A morte no mar
Vejamos, agora, a explicação astrológica
para alguns traços da vida pública do "Senhor
Diretas":
Formação acadêmica em Direito:
trata-se de profissão adequada o Sol em Libra (a preocupação
com a justiça), oferecendo, também, campo adequado
para o exercício da polêmica (Marte em Escorpião
e Mercúrio recebendo trígono de Urano).
Reeleição na Câmara ao longo
de dez mandatos: o Ascendente Touro é um indicador de
estabilidade e de fixidez. Quem tem signos fixos (Touro, Leão,
Escorpião e Aquário) nos ângulos do mapa (Ascendente,
Fundo do Céu, Descendente e Meio-Céu) não costuma
mudar de rumos com facilidade. No caso de Ulysses, uma vez deputado,
sempre deputado.
Casamento estável e paixão pela
esposa (declarada em público diversas vezes): a casa
7, do casamento, está ocupada por Escorpião, signo
fixo, cujos regentes, Plutão e Marte, estão posicionadas
respectivamente em Câncer e Escorpião, ambos signos
de Água, que valorizam os sentimentos. Vênus, regente
do Ascendente, está na casa 4 (vida doméstica), muito
bem aspectado: Ulysses gostava do lar e conseguia relaxar na intimidade.
Sol e Mercúrio em Libra, na casa 5 (da expressão afetiva),
recebem aspectos harmônicos da Lua e, além disso, o
Sol está em recepção mútua com Vênus
(recepção mútua é a presença
do planeta regente do signo A no signo B, ao mesmo tempo em que
o regente de B está em A. Vale aproximadamente como uma conjunção).
Vênus e Lua, planetas femininos, expressam no mapa do homem
suas expectativas em relação à mulher e sua
capacidade para relacionar-se com a figura feminina. Ulysses, um
bem sucedido galã dos anos quarenta, casou-se tardiamente,
por amor, e soube manter uma relação estável
até o fim. É estranho observar que Marte, co-regente
de Escorpião, na casa 7, está em quadratura com Lua
e Urano, o que normalmente é um indicador de "pavio
curto" e de conflitos no casamento, que podem levar à
separação. O que deve ter neutralizado essa tendência
é a forte presença de Libra e seu regente, Vênus,
no mapa: a tendência à ruptura era superada pela necessidade
de compartilhar e de estabelecer relações harmônicas,
tão típica de Libra. Além disso, Ulysses teve
chances de sobra para gastar o potencial de conflito dessa configuração
na própria vida pública, enfrentando todo tipo de
adversários. Caso sua vida profissional fosse mais pacata,
provavelmente os problemas teriam aparecido em casa.
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Mapa interno: carta natal de Ulysses Guimarães.
Planetas no círculo externo: trânsitos calculados
para as 18h do dia 12.10.1992 (data de seu desaparecimento no
mar). |
A morte no mar: o que estava acontecendo no
mapa de Ulysses no momento de sua morte? Basta uma rápida
olhada nas efemérides para descobrir que Plutão, o
grande transformador, transitava em Escorpião, fazendo conjunção
com Marte natal e oposição ao Ascendente. Por extensão,
Plutão estava, há alguns meses, ativando a quadratura
natal entre Marte e Lua/Urano. Marte rege todos os processos de
combustão, assim como os motores, o ferro e o aço.
Urano rege as partes elétricas, e também tem relação
com ventos fortes e relâmpagos. Plutão, o ativador
do trânsito, é um dos planetas de transformação,
estando associado à eliminação, à transmutação
e aos acontecimentos que irrompem subitamente, com força
destruidora. Já Urano em trânsito estava em Capricórnio,
na casa 8 (da morte, da mudança de plano, do oculto), em
quadratura quase exata com o Sol natal de Ulysses: outra indicação
de acontecimentos súbitos, ligados à eletricidade
e a alguma forma de ruptura. Saturno em trânsito, por sua
vez, encontrava-se em Aquário, aproximando-se da conjunção
com Urano Natal, e Netuno, regente das águas oceânicas,
estava em Capricórnio, em conjunção com Urano
em trânsito e ainda em órbita de quadratura com o Sol
natal. Contudo, esses quatro planetas - Saturno, Urano, Netuno e
Plutão - são extremamente lentos e demoram anos para
fazer e desfazer um aspecto. Na verdade, Ulysses já se encontrava
sob este conjunto de trânsitos perigosos há bastante
tempo. O que aconteceu exatamente no dia de sua morte, na tarde
de 12 de outubro de 1992? A resposta está em Vênus.
Este planeta, duplamente importante por ser regente de Touro, signo
do Ascendente, e de Libra, signo solar, encontra-se na casa 4 do
mapa de Ulysses, a qual indica, entre outras coisas, o fim da vida
física. No dia 12 de outubro, Vênus em trânsito
estava no vigésimo grau de Escorpião, em conjunção
com Marte natal, oposição ao Ascendente e conjunção
com Plutão em trânsito. Foi Vênus, planeta rápido,
que funcionou como o "gatilho" que disparou todo potencial
de risco da configuração já armada. Além
disso Vênus estava exatamente em seu signo de exílio
(quer dizer, e signo oposto ao regido pelo planeta), indicador considerado
maléfico pelo sistema de determinações da astrologia
clássica.
Para completar, a Lua, planeta mais rápido
da carta, está na casa 12 de Ulysses (a casa do infinito
"oceânico" e dos desaparecimentos) em conjunção
com Júpiter natal, regente da 8 (morte). O aspecto ajuda
a compreender por que Ulysses teve como túmulo a grandiosidade
do Atlântico e por que seu corpo provavelmente jamais será
encontrado. Júpiter é um significador de nobreza -
no caso, uma morte nobre, grandiosa, que contribui para sedimentar
de vez a fama daquele que partiu. [*]
[*] O artigo foi escrito em
1992. Realmente o corpo jamais foi encontrado.
Vamos tentar uma interpretação do que
aconteceu: em função da turbulência provocada
pela tempestade (Urano natal em Aquário), o helicóptero
(uma máquina voadora, com componentes mecânicos e eletrônicos,
regida, portanto, por Marte e Urano) desgovernou-se, sofrendo uma
pane inesperada (Plutão tem relação com colapsos)
e caindo no mar (Netuno). Os corpos de todas as outras vítimas
foram encontrados, exceto o do Dr. Ulysses: desaparecimentos misteriosos
também têm relação com Netuno e Plutão,
planetas invisíveis.
Dada a forte participação de Urano
em todo o acontecimento, arriscamos a hipótese de que o problema
fatal foi de origem elétrica. Ou uma descarga atingiu o helicóptero,
ou os próprios circuitos do aparelho entraram em pane, devido
à turbulência. Não havia visibilidade (novamente
Netuno e Plutão) e a queda foi inevitável. Pode-se
pensar ainda que a causa da morte de Ulysses não foram rompimentos
de órgãos provocados pelo impacto da queda, mas um
colapso cardíaco ocorrido um pouco antes do choque do aparelho
com a superfície da água: o Sol na casa 5 rege o coração
e recebia a quadratura de Urano em trânsito.
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