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O MAPA DO ATLÉTICO PARANAENSE
O Furacão da Baixada
conquista o Brasil

Fernando Fernandes
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A celebração do combate pelo combate

O Atlético é uma força guerreira que, pela exacerbação dos valores do calor e da paixão (Marte, Plutão), seduz e arrasta multidões atrás de si (Netuno-Vênus). Seu mapa lembra antigas hordas bárbaras (Marte-Plutão) marchando compactas, embriagadas por ritmos hipnóticos (Netuno) a celebrar a guerra. O torcedor atleticano tem a disposição da entrega sacrificial, a compulsão do sofrimento em nome do clube. Há um toque de masoquismo, de supervalorização da dificuldade como algo capaz de dar um sabor especial à vitória.

A torcida do Atlético tende a assumir um papel simbolicamente feminino (Vênus em Touro na 7, casa do cônjuge - no caso, a torcida) de apoio incondicional e amor idealizado (quadratura com Netuno) desde que o time, por sua vez, assuma o papel hipermasculino do combatente que luta até a última gota de sangue. Neste contexto, esforço é mais importante que vitória, como se observa nesta passagem:

Júlio (...) chegou à Baixada em 1970 e rapidamente identificou-se com a camisa rubro-negra, com a torcida e com o clube. Suas três primeiras partidas pelo clube foram três derrotas. Mas se tornou um ídolo! Pela raça, vontade, valentia, gana e vontade de vencer, mostrou que o Atlético valia muito para ele, conquistando a torcida. Jogou cinco anos pelo rubro-negro e no último ano ainda cedeu seu passe ao Atlético. Júlio José Pepicelli foi realmente o "Campeão da Raça", com seu vigor, sua valentia e seu amor ao clube.

A carta do Atlético não recomenda a formação de um time de craques cerebrais e frios, nem de técnicos que armem seus times para a calculista obtenção de resultados. Há alguma coisa de arcaico neste clube, um eco longínquo de hunos e visigodos bradando sobre os escombros de velhas civilizações. A Arena da Baixada sugere um circo romano, ou um altar ao deus Ares. Veja-se este outro trecho (os destaques são nossos):

Em 78 jogavam ATLÉTICO e Colorado na Baixada, eram 30 do segundo tempo e o placar apontava 4x0 para o tricolor com justiça. Torcedores saindo cabisbaixos, e Ziquita fez um, o de honra. Aos 34' novamente ele faz. Começa uma festa na Baixada. Aos 36' Ziquita faz mais um e o estádio vem abaixo. Torcedores voltam da rua, galera ensandecida nas arquibancadas, afinal assim valia a pena perder! Mas aos 43' ele, sim Ziquita empata a partida. 4 X 4 inacreditáveis! Ziquita nunca brilhou tanto em tão pouco tempo. Poderia ser mais, se aos 44' Ziquita não tivesse cabeceado uma bola no travessão do goleiro colorado. Aí seria demais para qualquer coração. Festa é pouco para designar a histeria coletiva que tomou conta da cidade, afinal foi uma vitória com aparência de título.

Nada mais esclarecedor para ilustrar o caráter particular desta torcida. O feito heróico e suado é tratado aqui como vitória digna de festa e histeria coletiva (e foi apenas um empate). É a celebração do combate pelo combate. É Vênus tomada de desejo e delírio diante de Marte em estado puro.

A conquista do campeonato brasileiro de 2001 levou uma multidão a fazer um carnaval fora de época na normalmente contida Curitiba.

A presença da Lua em Sagitário, em conjunção com Júpiter na casa 2, indica um clube ao qual nunca faltarão recursos, se bem que tendam a surgir de forma inesperada ou parte deles possa ser desperdiçado em negócios de alto risco (quadraturas com Urano na 5). Esta configuração expressa também um potencial de conflitos e de turbulência da torcida, com possibilidade de excessos. Violência e comportamentos anti-sociais não são improváveis com tais aspectos, reforçados pelas quadraturas do Sol a Marte e Plutão. O Atlético é conhecido como o Furacão, adjetivo surgido durante a arrasadora campanha do clube em 1949. Naquele ano, Urano em trânsito nos primeiros graus de Câncer ativava a quadratura T de Sol, Marte e Plutão. Urano, significativamente, rege furacões.

O Atlético Paranaense tem um casamento perfeito com o mapa de Curitiba, sua cidade natal. As duas conjunções Sol-Mercúrio em Áries estão superpostas (Curitiba foi fundada em 29 de março de 1693, às 10h). O Sol do Atlético, na casa 6 (trabalhadores), está na cúspide da 11 de Curitiba (clubes), explicando a contradição de um clube fundado pelas elites que se transforma numa paixão popular. Vênus rege o Ascendente taurino de Curitiba e está em Peixes, em conjunção com Urano do Atlético (atração súbita e excitante). A Lua do clube está em conjunção com o Saturno sagitariano da cidade na casa 7, mostrando uma associação durável e, ao mesmo tempo, um efeito de freio moral: a conservadora Curitiba impõe limites às emoções da torcida atleticana que, de outra forma, poderiam manifestar-se mais turbulentamente. Neste sentido, o interaspecto é positivo, impedindo que a "panela de pressão" que é o mapa do Atlético resulte em violência generalizada.

Os Ascendentes do clube e da cidade estão em signos opostos, outra indicação de complementaridade. O intenso Atlético (Escorpião) vivifica a cidade aparentemente fria e contida (Touro e Urano na 1). Prova disso foram as duas partidas da final do campeonato de 2001, contra o São Caetano. Na primeira, em Curitiba, a TV não cansou de mostrar para o Brasil a emoção de homens, mulheres e crianças que comemoravam cada gol do time com lágrimas nos olhos e o coração na mão. Na segunda, em São Caetano, havia quase tantos curitibanos quanto paulistas no estádio. E havia outra multidão, ainda maior, pronta para promover um carnaval na capital do Paraná. Jamais se viram tantas bandeiras pelas ruas da cidade. Todas com o tom vermelho da paixão, do incêndio e de Marte.

Carta interna: Fundação de Curitiba - 29.03.1693, 10h LMT - 25s25, 49w15. Planetas no círculo externo: Fundação do Atlético Paranaense. Em destaque: os três interaspectos que definem o "casamento" do clube com a cidade.

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