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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 88 :: Outubro/2005 :: -

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7° SIMPÓSIO NACIONAL DO SINARJ

Saturno no cinema e Plutão no shopping

Vanessa Tuleski

Um evento do porte do Simpósio Nacional do Sinarj, com três programações simultâneas, apresenta tanta variedade de propostas que sempre há lugar para novidades. Vanessa Tuleski conferiu algumas palestras e Adriana Amorim fotografou tudo para Constelar.

Este ano foi o sétimo simpósio promovido pelo Sinarj. Funcionou redondo, como os outros. Para nós, esta estranha tribo cheia de idiossincrasias e manias, é uma ocasião festiva, para reunir experiências, contar novidades, prestar homenagens e, sobretudo, reafirmar o amor à Astrologia. A arquitetura do centro de convenções do Hotel Flórida não facilita muito o intercâmbio, com seus corredores estreitos. Falta um bom local para bate-papo, com cadeiras e mesas onde ficar para encontrar os colegas. Contudo, o mais importante é o que se passa dentro das salas. Então vamos a elas.

Marilda Bourbon, Plutão e Van Gogh

Na sala Sol, onde foi realizada a abertura, a atual presidente do Sinarj, Marilda Bourbon, deu uma apaixonada palestra a respeito de Plutão, desenrolando o mito como se ele estivesse acontecendo naquele momento. Marilda passou várias idéias e impressões sobre o planeta, como, por exemplo: "Com Júpiter, o legislador, há acordo, mas jamais com Plutão, os assuntos de Plutão não permitem acordo ou voltar atrás". Marilda também disse que entramos, via Plutão, em contato com nosso misterioso psiquismo e com os germens da transformação impessoal que estão dentro de nós. Explicou que a transformação acontece via destruição do que está velho, e que toda eliminação e mudança tem algo de doloroso, mas, igualmente, de sublime. Fechou a palestra com imagens de Van Gogh, símbolo eloqüente da dualidade de Plutão, pois de sua difícil e tormentosa existência resultaram obras únicas e impactantes. Marilda acha que quando a dor é inevitável só nos resta fazer algo dela, como, por exemplo, arte. Citou as uvas esmagadas que se tornam o vinho que todos apreciam.

Edil Carvalho, Cidadão Kane e Fellini

Ao longo do simpósio os participantes foram muitas vezes confrontados com escolhas difíceis, pois palestras interessantes aconteciam nas três salas. Edil Carvalho falou de astrologia e cinema, usando trechos de filmes. Sua tese foi a que as casas astrológicas ocupadas pelos planetas de Sol a Saturno influenciam muito na visão do artista, mostrando seu ângulo de visão. Edil falou, por exemplo, de Orson Welles, cujo mapa tem Saturno na casa um, da identidade, e que tem por filme mais representativo Cidadão Kane, em que um repórter, com o rosto sempre parcialmente encoberto, tenta descobrir o núcleo da personalidade do magnata das comunicações que dá nome ao filme. A casa um é tão presente em Cidadão Kane que o protagonista chega a ter, em uma das cenas, sua imagem reproduzida em vários espelhos. Edil também mostrou trechos de As Noites de Cabíria, de Federico Fellini, outro cineasta de casa um, em que a protagonista interpretada por Giulietta Masina descobre que foi enganada por seu amado somente ao olhar para os olhos dele, sem que uma única palavra tenha de ser dita. Edil disse que cineastas com algum planeta até Saturno na casa um podem, inclusive, ter personagens que se confundem com eles mesmos, como Charles Chaplin e seu Carlitos, sendo naturalmente hábeis em criar protagonistas de impacto. A respeito da casa dois, cuja temática é profundamente ligada ao corpo, Edil citou o escritor Oscar Wilde e sua inesquecível obra O Retrato de Dorian Gray, em que o protagonista arruína-se por sua fixação pela aparência e eterna juventude. Segundo Edil, a casa dois traz um enfoque físico, material, a ponto de seus artistas também terem suas obras entrelaçadas com o tema dos recursos. Edil não pôde, pelo tempo exíguo, falar das outras casas, mas deixou uma sugestão muito interessante a respeito da importância das casas astrológicas no ângulo de visão do artista, e, assim, de todos nós.

