Usando retornos solares, progressões e um pouco mais

Embora a Índia e o Paquistão sejam "países gêmeos", isto é, nasceram no mesmo momento e em territórios muitíssimo próximos, a diferença de coordenadas geográficas das capitais onde foram promulgadas as respectivas independências altera a dinâmica da interpretação astrológica. Não poderia mesmo ser de outro modo, haja vista a forte diferença cultural dos dois povos, um de maioria hindu, com um mosaico de sistemas de crenças religiosas, e outro quase unanimemente muçulmano. Na comparação dos mapas astrológicos de ambos os indicadores mais contundentes dos atuais conflitos talvez sejam característicos das casas 3, no mapa da Índia, e 4, no do Paquistão. A casa 3 da Índia, repleta de planetas, é análoga a um processo de desenvolvimento urbano bastante conturbado, porém rápido e indiscriminado (Bombaim, Calcutá e Nova Delhi estão entre as maiores cidades do mundo).

A casa 3 também é representativa dos vizinhos e, no caso de um país, não é absurdo dizer que os países do mesmo continente, em especial os fronteiriços, são por ela representados. Assim sendo, temos no mapa da Índia indicadores claros das características de seus vizinhos Paquistão, Afeganistão e outros com tendências conflituosas. O que se encontra na casa 3 da Índia é nada menos que uma tripla conjunção entre Mercúrio, Saturno e Plutão no signo de Leão. Plutão e Saturno, extremamente próximos à cúspide da casa 4, também marcam a situação territorial do país, do mesmo modo que acontece no Paquistão. Contudo, para o Paquistão a questão territorial reveste-se de uma importância ainda maior. Ao mesmo tempo em que seu stellium em Leão está todo contido na casa 4 (o que para um país também é representativo de territorialidade), Júpiter, o significador de expansão territorial, está justamente na casa dos inimigos declarados, dos oponentes, a casa 7. Eis uma questão bastante controversa para o sistema político-ideológico dos dois países. Tanto na visão paquistanesa quanto na indiana, um e outro figuram como expansores desenfreados que desafiam a soberania alheia. Acontece que para o Paquistão a situação fica delicada, pois seu território está espremido entre o vizinho Índia, com tendências de fato expansionistas, e o caldeirão dos países próximos, como o Afeganistão. Perder território, num momento como este, pode, a longo prazo, gerar uma situação desagregadora no Paquistão, enfraquecendo sua base política e mergulhando-o numa nova crise, como a que deu origem ao regime dissimuladamente ditatorial em que vive hoje.

O ano de 2002 para os dois países, observando superficialmente, não indica guerra em vias de fato, apesar de haver uma tensão intermitente devido às disputas territoriais. Para ambos, no entanto, dois períodos são críticos e com possibilidades de conflitos armados: a fase julho/agosto e a fase setembro/outubro de 2002. São, respectivamente, a conjunção de Saturno em trânsito com Urano radical e de Júpiter em trânsito com Saturno radical. Quanto à conjunção Saturno-Urano em Gêmeos, teremos um efeito similar aos esforços do sistema de segurança norte-americano após os atentados terroristas de 11 de setembro. Tais esforços seriam: a limitação das idas e vindas, o recrudescimento do controle das fronteiras e a possibilidade de cerceamento das liberdades individuais. Para a Índia a questão também deve ter reflexos contundentes sobre a indústria de informática, uma das maiores do país.

Índia - Independência da Grã-Bretanha - 15.08.1947, meia-noite (+05:30) - Nova Delhi, 28n40, 77e13.

No caso do Paquistão, a conjunção de Júpiter em trânsito a Saturno radical em Leão pode ter um tom um pouco mais grave que para a Índia. No mapa do Paquistão o aspecto ocorre na casa 4, justamente o setor que representa os alicerces, a base cultural e territorial do país. Pode-se aventar a hipótese de ambos os países sofrerem novas sanções internacionais e sejam forçados a estabelecer pactos territoriais. A tendência é de que o Paquistão sinta o chão amolecer sob os próprios pés, quer dizer, o sentimento de fronteira (Saturno) e limites entra em conflito com interesses multinacionais, e o país pode ser forçado a ceder mais do que a Índia.

Comumente as conjunções supracitadas coincidem com situações de graves conflitos nos países envolvidos.

Os períodos potencialmente graves dos referidos trânsitos de Júpiter e de Saturno têm confirmações nos retornos solares dos mapas dos países. Ambos têm exatamente a mesma Revolução Solar, ocorrida em 2001, no dia 14 de agosto, à 01:15, nas respectivas capitais. O mapa revolucionado mostra a tensão envolvendo os governos centrais, na oposição de Urano com o Sol, o que indica insatisfação coletiva com o sistema legitimado pelo poder central. O aspecto mais grave, contudo, é a oposição de Marte-Plutão com Lua-Saturno. É típico de tensões populares e de um caldeirão prestes a explodir. Neste mapa revolucionado temos exatamente em mês de dezembro de 2001 o recrudescimento da situação de crise mostrada pela conjunção do Ascendente, direcionado em arco diário, com Saturno. Com isso vem a conseqüente e abrasadora oposição com Marte e com Plutão. Março/abril são meses onde o mesmo Ascendente dirigido faz quadratura com Saturno/Lua-Marte/Plutão. É outro momento bastante tenso que pode desembocar em conflitos. Por fim, nos meses de junho e julho ocorre a conjunção deste Ascendente da Revolução Solar com Marte e com Plutão. Estes aspectos ocorrem no eixo das casas 1 e 7, sendo a casa 7 a dos chamados "inimigos declarados".

O Paquistão, a partir de agosto de 2002, terá um Retorno Solar com o Ascendente em Leão, em conjunção a Sol e Marte. O Sol é o dispositor do Ascendente, o que não acontece para o Retorno Solar da Índia, cujo Ascendente ficará em Virgem. Para a Índia, o dispositor, Mercúrio, envia uma quadratura a Plutão na casa 4. Comparando os dois Retornos, nota-se que o Paquistão assume uma linha mais declaradamente agressiva de atuação, enquanto a Índia, com a conjunção Sol-Marte na casa 12, tenderá a agir subrepticiamente, negando sua belicosidade. Pode, inclusive, assumir uma postura de vítima aos olhos do mundo.

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