Lula e o mapa da República
Há muita divergência quanto ao mapa
mais adequado para a Proclamação da República.
A primeira possibilidade é situar o início do movimento
às 23h45 do dia 14 de novembro de 1889, quando o Primeiro
Regimento de Cavalaria do Rio de Janeiro entra em rebelião
(o mapa daí resultante deixa a Lua em Leão no Ascendente).
Outra escolha possível é o mapa para as 8h da manhã
do dia 15, quando os rebeldes assumem efetivamente o controle da
capital. Este é o mapa defendido, por exemplo, por Raul V.
Martinez. Mas sejamos conservadores e adotemos o mapa de uso mais
corrente, que é calculado para as 15h, quando o novo governo
republicano, já instalado, lança uma proclamação
oficial ao país. Para melhor entender este mapa frente
ao da posse, é melhor inverter as posições,
utilizando a estrutura de casas da Proclamação da
República. Só assim é possível apreender
de imediato a importância do interaspecto que coloca o Sol
da posse de Lula sobre o Meio do Céu e o Júpiter da
carta republicana. Além do mais, Vênus (que, nunca
é demais recordar, rege a carta da posse) está em
conjunção com o Sol da República, em Escorpião.
A conclusão é óbvia: o que há de melhor
e de pior nas instituições republicanas será
vitalizado e materializado.
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Carta interna: Proclamação
oficial da República - 15.11.1889, 15h LMT - Rio de Janeiro,
RJ - 22s54, 43w12. Planetas no círculo externo: Posse
de Lula no Congresso Nacional - 01.01.2003, 17h05 HV - Brasília,
DF - 15s47, 47w55. |
A comparação da carta da transmissão
da faixa com a carta da Proclamação da República
permite-nos compreender outra faceta do governo Lula. O Ascendente
da cerimônia está enquadrado entre Netuno e Plutão,
conjuntos, da carta republicana. Tal conjunção, que
tornou-se exata em 1892, já estava numa órbita bastante
fechada (três graus) em 1889. Trata-se de uma conjunção
muito rara, que ocorre aproximadamente a cada 500 anos, e cuja manifestação
mais evidente diz respeito ao eixo diretor da civilização
nos séculos subseqüentes. A conjunção
anterior, em 1398, foi seguida pela invenção da imprensa
de tipos móveis e por toda a revolução cultural
que dela adveio; a conjunção de 1892, em cuja órbita
de aproximação deu-se a Proclamação
da República, trouxe o aprofundamento da revolução
cultural, com o advento do cinema, do rádio, das grandes
cadeias jornalísticas e da história em quadrinhos.
Em resumo: a comunicação de massa é contemporânea
da república brasileira, e o fortalecimento desta depende,
em boa parte, da utilização adequada e consciente
daquela. Haverá no governo Lula um esforço concentrado
de disseminação de novos paradigmas culturais mediante
o uso dos meios de comunicação de grande alcance,
como a televisão. Pode-se pensar até mesmo em alguma
forma de intervenção ou ampliação de
controle sobre os veículos de comunicação,
que deverão voltar-se mais decididamente para o exercício
de uma função social.
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Carta interna: transmissão da faixa
presidencial de FHC para Lula - 01.01.2003, 17h05 HV - Brasília,
DF - 15s47, 47w55. Planetas no círculo externo: Proclamação
oficial da República - 15.11.1889, 15h LMT - Rio de Janeiro,
RJ - 22s54, 43w12. |
O trígono do Ascendente da transmissão
da faixa com o Marte da República, a presença de Plutão
de 1889 no Ascendente da carta da cerimônia e a própria
conjunção do Marte da possa de Lula com o Sol republicano
reforçam um sentido já decorrente da presença
de Vênus e Marte em Escorpião: a importância
do papel das Forças Armadas no novo governo. A última
coisa que muitos eleitores de Lula esperariam ver seria o novo presidente
apelando para medidas de força, mediante o acionamento de
dispositivos militares. Contudo, esta possibilidade é muito
forte, devendo ser considerada quase inevitável, ao menos
em momentos específicos dos próximos quatro anos.
Não se trata de sacrificar liberdades democráticas
em nome da segurança nacional, mas de garantir que a mudança
se faça com um mínimo de ordem. Provavelmente questões
internacionais já exigirão maior atenção
às Forças Armadas ao longo dos próximos meses.
Aos poucos, a estrutura e organização das Forças
Armadas deverão ser mobilizadas para apressar a execução
de alguns projetos que enfrentarão maior resistência,
ou para garantir a própria segurança interna do país.
Será um governo civil, mas que precisará - como, aliás,
já ocorreu em outros momentos cruciais da República
- de uma sólida base militar. Basta lembrar, a propósito,
que Urano está cruzando o Ascendente da Independência
e prestes a entrar em Peixes. Nas duas ocasiões em que isso
aconteceu anteriormente, tivemos a Guerra dos Farrapos e uma série
de outras insurreições da fase regencial, assim como
todas as crises dos governos de Epitácio Pessoa e Artur Bernardes,
de que são exemplo os movimentos tenentistas (inclusive a
revolta do Forte de Copacabana). Em alguns aspectos, o governo de
Lula pode lembrar o do também nordestino Epitácio
Pessoa, se bem que com um enfoque mais decididamente social.
Caindo do cavalo
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