Ulysses Guimarães, um homem público
que jamais se afastou da luta pela defesa da democracia, nasceu
e morreu em outubro, sob o Sol em Libra. Este artigo, escrito, poucos
dias após o desaparecimento de Ulysses no mar, em 12 de outubro
de 1992, levanta o perfil astrológico daquele que já
foi conhecido como Sr. Diretas. O artigo foi publicado originalmente
no boletim Caminhos de Sol e Vento, distribuído aos
ouvintes cadastrados do programa de rádio do mesmo nome,
produzido por Fernando Fernandes na Imprensa FM do Rio de Janeiro.
Doutor Ulysses: um dos poucos políticos brasileiros
a inspirar respeito - inclusive entre os adversários - e
a morrer como unanimidade nacional. Mas quem era Ulysses Guimarães?
Nascido em Rio Claro, interior de São Paulo, em 6 de outubro
de 1916, às 21 horas, era, antes de tudo, um filho do elemento
Ar: Sol e Mercúrio em Libra, em trígono com a conjunção
Lua/Urano em Aquário, expressam suas características
básicas de personalidade, que serão consideradas a
seguir.
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Ulysses Guimarães - 6.10.1916, 21h
- Rio Claro, SP - 22s25, 47w33. |
O elemento Ar, ao qual pertencem os signos de Gêmeos,
Libra e Aquário, simboliza o pensamento abstrato, a linguagem
articulada e a capacidade de comunicação e troca.
Dos quatros elementos, este é o mais grupal, o mais interessado
na vida social e nos processos coletivos. É o mais teórico
de todos também. As pessoas muito marcadas pelos signos de
Ar dão uma enorme importância às idéias,
aos projetos, às ideologias, à clareza conceitual.
Gostam e necessitam de muito estímulo intelectual, seja através
da conversa amena com os correligionários, seja mediante
a polêmica com os que pensam de forma oposta.
Basta analisar a trajetória política
de Ulysses para ver que, por trás de cada uma de suas ações,
sempre estava em jogo uma causa, um conceito fundamental: a democracia
e os direitos humanos, quando de sua candidatura à presidência
da República em 1973; a representatividade popular, quando
da campanha das Diretas Já; o Estado de Direito, por ocasião
da Constituinte; e, nos últimos anos de vida, a causa da
moralidade pública e do parlamentarismo. Para ele, o conceito,
princípio abstrato, estava acima das pessoas. Por isso, recusou
a presidência da República, que lhe foi oferecida por
ocasião da doença de Tancredo, e defendeu a posse
de Sarney. Foi muito mais um homem de idéias do que de obras.
Enquanto Áries, signo de Fogo, é a
própria expressão do "eu quero", Libra,
signo oposto a Áries, representa a consciência do outro
e da necessidade de conciliação de interesses. Não
é por acaso que Libra rege a atividade diplomática,
cujo propósito é exatamente a obtenção
do acordo apesar das divergências, do consenso entre os contrários.
Ulysses, como libriano, passou os quarenta anos de sua vida pública
negociando, aparando arestas, ajudando a colocar na mesma mesa ou
no mesmo palanque inimigos figadais, em nome de algum interesse
maior. A arte da política, para ele, era a arte de conviver
civilizadamente com o adversário: em vez do combate mortal,
as concessões mútuas e os compromissos ("Política
é a arte do possível").
Toda vez que encontramos um libriano fazendo política
(o que, aliás, é muito comum, especialmente em funções
legislativas), vamos vê-lo envolvido em intermináveis
negociações, sempre tentando evitar o conflito sangrento
e o rompimento irreversível. Basta pensar no Mahatma Gandhi,
com seu eterno sonho de uma Índia livre, onde pudessem conviver
pacificamente hinduístas e muçulmanos. Gandhi acabou
acusado de traidor por sectários das duas facções
e morreu assassinado por um extremista. Após sua morte, hindus
e muçulmanos envolveram-se em um conflito sangrento, que
fez dez milhões de vítimas apenas entre 1947/49, e
continua matando até hoje. Mas Gandhi pelo menos tentou,
e tentou até o fim. Sem ele, a guerra civil teria sido muito
maior e, provavelmente, a Índia não seria hoje uma
democracia.
Muitas vezes, o político libriano bem intencionado
é acusado - como ocorreu com Gandhi e com o próprio
Ulysses - de fazer concessões exageradas, de condescender
com o erro e equilibrar-se "em cima do muro". Aliás,
não há nada mais libriano na política brasileira
do que o comportamento do PSDB, o partido tucano: analisa demais,
demora a decidir e jamais parte para posições radicais.
O lugar de Libra é exatamente ali, no meio da refrega, tentando
equilibrar (um verbo libriano, diga-se de passagem) os opostos.
Mas Ulysses também tinha uma dimensão
fortemente aquariana em sua personalidade, em função
da conjunção Lua/Urano naquele signo. Esta conjunção
expressa o envolvimento de Ulysses com causas típicas de
Aquário, como a liberdade, a democracia, o respeito aos direitos
humanos e a criação de estruturas sociais mais avançadas.
Aquário, aliás, era o signo que regia
o Meio-Céu de seu mapa, ou seja, o ponto de máxima
elevação, que marca o início da casa 10, associada
à atividade pública e à reputação.
Alguém com Aquário na 10 e seu planeta regente, Urano,
tão perto do Meio-Céu certamente não poderia
ter grandes compromissos com o passado: é um mapa de político
progressista e reformista, com idéias arejadas e disposição
mental de adolescente. Basta lembrar que Ulysses Guimarães
sempre teve nos jovens seus maiores admiradores (especialmente na
época das Diretas Já) e foi o defensor, na Constituinte,
do voto a partir dos dezesseis anos.
Contudo, há um detalhe sobre Aquário
geralmente ignorado: a cabeça-dura. Indivíduos com
ênfase neste signo aceitam muito bem o convívio com
aqueles que pensam de forma diferente, mas não abrem mão
das próprias idéias. Respeitam posições
alheias mas exigem ser respeitados em seus valores, em nome da liberdade
de consciência e de opinião.
A cabeça acima do
coração
A morte no mar
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