Pinotti põe Plutão no shopping center

José Antonio Pinotti, de São Paulo, fez uma bem amarrada palestra em que falou da atuação dos três planetas transpessoais nos relacionamentos. Segundo Pinotti, são planetas que não funcionam bem se apenas empregados individualmente, sem se ter o contato com algo maior. Inclusive, Pinotti citou que pessoas cujos mapas têm muita interação com transpessoais não conseguem se inserir de todo em uma realidade comum, podendo desenvolver alguns traços de misantropia. Citou os mecanismos de fuga de cada um dos três transpessoais, a saber: a rebeldia (Urano), o tédio (Netuno) e esgotamento (Plutão). Pinotti também falou que estes planetas criam necessidades especiais, citando os possíveis 'templos' em que estas energias podem ser reabastecidas. Urano, com sua necessidade por excitação, pode se reabastecer em danceterias, por exemplo, ou no carnaval carioca. Netuno pode encontrar abrigo em templos, igrejas, praias. O mais surpreendente foi a sua observação sobre Plutão. Pinotti citou os shoppings centers, com suas arquiteturas poderosas, circulação de dinheiro e isolamento (garagem, climatização) como exemplo de templo deste planeta. Depois, falou de cada um dos efeitos nocivos de Urano, Netuno e Plutão quando somente usados no âmbito dos relacionamentos, dando caracterizações muito precisas a respeito de como atuam e seus padrões repetitivos.

Márcia Mattos e a decadência da geração Urano-Plutão em Virgem

Márcia Mattos apresentou-se como leiga apaixonada por medicina, e fez uma palestra bastante informativa (e com muitos dados novos) na qual explicou muito da sua técnica de diagnóstico de doenças através do mapa. Márcia também deu dicas preventivas em relação à saúde, inclusive apontando marcos em que a saúde começaria a requisitar mais, em que a capacidade de regeneração poderia ser menor ou em que o organismo finalmente rejeitaria substâncias ou estímulos com os quais já houvesse sido muito sobrecarregado. Márcia disse, por exemplo, que a partir da oposição de Saturno em trânsito a Saturno natal as doenças que cada um terá na velhice ficarão mais ou menos delineadas, sendo que o que não aparecesse neste momento provavelmente não teria a ver com os pontos fracos da pessoa. Márcia fez uma interessante observação a respeito da geração viciada em adrenalina e agitação, que nasceu com Plutão e Urano conjuntos em Virgem. Segundo a palestrante, quando Urano se opõe ao Plutão desta geração ocorre um enjôo daquele tipo de vida extremamente tensa e exigente, como se o organismo não pudesse mais suportá-la. Márcia ainda citou a forma de funcionamento de cada uma das casas ligadas a saúde.

Assuramaya e o papel de Lilith

Assuramaya falou do seu trabalho desde 1954 e seu gosto pela pesquisa e pelo que chama de astrologia científica. Após uma longa introdução sobre diversos conceitos de astrologia e astronomia, disse que o mito de Lilith nada tem a ver com o que Lilith de fato representa no mapa astrológico. Para Assuramaya, Lilith é um ponto de evolução espiritual, afastando-se da Lilith demonizada de algumas versões do mito, que a apresentam como tendo vindo das fezes de Adão. Assuramaya lembrou que Lilith é o apogeu da Lua. Estando no ponto mais distante da órbita lunar, encontra-se mais livre da densa energia da Terra. Devido a esta visão, a tese de Assuramaya - que ele próprio solicitou que fosse testada pelos participantes, e não apenas acreditada - é a de que a conjunção de Lilith com o Nodo Norte, que ocorre a cada seis anos, propicia um número maior de encarnações de espíritos de grande poder mental, intelectual, social ou outros, que poderiam equilibrar as energias negativas presentes na Terra. Espíritos de luz, como disse Assuramaya. Lilith também estaria exaltada em Libra. Ao invés de ser lida pelo seu negativo, deve ser interpretada como um potencial positivo de sublimação, de modo, por exemplo, que Lilith na casa dez poderia representar uma capacidade maior de intervenção social, até mesmo de uma responsabilidade social. Já Lilith na casa dois, por sua vez, sublimaria o mero instinto material para atuar para além dele.

Denise Cordeiro e a Profecia Celestina

Denise Cordeiro fez uma palestra baseada nos dramas de controle citados em 'A profecia Celestina' e a forma de encontrar estes dramas no mapa natal. Segundo o livro, haveria dois dramas agressivos e dois passivos. Os agressivos seriam o Intimidador, que Denise associou ao Fogo, e o Interrogador, imputado ao Ar. Já os passivos seriam o Distante, drama da Terra, e o Coitadinho de Mim, atribuído a Água. Denise disse que devemos olhar o elemento em que estão o Sol e a Lua para identificar os dramas. Falou que não raro aparecem os dramas opostos. A oposição, neste caso, seria a utilizada na astrologia chinesa (e não a ocidental), segundo a qual o Fogo se opõe a Água e a Terra ao Ar. Assim, pessoas com dupla ênfase em Água podem se revezar entre dramas Coitadinho de Mim e Intimidador. Denise disse que estes dramas são tentativas de controlar o outro, impedindo-nos de nos relacionarmos de fato. Mostrou o mapa de uma família a partir da bisavó, em que os dramas se repetiam e se revezavam de uma geração a outra.

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