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ASTROLOGIA E PROFISSÃO

Num movimento surpreendente,
astrólogos de todo o país se unem no Rio
e criam entidade nacional

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Domingo, 18 de agosto: a hora do acordo

A divulgação da proposta pela auto-regulamentação da Astrologia deixou a impressão de que os astrólogos do Rio estavam muito próximos de um "racha". Por isso, durante o fim de semana diversos contatos entre SINARJ e SARJ foram construindo o clima de uma declaração conjunta, com vistas à elaboração de uma agenda comum. Na prática, diversas propostas defendidas pelas duas entidades são semelhantes e têm por base as mesmas premissas e preocupações.

Celisa Beranger (esq.) é a atual presidente do SINARJ e defensora da regulamentação. Maria Eugenia de Castro (dir.) é fundadora da SARJ e prefere a auto-regulamentação. Ambas estão na UNA.

No encerramento do simpósio, Celisa Beranger, Bola e Maria Eugenia apresentaram-se juntos, defendendo a necessidade de soluções dialogadas. Faltava, porém, o toque de paixão, que foi dado por Eduardo Maia, ao ler um poema de Vinícius, e por Otávio Azevedo, ex-presidente do SINARJ, que fez um empolgado discurso afirmando que está na hora de astrólogos deixarem de "pôr o rabo entre as pernas quando são atacados". Martha Pires Ferreira, uma das mais antigas astrólogas em atividade no Rio, fez uma inflamada convocação contra qualquer forma de fundamentalismo, ou seja, de condução estreita dos destinos da Astrologia, desconsiderando a natural diversidade de correntes e práticas. Eduardo Maia ainda chamou a atenção para o papel das entidades do Rio de Janeiro, que sempre teve uma postura agregadora em relação a astrólogos do restante do país.

Estava criado o clima favorável. Na reunião que se seguiu, a proposta de uma entidade nacional surgiu naturalmente, assim como o nome e a forma de organização. Por sugestão de Ricardo Lindemann, optou-se por uma forma de representação proporcional que, em essência, lembra o princípio do parlamentarismo, em que o presidente faz o papel de um secretário-geral. Ricardo enfatizou a necessidade de mecanismos que permitam às bases eleger e substituir com rapidez seus representantes, evitando a cristalização de poder.

Decidiu-se também que a nova entidade só aceitará como associados outras entidades, como sindicatos, escolas e associações locais. Trata-se de um órgão agregador de entidades organizadas, e não uma nova instituição para concorrer com as já existentes. Os critérios de adesão serão os mais abertos e democráticos: se um grupo de astrólogos quiser participar da UNA mas ainda não tiver formado sua entidade local, poderá registrar em cartório um documento, assinado por todos, manifestando a intenção de constituir a entidade. Assim, as pré-entidades, ou organizações informais, terão a mesma possibilidade de participação das entidades com personalidade jurídica já constituída.

Em relação às escolas, Martha Pires Ferreira manifestou o temor de que houvesse discriminação contra professores com larga experiência, mas que dão aulas para turmas particulares, sem constituir uma empresa especificamente para este fim. Se o critério de adesão fosse formal, lembrou Martha, muitos excelentes professores estariam excluídos da UNA. Em resposta, Celisa Beranger defendeu o direito à participação de todos os professores envolvidos com formação regular de estudantes, mesmo que atuando em cursos pessoais, sem personalidade jurídica própria.

Durante a fase de organização, foi escolhido como coordenador da UNA Ricardo Lindemann (DF), astrólogo e presidente da Sociedade Teosófica. Formaram-se comissões de Comunicação, Jurídica, Financeira, de Discussão Curricular e de Definição do Universo Ocupacional, todas abertas a adesões.

Nos próximos dias a UNA divulgará contatos de e-mail e/ou telefone de todas as comissões em formação, de maneira a facilitar a participação de todos os interessados.

O mapa da UNA

Eram precisamente 20h06, segundo alguns participantes, ou 20h07, segundo outros, quando todos os participantes da reunião se levantaram para, de mãos dadas, celebrar o nascimento da UNA. Ninguém teve tempo de montar uma carta eletiva, ou sequer de fazer cálculos para definir o Ascendente do momento. A suspeita era de que estivesse nos últimos graus de Peixes. Na seqüência da reunião, apareceu um laptop com um software de cálculo, o que permitiu que o mapa fosse levantado. Para surpresa geral, o primeiro grau de Áries ocupava o Ascendente, dando testemunho do caráter não premeditado e da disposição primaveril que animou a fundação da entidade.

Marte, regente da 1, encontra-se em conjunção com o Sol em Leão, no final da casa 5. A proximidade com a cúspide da casa 6 une duas possibilidades: a Astrologia como arte (casa 5) e como mercado de trabalho organizado (casa 6). Lua em Capricórnio na casa 10 mostra que alguma forma de organização dos astrólogos surgirá desta articulação, já que este posicionamento, associado à oposição de Sol-Marte a Urano e a outras configurações da carta, expressa bem a tensão entre os impulsos de reconhecimento e respeitabilidade profissional e de preservação da liberdade de pesquisa e da pluralidade de práticas. É um compromisso difícil se equacionar, mas que tem tudo para tornar-se viável em face da abrangência e da representatividade da UNA.

Decisão pela criação da UNA - União Nacional de Astrólogos - 18.8.2002, 20h06 - Rio de Janeiro, RJ.

Leia também:
A Sarj vai à luta - Como foi a eleição da entidade carioca

E na edição 49:
Regulamentação profissional: o céu pode esperar?


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