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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 75 :: Setembro/2004 :: -

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ANALISANDO TRÂNSITOS

 


Mercúrio, Urano e turbulências na imprensa

Um paralelo entre as tensões Urano-Mercúrio de 2004, quando houve a polêmica em torno da proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo, e no período 1883-1884, quando a "imprensa de combate", incluindo impiedosos caricaturistas, azucrinava com a monarquia de D. Pedro II e com os privilégios do clero.

Do jornal O Globo, de 10 de agosto de 2004:

Conselho da polêmica

BRASÍLIA e SÃO PAULO
Com novas declarações e divulgação de notas oficiais, tornou-se mais clara ontem a divisão entre os defensores e os detratores da criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ), que teria as atribuições de disciplinar e fiscalizar a atividade da imprensa (...)

Lá vai uma oposição de Mercúrio com Urano e uma quadratura de Júpiter com Plutão quentinha saindo do forno [*]: discussões sérias sobre o que vem sendo chamado de "onda de denuncismo". Dá para fazer um paralelo muito interessante com outros períodos em que características tensas de Urano com Mercúrio ocorrem. Por exemplo, é no mínimo curiosa a relação entre esta atual oposição e os diversos lançamentos e publicações continuadas da "Imprensa de Combate" ou "Imprensa Ilustrada" do último quartel do século XIX. Naquele período (1883-1884) Urano em trânsito realizava uma oposição com o Mercúrio da Corte (o Rio de Janeiro, centro de poder do império) e uma conjunção com o Mercúrio do mapa do grito do Ipiranga (Brasil).

[*] Aspectos presentes no céu em agosto de 2004.

O personagem Nhô-Quim, um caipira bem atirado, no traço de Angelo Agostini.

É fato que a imprensa no Brasil começou a desenvolver-se muito com o advento, no país, da litografia, figurando como uma alternativa deveras potencializadora dos mecanismos de difusão e divulgação, permitindo o uso de imagens e marcando a chegada da caricatura e dos quadrinhos ao meio impresso em terras tupiniquins. Esse processo de desenvolvimento rápido e múltiplo de produção jornalística começou bem antes do aspecto supracitado, obviamente. Entretanto, estamos falando da década da Lei Áurea e da República, justamente num período (1883/84) em que personagens de alto impacto na literatura e no imaginário popular, como os de Angelo Agostini ("Zé Caipora" e seus coadjuvantes, Inaiá, a índia que mais parece a Marianne francesa, símbolo da República, seu consorte, o índio Cham-Cam, o Barão falido e Memê, a donzela a ser conquistada pelo Zé - e outras como "Os Bens dos Conventos", simplesmente esculhambando o cotidiano dos padres da Igreja com o artista apresentando sua mais engraçada cara-de-pau) eram publicados com críticas hilárias, porém severas, aos costumes da sociedade e, sobretudo, aos dos detentores de poder, favorecidos pelo Estado.

O impacto causado pelas publicações direta ou indiretamente favoreciam um ambiente de discussão dos limites da liberdade de imprensa (coisa recente no Brasil de então e que Pedro II fez questão de manter, apesar de freqüentemente choverem caricaturas ridicularizando-o com um certo "desinteresse" quanto a assuntos administrativos) e geravam verdadeiras batalhas gráficas entre artistas e articulistas defensores de opções políticas diferentes. Além deles, os próprios donos do poder entravam no meio da discussão, já que seus interesses eram diretamente afetados pelo forte impacto que a imprensa causava num país em que as decisões políticas concentravam-se nas mãos de poucos (proporcionalmente hoje também, graças à necessidade ainda existente de incremento nos sistemas educacionais - o alto índice de desinformação e de consciência política dificulta a participação e o desenvolvimento da cidadania em algumas camadas da população). A HQ "Os Bens dos Conventos", já mencionada, gerou reações violentas dos prelados e críticas bastante incisivas nos órgãos de imprensa que comandavam. Era uma época de debates acalorados, favorecidos pelas transformações econômicas arrastando a sociedade para o sistema capitalista numa onda na qual aqueles que souberam "surfar" conseguiram manter-se de pé. Já os que insistiam em manter-se atados ao modelo escravista de produção levaram um belo "caixote" (no carioquês, "caixote" significa que a onda embolou o sujeito, quase o afogando e deixando-o na beira da praia totalmente atordoado).

Períodos de impacto na imprensa

Em períodos como esses de Mercúrio/Urano, especialmente se acompanhados de configurações formadas por outros planetas lentos, como a atual quadratura de Júpiter com Plutão (lembrando que dos planetas citados apenas Mercúrio é considerado "rápido", no astrologuês) vale a pena considerar uma série de esforços em termos de reformulação dos sistemas de difusão/comunicação. Igualmente, algumas inserções de assuntos no cotidiano mental da coletividade que representem um potencial para alterações significativas de discurso e mentalidade nos anos seguintes. 1883/1884 foram anos impactantes, por certo, no âmbito da imprensa, e os anos subseqüentes corresponderam a uma forte concentração dos esforços de anos e décadas anteriores em prol de uma reformulação da economia, da política e das relações sociais.

O que temos agora difere bastante, não em se tratando de questões análogas, mas de duração do processo. De um modo ou de outro, a crise repousa na forma como se divulga algo, o que se divulga, questões de manipulação da opinião pública, desenvolvimento e aceleração de mecanismos de comunicação, enfim, a cara de Urano-Mercúrio, com toda a turbulência, o estresse, mas também todos os avanços e incrementos técnicos decorrentes do processo. Não devemos esquecer que nos últimos dias também veio sendo discutida (iniciou-se a discussão) a forte probabilidade de novo colapso no sistema de fornecimento de energia elétrica no Brasil devido ao desenvolvimento da indústria e da economia, que significa maior consumo de eletricidade. Aliás, a eletricidade é atributo simbólico de Urano e de Mercúrio.

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