O transcurso de mais um Dia Internacional da
Mulher coloca em questão os alarmantes índices da
prática do aborto no Brasil. Haveria uma explicação
astrológica para esta epidemia nacional?
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Concepção:
Angela Schnoor |
Uma em cada quatro brasileiras um dia interrompe
a gestação de um filho indesejado. A prática
do aborto, em nosso país, atinge níveis tão
elevados que pode ser considerada um sucedâneo da contracepção.
Como o aborto é considerado prática ilegal
exceto em poucos casos previstos em lei a mulher, além
de submeter-se ao trauma psicológico, ainda corre os riscos
decorrentes da imperícia e da precariedade de equipamentos
e de assepsia que costumam caracterizar as clínicas clandestinas.
Abortos deixam seqüelas. Representam a interrupção
violenta de um processo natural do organismo. Representam uma auto-agressão,
da qual raríssimas mulheres escapam sem alimentar sentimentos
de culpa e processos depressivos. Contudo, continuam sendo praticados
em larga escala, o que torna o Brasil um dos líderes mundiais
na triste estatística das gestações interrompidas.
Haveria algum fator astrológico capaz de explicar
essa epidemia brasileira? A análise da carta da independência
do país informa que sim. O mapa do Grito do Ipiranga, calculado
para às 16h30 LMT (hora local) do dia 7 de setembro de 1822,
em São Paulo, apresenta a conjunção Lua-Júpiter
em Gêmeos na casa 4, a da base populacional, das origens étnicas,
da vida doméstica e da ancestralidade. A casa 4, por ser
aquela correspondente ao Fundo do Céu o ponto mais
escondido do mapa tem relação também
com a intimidade, com aquilo que tende a ocorrer entre quatro paredes,
no recesso do lar, em oposição à casa 10
o Meio-Céu ponto mais elevado do mapa, em estreita
conexão com a atividade pública.
A Lua é um dos planetas significadores do
feminino. Enquanto Vênus simboliza a mulher como amante e
companheira em sua dimensão mais sensual, a Lua responde
pela mulher em seu papel de mãe, provedora e princípio
nutriz. A Lua em Gêmeos na carta do Brasil expressa um padrão
coletivo de comportamento, com o qual as mulheres tendem a identificar-se
e que molda também a expectativa dos homens em relação
a elas.
Gêmeos é um signo mercuriano e do elemento
Ar. A Lua, neste signo, tende a reprimir um pouco a expressão
emocional pura e simples para adotar um padrão mais verbal,
mais intelectualizado, mais distanciado. A Lua em Gêmeos quer
ser vista como inteligente, bem informada, rápida, vivaz,
esperta, ativa, eternamente jovem. É o predomínio
de um padrão adolescente de comportamento. Na medida em que
assumir o papel de mãe significa abrir mão da adolescência
e penetrar de vez no mundo adulto, este é um ritual de passagem
que tende a ser visto com reservas pela Lua geminiana. Para ela,
a maternidade é positiva quando acompanhado por algumas contrapartidas:
a possibilidade de interagir de igual para igual com o homem, de
assumir um lugar na estrutura produtiva, de preservar a liberdade
de ter idéias próprias e de ter acesso à cultura.
O casamento com o homem-companheiro, que aceita um relacionamento
em bases equitativas, representaria, pois, uma compensação
adequada para o preço de crescer.
É claro que este não é um padrão
explícito nem consciente. Representa uma expectativa coletiva,
disseminada em toda a coletividade e que vem se manifestando com
mais força desde algumas décadas, especialmente a
partir da verdadeira revolução comportamental dos
anos 60. Mas é fato visível que a mulher brasileira,
considerando genericamente, é menos propensa ao papel de
Amélia do que suas companheiras da América
Espanhola, como as chilenas, as colombianas e as mexicanas.
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Acrescente-se que o mapa do Grito do Ipiranga também
apresenta Vênus em Leão, posicionamento que guarda
relação direta com a imagem da brasileira como
a mulher exuberante, demonstrativa, alegre e dona do seu nariz.
A vaidosa e dionisíaca Vênus em Leão
tem algo a ver com ícones da feminilidade brasileira,
como Carmen Miranda, Leila Diniz, Sônia Braga, as mulatas
do Sargentelli e assim por diante.
Somando-se os posicionamentos de Lua e Vênus na carta
brasileira, temos um padrão de comportamento feminino
bastante característico: é a mulher que não
aceita com facilidade a posição subalterna e
a condição de objeto descartável.
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A imagem típica de Carmen
Miranda, como esta que ilustra a página de seu museu,
mantido pela Prefeitura do Rio de Janeiro (um site oficial!),
é a da mulher extrovertida, cheia de balangandãs.
É a extroversão do eixo Leão (Vênus
do Brasil) - Aquário (Vênus de Carmen). Vênus
na 6 mostra que a mulher brasileira tende a ser vista como detentora
de um status subalterno, contra o que ela reage com unhas e
dentes (Leão). |
Chiquinha Gonzaga, um
tipo Marte-Urano, foi das primeiras a romper com o padrão
subalterno de Vênus na 6. |
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Neste sentido, a posição por signo
desses planetas "briga" com a posição por
casa: a Lua rege a 6, das situações rotineiras, e
ocupa a 4, do ambiente doméstico, enquanto Vênus faz
o movimento oposto, regendo a 4 e ocupando a 6. Em outras palavras,
vemos no mapa do país a tendência de relegar a mulher
ao percurso da cama para o tanque, ou da obediência ao patrão
para a obediência ao marido. Como reação, a
mulher brasileira vem mobilizando recursos dos signos de Gêmeos
e Leão - e também dos signos opostos, Sagitário
e Aquário - para superar sua condição de objeto
doméstico.
Garotas burras e otárias
com bebês no colo
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