Nota sobre o mapa de Petrópolis

Considera-se que a fundação de Petrópolis tenha ocorrido em 16 de março de 1843, horário não sabido. Em função do clima ameno, desde os primórdios Petrópolis esteve destinada a ser a residência de verão da família imperial. Para lá se trasladava toda a administração durante os meses de maior calor no Rio de Janeiro. O Palácio Imperial (atual Museu Imperial) começou a ser construído ainda em 1845. Enquanto durou o longo reinado de Pedro II, a cidade ganhou um imponente conjunto arquitetônico e urbanístico, com edifícios que ainda hoje atraem milhares de visitantes. Destacam-se construções como o Palácio Rio Negro, o Palácio de Cristal, a Catedral de São Pedro de Alcântara (onde estão os restos mortais do imperador e da imperatriz) e, por extensão, todo o conjunto da Av. Koeller, de notável unidade estilística.

O mapa solar da fundação de Petrópolis apresenta dois aspectos dignos de atenção: o primeiro é a conjunção Sol-Urano em Peixes, que recebe a oposição da Lua no final de Virgem ou no início de Libra. Urano é o regente moderno de Aquário, onde estão nada menos que quatro planetas.

O segundo aspecto relevante desta carta é a quadratura de Saturno em Capricórnio a Plutão em Áries. São os mesmos planetas que se apresentam em situação angular nos mapas de ingresso solar e de Lua Nova analisados por Helvécio no artigo sobre as chuvas de 23 de dezembro. Saturno rege estruturas e Plutão é um significador de subsolo. A dominante Aquário-Peixes da carta da cidade, somada a este aspecto, pode ser indicativa de instabilidade geológica motivada por infiltração de terrenos. Petrópolis é uma cidade especialmente sujeita a ocorrências deste tipo - deslizamentos súbitos, soterramentos etc. - em áreas que sofreram forte erosão por causa de edificações (Saturno) clandestinas (Plutão). Pelos critérios clássicos, Saturno é, aliás, o dispositor final desta carta, definindo-se como o regente de Petrópolis. Como a cidade se notabilizou pelo charme e qualidade estética de sua arquitetura, é bem provável que a Lua esteja no início de Libra, o que enfatizaria o papel de seu planeta dispositor, Vênus, em conjunção com Júpiter em Aquário: construções grandes, imponentes, arejadas, suntuosas. Júpiter em Aquário costuma estar presente na carta de cidades cosmopolitas, ecléticas, ou de indivíduos com um sentido de cidadania planetária. É Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, com Júpiter em Aquário no Fundo do Céu a cantar uma rua que nasce em Itabira e vai dar em qualquer parte do mundo...

Fundação de Petrópolis - carta solar calculada para o meio-dia (desconsiderar as casas) - Petrópolis, RJ - 22s32, 43w11.

O lado mais aquariano de Petrópolis aparece, por sinal, na "Encantada", como Santos Dumont chamava a casa de veraneio que lá possuía. A construção é cheia de detalhes excêntricos, como a escada que obriga o usuário a dar o primeiro passo com o pé direito (é impossível subi-la de outra forma), ou como a oficina do inventor, no primeiro andar, e o pequeno observatório astronômico no último. O Palácio de Cristal, primeira construção pré-fabricada do Brasil, com estrutura metálica e vidro, também é aquariana em sua modernidade e transparência.

Outro destaque deste mapa é que sete planetas estão nos três últimos signos do zodíaco, exatamente aqueles que expressam processos mais coletivos. É o mundo do social, em oposição aos primeiros signos, que simbolizam processos mais pessoais. Neste sentido, Petrópolis personifica o que houve de mais sofisticado na cultura do império. Não é a cidade do imperador, mas da aristocracia imperial como um todo.

No mapa da fundação da cidade, o planeta mais ativado pelos trânsitos de 23 de dezembro é exatamente Marte a 10 graus de Sagitário, que sofria uma oposição de Saturno e uma quadratura de Marte de trânsito, além de estar em quadratura com o Meio-Céu do ingresso solar. Como nada em Astrologia se manifesta em função de um significadores isolados, temos aqui uma reiteração de fatores bastante significativa.

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