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O GRANDE ALINHAMENTO DE MAIO DE 2000
O encontro marcado

Fernando Fernandes
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Terra, um planeta mutilado

A terceira grande mudança diz respeito à progressiva impessoalidade da vida urbana e das relações de produção. A euforia cientificista e tecnicizante é rapidamente percebida pelos mais "antenados", que começam a denunciá-la no cinema e na canção. Vejam-se estes exemplos, todos dos anos 60:

Poetas, seresteiros, namorados,
correi,
é chegada a hora
de viver e de cantar
as derradeiras noites de luar
(Lunik 9, Gilberto Gil)

Hoje homens de aço esperam da ciência,
eu desespero e abraço a tua ausência (...)
Hoje homens sem medo aportam no futuro,
eu tenho medo, acordo e te procuro (...)
(Hoje, Taiguara)

Próton, elétron, nêutron,
átomo na mesa,
régua calculando
morte com certeza,
o caos total
é o grande final.
(Próton, elétron, nêutron, Marcos e Paulo Sérgio Valle)

São sintomas que podemos perceber aqui e ali e que, no conjunto, formam um painel que define a vida pós-grande alinhamento de 1962 como profundamente diferente daquela das décadas anteriores. As grandes tendências que aqui traçamos apontam para conteúdos do mental e impessoal signo de Aquário, inclusive no que este tem de pior: a excessiva cerebralização e tecnicidade, que fizeram com que a cabeça do planeta - a humanidade pensante - aprofundasse o processo de divórcio com o corpo - a natureza e o ambiente físico da Terra.

Netuno, em quadratura com a concentração planetária de 1962 em Aquário, simboliza as contradições e alternativas deste processo: um aumento brutal no consumo de drogas, a contaminação das águas e da atmosfera, as grandes massas urbanas indiferenciadas, mas também a busca de um novo sentido de religiosidade, a onda de misticismo que varreu o Ocidente e a elaboração de utopias como o paz e amor dos hippies e a formação de redes ambientalistas em escala mundial.

A primeira pegada do homem na Lua, em 1969: "É chegada a hora / de viver e de cantar / as derradeiras noites de luar."

É lógico que o alinhamento de 1962 não explica, por si só, todos esses fenômenos. Mas, como acontecimento astrológico raro e excepcional, não há como deixar de considerá-lo um detonador - ou ao menos um focalizador - de tantas mudanças significativas.

Um grande alinhamento planetário funciona como o cavalo em que o apostador jogou todas as fichas, ou como o cesto em que o fazendeiro colocou todos os ovos. É uma aposta radical, uma questão que se coloca para a humanidade como um desafio imposto compulsoriamente, e com o qual é preciso lidar de alguma maneira. O desafio do alinhamento de 1962 parece ter sido o do uso consciente do conhecimento para superar barreiras físicas, étnicas e históricas em prol da criação de um planeta realmente equitativo. Aquário propõe a idéia da distribuição do conhecimento com vistas à humanização. A tecnologia gerada nos centros de excelência do mundo desenvolvido deveria ter fluído em todas as direções, permitindo o desembrutecimento das relações de trabalho, o resgate de populações inteiras mergulhadas nas trevas do atraso e da miséria e o surgimento de uma consciência planetária que transcendesse os limites da geografia política. Este projeto ficou no meio do caminho. Os avanços científicos aí estão, mas em essência o mundo não melhorou por causa deles. Um único dado é suficiente para entender os frutos finais do grande alinhamento de 1962: passados 38 anos, a venda de armamentos e o tráfico de drogas ainda são os dois maiores negócios da economia globalizada.

O alinhamento de maio de 2000 e seus efeitos

Localização de eventos com uso de equivalentes geodésicos
O grande alinhamento na carta de países e personalidades


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