Revista Constelar Revista Constelar

 

 

 
 

 

DISCUTINDO O PAPEL DA ASTROLOGIA
Sugestões para a
Astrologia Brasileira

Marcelo Yamauchi
Início | Parte 3

Reconciliando as tendências astrológicas clássicas com as nacionais

Talvez alguém ache que seria incoerente desenvolver uma linha que conciliasse ao mesmo tempo as tradições que remontam aos tempos de Ptolomeu a Morin e um esboço de uma Astrologia genuinamente nacional ainda por se desenvolver. Contudo, embora diferentes, ambas as proposições têm mais em comum do que parece à primeira vista.

Resgatar a tradição, em última análise, significa resgatar a Astrologia do impasse em que se meteu, reconciliando passado, presente e futuro, e, especialmente, sedimentando-a com uma base sólida e uma visão de mundo mais humana e integrada, bem diferente desta aberração tecnocrata-materialista-cartesiana que tantos estragos tem feito. E isto é bem diferente do que adotar uma postura xiíta, do tipo: "Tetrabiblos ou Morte" .

Qualquer que seja a escola que o astrólogo adote, ele conseguirá compreender melhor o ferramental teórico e prático que utiliza se tiver algum conhecimento básico das técnicas clássicas e do contexto em que elas foram criadas. Basta observar que os períodos de maior desenvolvimento cultural e de progresso tem sido associados a uma visão de mundo humanística e valorizadora da pessoa humana (Antiguidade Clássica, Renascimento, Romantismo), em contraste com este clima de "fim de feira" típico de agora.

A questão de como fazer uma Astrologia Brasileira remete a outras, mais amplas, como as levantadas por Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropofágico, de 1928.

Por outro lado, por mais desafiadora que seja a tarefa de criar uma tradição tupiniquim-cabocla-mestiça para a Astrologia, significa de certa forma resgatar entre os astrólogos o orgulho de ser brasileiro, de ter mais auto-estima naquilo que se faz, sem copiar cegamente moldes pausteurizados e sem recair, por outro lado, no ufanismo tolo do tipo "Festa do Descobrimento" (sic).

E não é preciso muito academicismo ou esforço sobre-humano: por exemplo, ao invés de repetir a velha história do mito grego do Sol e da Lua, por que não adaptar a lenda de Jaci e Guaraci para a descrição do relacionamento Solilunar? Ou, em vez de copiar o arquétipo típico do zodíaco do Hemisfério Norte, temperá-lo um pouco com a dialética dos signos opostos, enfocando o fato das estações serem inversas aos de lá?

Linhas de ação para criar uma tradição astrológica tupiniquim


Anterior | Próxima | Principal | Índices

© 1998-2002 Terra do Juremá Comunicação Ltda.