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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 133 :: Julho/2009 :: -

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MEMÓRIA DA ASTROLOGIA BRASILEIRA

O legado de Valdenir Benedetti

Equipe de Constelar

Vítima de um infarto fulminante, o coração de Valdenir Benedetti deixou de bater na manhã de 13 de julho de 2009. Fica o rico legado de um astrólogo de idéias provocativas e textos recheados de humor e emoção.

Valdenir Benedetti, Simpósio do Sinarj 2002

Val não admitia a mesmice. Rejeitava a Astrologia meramente descritiva, feita para manter as coisas exatamente do jeito que sempre foram. Entendia que sua tarefa como professor e conferencista era, antes de tudo, provocar e instigar. Aguçou o espírito crítico de uma legião de alunos. E deixou textos de primeira qualidade, onde a ironia se combina com a generosidade num estilo muito particular.

Sua primeira participação em Constelar foi em março de 1999, numa coletânea de artigos que lembravam a primeira fase da lista Solstix, o mais antigo espaço de discussão de astrólogos brasileiros na internet. Em Marte, seis dias de amor e guerra, um debate entre muitos autores, Valdenir tem duas participações: a primeira é Do projeto de vida à virilidade, em que alfineta o uso da estatística em Astrologia Comportamental e discute o que Marte significa nos mapas de homens e mulheres. Em A Guerra do Desejo e a Hora do Sexo Val trava uma deliciosa discussão com Barbara Abramo e Ana Teresa Ocampo, com direito a algumas provocações.

A participação mais significativa de Valdenir em Constelar acontece a partir da edição de junho de 1999, quando começa a publicar a série O Sonho do Planeta. A origem dessa sequência de artigos é o pensamento do xamã mexicano Don Miguel Ruiz, que, com base na filosofia ancestral, faz uma crítica feroz aos condicionamentos da vida moderna. Para Don Miguel, estamos todos submetidos a uma ideologia alienante e anestésica, que anula o livre arbítrio e a lucidez da consciência: trata-se do "Sonho do Planeta", que serve de pretexto para as reflexões astrológicas de Valdenir Benedetti. Vale a pena reler o texto inicial O Sonho do Planeta e suas duas continuações: O Jogo da Vítima e A Astrologia do Conformismo.

Em julho de 2001 Valdenir publica em Constelar uma carta-convocação para uma nova coletânea de textos astrológicos: As possibilidades amorosas da Astrologia. Foi mais um dentre os muitos projetos coletivos desse astrólogo agregador.

Na edição de outubro de 2002, um dos textos mais sensíveis de Val: Hoje fui me despedir de um amigo, escrito logo após a morte do astrólogo e médico paulista Sérgio Mortari. Uma pequena obra-prima.

Em setembro de 2008 Val "atropelou" a pauta de Constelar enviando um inesperado artigo de última hora e solicitando expressamente que saísse naquela edição. O resultado é Astrologia do Presente, uma espécie de continuação da série O Sonho do Planeta, com retomada de alguns temas recorrentes no pensamento de Valdenir: a condenação do uso da Astrologia como anestésico e a proposta de uma prática profissional que não fizesse pacto com o conformismo.

O legado de Valdenir inclui um livro - Textos Planetários, de 1997 - quatro coletâneas, uma infinidade de eventos em que atuou como organizador e muitos artigos espalhados por publicações como Planeta e a extinta Astrologia Hoje. Sem falar nas inúmeras gravações, consentidas ou não, de suas aulas e palestras. Com Constelar, Valdenir deixou ainda algum material inédito dos anos noventa, que será oportunamente publicado.

Contudo, o legado maior de Valdenir é o de como fazer uma Astrologia generosa, íntegra e consciente. Menos voltada para os resultados e mais comprometida com o coração. Poderiam ser dele os versos de Beto Guedes na canção Medo de Amar:

O medo de amar
É não arriscar,
esperando que façam por nós
O que é nosso dever:
recusar o poder.
O medo de amar
É o medo de ter
de a todo momento escolher
Com acerto e precisão
a melhor direção.

"Primou por sempre se dedicar a publicações em forma de coletâneas de autores e companheiros de astrologia, abrindo mão de publicações meramente pessoais. Dessa forma uniu exemplarmente astrólogos de diferentes visões em torno de temas relevantes."

(Maurice Jacoel, Presidente da Central Nacional de Astrologia)

"Valdenir era uma cabeça que sabia pensar por si, tinha um conhecimento quase inesgotável, e o mais maravilhoso nele é que estava sempre disposto a partilhar. Foi um professor que sabia estimular, incentivar e instigar seus alunos. Nossa comunidade sofre hoje uma das suas maiores perdas."

(May Publio Dias, Curitiba)

"Estudante e apaixonado pela Astrologia há mais de três décadas.

Descobrindo agora que o tamanho do que não sei ainda é imenso, e o tamanho do que nem sei que não sei é inimaginável.

Procurando fazer com que a Astrologia não seja apenas um blá blá blá mental e descritivo.

Acreditando que a prática da Astrologia é mais do que alimentar ilusões ou auto-imagens."

(o próprio Valdenir Benedetti, apresentando-se em seu blog)

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