Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 192 :: Junho/2014 :: - |
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CRIME E CINEMAA Fera da Penha e o lobo atrás da porta
O Lobo atrás da porta, filme brasileiro que estreou em junho de 2014, foi inspirado em um acontecimento que chocou a opinião pública no início dos anos sessenta. Neste artigo, a astróloga Vanessa Tuleski analisa de que forma a essência do filme se revela no mapa de sua estreia e também que semelhanças este mapa guarda com o do crime. Marte, Saturno, Vênus, o eixo Touro-Escorpião, além dos quatro signos cardinais, desempenham importantes papéis nesta trama. Imagem de divulgação do filme O lobo atrás da porta, baseado no famoso Sol em Gêmeos: palavras que criam e mudam rumos“O Lobo atrás da porta”, filme brasileiro protagonizado por Leandra Leal, é baseado em um crime que ficou famoso nos anos sessenta, ocorrido no subúrbio do Rio. Como bem disse um crítico de cinema, o subúrbio também é um dos personagens deste filme, com sua impessoal e necessária linha de trem, quartos sem charme nenhum (mas com a graça e as emoções de seres humanos), mulheres brigonas que colocam o dedo na cara e que também se expressam com o colorido exuberante de quem assume sua personalidade. Estreou em 5 de junho de 2014, com a Lua no signo de Virgem. Virgem é o signo da casa quatro do mapa do Rio de Janeiro, ligada ao povo. No mapa da estreia, a Lua em Virgem quadra com o Sol em Gêmeos, sendo que este segundo signo, não por acaso, também é importante no mapa carioca, pois diz respeito à persona desta cidade, por ser seu Ascendente. Centrado no Sol em Gêmeos, o filme utiliza um recurso especialmente geminiano, que é o desenrolar dos fatos a partir do depoimento dos personagens. E cada um tem um ponto de vista ou uma história para contar. É um filme no qual os diálogos (Gêmeos) são muito importantes. De simples conversas surgem novos rumos. E toda a ação se passa na vizinhança (Gêmeos), na escola, no parquinho, no carro, na linha do trem, no botequim. Filme O lobo atrás da porta - estreia comercial - 5.6.2014, sem horário. ViolênciaO aspecto mais tenso do mapa da estreia, porém, não é a quadratura do Sol com a Lua, e sim, uma “quadratura em T” envolvendo Marte, Urano e Plutão. É nesta configuração que se encontra a essência do filme. “O Lobo atrás da porta” é a metáfora para um inimigo que não se vê, pois está ocultado pela porta, mas que é extremamente perigoso. O Lobo é Marte em Libra, o outro. Envolvido com Plutão e Urano. Capaz de um ato violento (Plutão), chocante e inesperado (Urano). O crime no qual o filme se baseou, por sua vez, ocorreu em 30 de junho de 1960, com o Sol em Câncer (a criança vitimizada) fechando uma Cruz com os planetas de 2014. Também neste dia a Lua estava em Virgem. Coincidências são ocorrências comuns na Astrologia, a linguagem cósmica capaz de explicar fatos, ligações e essências. Crime da "Fera da Penha" - 20.6.1960, 20h (horário aproximado). Despeito e rejeiçãoE em ambos os mapas Vênus está oposto a Saturno, ainda que no de estreia do filme a oposição seja mais larga. Esta oposição, dentre vários outros significados, fala de questões de rejeição afetiva, despeito, inveja, carência, preterimento, descarte. Levanta também a possibilidade de lidar desde a infância com algum grau de frieza afetiva, ou com algo muito desagradável e amargo na natureza humana, e que é como um desprazer (a soma de Vênus com Saturno). Vênus/Saturno pode ser o conhecimento precoce (não raro, na própria pele) de coisas como a pobreza, a feiúra, o preconceito ou as relações de interesse. Nos casos do mapa em questão, as temáticas podem envolver o lar (Vênus em Câncer do mapa do crime) versus o pragmatismo e tudo o que fica