Constelar

José Roberto Arruda nasceu em Itajubá, Minas Gerais, em 5 de janeiro de 1954, às 14h (dados transmitidos pessoalmente pelo próprio senador ao astrólogo Antônio Carlos Costa Lima Vieira, em Brasília). Seu mapa apresenta o Ascendente em Touro e um stellium na casa 9, em Capricórnio (Vênus, Mercúrio, Sol e Lua), sendo que a Lua recebe a oposição de Urano em Câncer e a quadratura de Netuno em Libra. Mas o planeta dominante em sua carta é Marte em Escorpião (mais um!), único em domicílio e em estreita conjunção com Saturno, dispositor do stellium em Capricórnio. Além disso, Marte é o também o planeta mais angular, estando em estreita conjunção com o Descendente.

O mapa de Arruda não revela espontaneidade. Percebe-se um forte impulso de ascensão social e profissional (ênfase em Capricórnio), enorme capacidade de trabalho (idem), tendência para manobras escapistas quando em situações de risco (quadratura Lua-Netuno) e uma postura defensiva (Saturno-Marte em Escorpião).

As duas casas mais ativadas na carta de Arruda são a 9 e a 6. A casa 9 é tradicionalmente vinculada à política e à ética, enquanto a 6 responde pela rotina de trabalho, pelos papéis subalternos e também pelas crises de adaptação. Saturno e Marte estão tecnicamente na casa 6, se bem que já em conjunção com a cúspide da 7. Se considerarmos que estes planetas carregam simultaneamente significados dessas duas casas, podemos compreender Arruda como um eficiente prestador de serviços que se associa a personagens poderosos mas corre também o risco de sofrer na relação com estes. Basta observar que Marte é o regente de Áries na casa 12 (inimigos ocultos, situações "varridas para debaixo do tapete") e de Escorpião na casa 7 (dos parceiros, mas também dos adversários e inimigos declarados). Saturno, por sua vez, por ser regente da 9, é significador de assuntos legais, éticos e políticos na carta do senador.

A fórmula que Arruda encontrou para sua ascensão política foi a assumir papéis subalternos em que, dada sua eficiência e capacidade de trabalho, tornava-se imprescindível para figuras mais poderosas. Foi assim com o presidente da República, de quem se tornou um representante natural no Senado; foi assim com Antonio Carlos Magalhães, de quem se fez porta-voz para exigir da diretora do Prodasen a violação do painel de votações. Tal intermediação custou-lhe caro, e a crise explodiu no momento em que a Lua progredida ativava sua casa 6 e afetava, por quadratura, os planetas do stellium na casa 9. O mais impressionante é que, em junho de 2000, mesmo mês em que se deu a cassação de Luiz Estevão e a violação do painel, esta Lua progredida formava quadratura sucessivamente com Vênus na 9, regente do Ascendente de Arruda, e com Mercúrio, o "mensageiro dos deuses". Arruda fez o papel mercuriano do "leva-e-traz" entre ACM e a diretora do Prodasen e, ao fazê-lo, ativou todo o potencial de envolvimento em assuntos nebulosos e de rupturas repentinas com o favor da opinião pública contido nos aspectos tensos da Lua natal com Netuno e Urano.

Do conjunto dos mapas dos três políticos é possível tirar pelo menos uma conclusão: a atual crise do Senado tende a fazer vítimas exatamente entre os parlamentares que apresentam estreitos vínculos com as oposições no eixo Touro-Escorpião no mapa da instituição.

O Senado nasceu com Marte a 13º43' de Escorpião;
Antonio Carlos Magalhães tem o Ascendente a 15º28' de Escorpião;
José Roberto Arruda tem Marte a 9º41' de Escorpião e o Ascendente em 10º23' de Touro;
Jáder Barbalho tem Marte a 9º39' de Escorpião.

A carta da Independência do Brasil também apresenta Marte em Escorpião, se bem que mais no início do signo, a 3º41'. Contudo, forma um eixo com Saturno a 9º56' de Touro, sendo que este Saturno do Grito do Ipiranga está em oposição praticamente exata aos Martes de Arruda e Jáder Barbalho, além de formar conjunção com o Ascendente de Arruda.

No mapa do Descobrimento do Brasil, o Sol em 11º41' de Touro também se opõe aos Martes do Senado, de Jader e de Arruda, assim como ao Ascendente de ACM. Vemos assim um vínculo muito mais remoto entre os políticos e as instituições hoje em questão e a construção da realidade brasileira. O que se discute hoje, através de casos particulares de quebra de decoro parlamentar, é o próprio modelo de comportamento das elites do país ao longo de cinco séculos, sempre marcado pela teimosa preservação do status quo (Touro) e por uma forma de atuação onde a tônica é a dissimulação e a falta de transparência (Escorpião em sua manifestação mais negativa).

No mapa da Independência, vemos hoje o Sol do Brasil, em Virgem, sofrer a quadratura de Plutão transitando por Sagitário. Plutão, regente moderno de Escorpião, tem exatamente a função de trazer à luz os esqueletos do armário e promover a eliminação daquilo que já não serve ao organismo. É a extirpação do órgão doente para salvar o corpo como um todo. É um processo cirúrgico doloroso mas necessário. Não é um sintoma de agravamento da enfermidade, mas da regeneração que se sucede à amputação. Se o Senado quiser sobreviver, terá de cortar a própria carne.

Uma impressionante superposição de fatores: a partir da esquerda, temos o Ascendente de ACM, o Marte do Senado, Marte-Saturno de Arruda e Marte-Mercúrio-Sol de Jader Barbalho. Tudo em Escorpião.

A cronologia da crise