de El Clarín, de Buenos Aires,
de 21 de dezembro de 2001: O mapa da renúncia, calculado para às 19h45 (hora em que se torna pública), mostra Mercúrio regendo o Ascendente e posicionado na casa 7, em oposição a Júpiter. Este Júpiter rege as casas 6 (trabalhadores e funcionários) e 7 (inimigos abertos, adversários). Júpiter está sobre Vênus da Independência da Argentina, mostrando que o momento da renúncia, apesar de crítico, representava também uma distensão de um conflito que poderia ter terminado de maneira ainda mais violenta. A renúncia, em certa medida, levou a Argentina a uma trégua. O novo governo terá um crédito de confiança de alguns meses para buscar novas soluções. Marte rege a casa 10 desta carta, simbolizando o próprio presidente. Marte está na casa 9 (a 12 da 10) e forma quadratura com Saturno na 12. É um aspecto adequado à idéia de fim de linha. A conjunção com a Lua, que acaba de sair de um sextil com Mercúrio, mostra que a renúncia fez bem a De la Rúa e à Argentina. Contudo, não é uma solução para os problemas econômicos, mas apenas um adiamento. Como a Lua, nesta carta, rege a 2 (economia, moeda) e Marte rege o presidente renunciante, e como ambos estão na 9 (religião e países distantes), podemos alimentar a suspeita de que pressões da Igreja Católica ou dos Estados Unidos tenham acelerado a decisão de Fernando De la Rúa.
Saá: um leonino e seus quinze minutos de fama Em substituição a De la Rúa, o Congresso escolheu um novo presidente que deveria governar apenas três meses, até a realização de novas eleições. O escolhido foi o peronista Adolfo Rodriguez de Saá, uma espécie de antítese de De la Rúa: extrovertido, falante, autoconfiante, não nega ser um filho do elemento Fogo. Nascido em 25 de julho de 1947 na cidade de San Luis, Saá tem o Sol em Leão e alguns aspectos que contribuem para um comportamento bem mais vibrante que o de seu apagado antecessor. Estão neste caso a conjunção Marte-Urano em Gêmeos e a quadratura de Júpiter-Lua a Plutão-Saturno, configuração indicadora de alguém que gosta do poder e tem a necessidade de exercê-lo. Os fatos não negam: Saá passou nada menos que dezoito anos no governo de sua província natal, um recorde absoluto na história argentina. Saiu do palácio provincial de San Luis para a presidência da República - e certamente com grandes planos. O que o derrubou foi a combinação de dois fatores: a falta de apoio dos demais governadores peronistas (cada um trabalhando por seus próprios interesses) e a arrogância verdadeiramente leonina e pluto-jupiteriana com que levou para o ministério diversos amigos envolvidos, como ele próprio, em acusações de corrupção e má utilização de recursos públicos. O já esgotado povo argentino foi para as ruas outra vez bater caçarolas. Aproveitou para apedrejar o Congresso, assim como a Casa Rosada. Após apenas sete dias no poder, Saá apresentou sua renúncia num pronunciamento em San Luis e transmitido em cadeia nacional de TV. O horário do início do pronunciamento ocorreu entre 22h e 22h30 do dia 30 de dezembro, o que deixa o Ascendente em algum ponto entre 2º e 11º de Leão, na casa 10 da independência argentina, e a Lua em conjunção praticamente exata com o Sol da carta nacional. É a reiteração, mais uma vez, do potencial de conflito entre governantes (Sol) e o povo do país (Lua), e desta vez na esteira de um eclipse penumbral lunar ocorrido no dia 30 sobre a posição de Vênus, regente do Ascendente da Argentina. Eclipses são sempre fatores de reforço de outras indicações astrológicas. A Argentina lembra um doente grave purgando, mediante sofrimentos intermináveis, os desvarios de administrações anteriores. Já foi, um dia, uma esperança de possibilidade de uma América do Sul próspera e desenvolvida. Hoje é o caso mais agudo da tragédia do uso irresponsável do poder político e econômico. O que virá em seguida? Há 25 anos a Argentina passou por uma crise semelhante. O povo saiu às ruas para protestar contra o governo impopular e sem credibilidade de Isabelita Perón. O desencanto com a incompetência dos políticos profissionais abriu caminho para um golpe militar que gerou uma das ditaduras mais rigorosas e de triste memória do continente. Era madrugada de 24 de março de 1976 quando um helicóptero deixou a Casa Rosada levando presa Isabelita Perón. A Lua em Capricórnio acabara de cruzar a posição da Lua radical da Independência e ativar mais uma vez a difícil relação povo x governo do país vizinho. Naquele ano, Plutão ativava por quadratura Vênus radical, anunciando tempos duros e difíceis. Neste momento, é Urano quem ativa por conjunção Saturno natal, dando conta da desestabilização das instituições e do risco da completa desestruturação da vida nacional. Por outro lado, Júpiter em trânsito forma conjunção com Vênus, abrindo um horizonte de esperança. Que os argentinos tenham serenidade para a travessia do caos e resistam à tentação de entregar o poder - mais uma vez - aos caudilhos de ocasião.
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