de fora dele (Saturno em Capricórnio). Ou as relações oficiais (Vênus em Touro do mapa do filme) versus as paixões ocultas e proibidas (Saturno em Escorpião), movidas pela gula, sensualidade e algumas pitadas de sadismo. E sempre com algum limite ou impossibilidade (Saturno). Este é um aspecto que traz também para a questão afetiva a temática social (Saturno), como a própria instituição casamento e o binômio da oficialidade e da clandestinidade. Ser ou não a titular é algo crucial para Vênus/Saturno, pois Saturno é um planeta social e que se preocupa com as aparências. Não ser assumido pode ser doloroso para este planeta, diferentemente do que seria para Netuno e Urano, que não pensam neste tipo de questão. Agente causadorO filme faz questionar, assim como o crime hediondo cometido em 1960, o que faz pessoas comuns se tornarem assassinas, como elas podem virar monstros, como o caldo pode entornar desta maneira. Quantas camadas são necessárias para se chegar a este ponto, e do que são formadas. E como elas podem calcificar e cimentar um coração a ponto de fazer seu dono sacrificar um inocente. No filme e no crime, quais foram as poeiras que cresceram até se tornarem grandes rochas (Saturno)? Não pude deixar de pensar em algo comum, mas nem por isto menos negativo: a mentira. A mentira tem sido associada a Gêmeos, ainda que seja injusto e incorreto dizer que toda pessoa com este fator em destaque no mapa (como Fernando Pessoa) seja mentirosa ou falsa. A mentira não é a única manifestação para Gêmeos, signo, por si só, de muitas facetas. No entanto, no mapa da estreia do filme, o Sol, que é o núcleo central da questão, está em Gêmeos, que pode ser a mentira e a vida dupla de um homem (Sol), desafiando (quadratura) de alguma forma sua mulher e sua amante (Lua). Erosão moralNo mapa do crime, Marte em Touro se opunha a Netuno em Escorpião, a ausência de limites, e um outro indicador das mentiras, em um eixo associado à sensualidade. Marte formava um belo sextil para o Sol/Vênus em Câncer: o lobo (Marte) em entendimento (sextil) com a criança (Sol em Câncer) e com fácil acesso a ela, que foi pega na escola (sextil crescente, ligado a Gêmeos, signo da escola). Marte, o lobo, também caminhava para fechar um grande trígono com Saturno e Plutão. E todos estes aspectos se expressaram, naquele caso, como uma grande determinação (Saturno e Plutão) para executar o que só pode ser definido como loucura e uma perda total do controle e da razão (oposição de Marte com Netuno no passional Escorpião). Aqui temos o piloto automático no seu pior sentido, daquele que nada distingue e segue reto sem pensar, na cadência decidida do caminhar do lobo carregando consigo a criança. Existe um entendimento de que circunstâncias podem gerar crimes, mas em muitos crimes, como o que é retratado no filme, elas não se justificam a ponto de criar um desfecho tão drástico. Entre a circunstância e o ato em si pode haver um fosso profundo, só explicado pór uma intensa erosão emocional, moral e de consciência. Em suma, a perda da alma, não raro através de um processo silencioso e progressivo, como o que acontece com o lobo do filme. A ausência de reflexão gera um efeito Saturno em Escorpião e Marte-Plutão (os trânsitos presentes na estreia do filme), de cada vez mais se responder a uma ofensa com outra, e um ato com outro ainda maior, em um efeito em cadeia perigoso e destrutivo. A cegueira da almaNão faço, com isto, apologia da ausência total de agressividade. A expressão da assertividade é necessária. Para isto existe Marte. Mas Marte é como uma arma na mão, que, sem uma mente para discernir, e, principalmente, uma alma para sentir, atira a esmo, sem vislumbrar a extensão do dano que está fazendo. Como os atos suicidas destes jovens que atiram em outros e depois em si mesmos. Marte também pode ser o dedo que puxa o gatilho dos psicopatas que eliminam pessoas somente por causa de poder, dinheiro ou prazer. No caso do crime do filme, em particular, não foi a frieza que matou, mas algo muito mais escuro, rastejante, ferido e amargo: foi Vênus em oposição com Saturno. Muitas vezes, aquele que recebe um contínuo tratamento frio e amargo, desta forma assim também se torna. A vida perde o sentido, tudo se torna objeto. E pesa como chumbo (Saturno). O que o filme me fez lembrar é que a consciência e sensibilidade são coisas que tem de ser exercidas nos entremeios da vida, enquanto as cenas se passam com seus constantes desafios e nos embates inevitáveis dos relacionamentos (Marte em Libra). É nestas horas que é preciso temperar o angu familiar, conjugal, paternal ou filial com um pouco de amor, sabedoria, racionalidade ou qualquer outra coisa que não sejam somente ódio e emoções irrefletidas. Mas é preciso ter cuidado, igualmente, para que o excesso de bondade, sombriamente, como um rebote, não alimente o lobo que há no outro. A arte do equilíbrio (Libra), do que se põe e dispõe, certamente não é fácil. É nítido no filme o efeito “revide” (Marte-Plutão) e o que ele causa, que é a desumanização progressiva. O revide crescente só tem dois caminhos de escoamento: a frieza (Saturno) ou agressão (Marte), ou ambos, como é o caso do filme. Muitas vezes, tem-se um inimigo que se configurou desta forma simplesmente através do bater e revidar. Ele talvez consiga ser humano com outros, mas pode ser lobo com quem bate nele ou com quem ele se bate. Algo que pode ter começado pequeno e ter ficado cada vez maior, assim como no filme. A consciência e os limites são, portanto, os grandes mediadores para evitar que cordeiros se tornem lobos famintos, e para que as agressões não acabem crônicas, como aqueles conflitos que vemos nos Oriente Médio ou nos irracionais ódios étnicos fermentados ao longo de séculos. Muitos lobos no universoAlém disso, é bom lembrar que “O Lobo atrás da Porta”, na vida real, nem sempre comete crimes. Ele pode ser a mãe que desdenha e é fria com os filhos. Pode ser o chefe que se acha no direito de intimidar e humilhar para exercer seu poder. Ou o familiar que descarrega constantemente sua frustração, violência e mau humor no restante da família. O Lobo, ainda, nem sempre é truculento ou violento. Ele pode inventar coisas para manter pessoas e usá-las como se faz com um objeto. Aliás, ele costuma ser muito bom nisso. E em manipulá-las como peças de xadrez, como se vê no filme. O Lobo é a parte que trabalha sem consciência e é voraz. Que quer engolir o outro. Por bem ou por mal. Os limites foram perdidos há muito tempo, fazendo-o adentrar, de algum modo, na seara da loucura (Netuno). Atrás da sua porta, pode haver um Lobo. Se houver, talvez você possa parodiar o título de um outro filme: “corra, Lola, corra”. Ou então enfrentá-lo com algo que ele não tem: consciência. E uma boa dose de inteligência e firmeza também, para mantê-lo longe, pois ninguém que não seja lobo quer ter um por perto. Mas é preciso, também, ver se você não criou lobos com o seu comportamento, e se você não tem comportamentos de lobo. Querer somente tirar proveito, sendo profundamente egoísta, é ser lobo. Mentir sistematicamente também. E assim outros comportamentos. A verdade é que lobos sempre terão de se entender com outros lobos. Às vezes, um grande lobo impessoal chamado Vida, porque ela, cedo ou tarde, também devolve o que se plantou, e tem seus engenhos para fazer isto. Outros artigos de Vanessa Tuleski. Comente este artigo |Leia comentários de outros leitores |
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