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O MAPA DO ATLÉTICO PARANAENSE
O Furacão da Baixada
conquista o Brasil
Fernando Fernandes

De origem elitizada, o Atlético Paranaense, novo campeão brasileiro de futebol, transformou-se no clube mais popular do Paraná. Para isso contribui seu mapa, que retrata um estranho pacto de amor entre o time e a torcida.

Quando o campeonato brasileiro de 2001 começou, ninguém incluía o Atlético Paranaense entre os finalistas. Muito menos poderia farejar no clube curitibano o futuro campeão brasileiro. Mas o Atlético chegou lá, superando os tradicionais papa-títulos do Rio e de São Paulo. Na base do sucesso do Furacão, um patrimônio invejável, que inclui o estádio e o centro de treinamento mais modernos do Brasil, e uma torcida fanática, como ninguém poderia imaginar que existisse na fria capital do Paraná.

Em meados da segunda década do século, as equipes mais importantes de Curitiba eram o Coritiba, originário da colônia alemã, o Internacional, clube da aristocracia dos barões do mate, e o América, uma agremiação bastante popular. Entre 1915 e 1917, cada um deles levantou um título. Porém, de 1918 a 1923, o inexpressivo Britânia, um clube frágil e com torcida insignificante, levantou um hexacampeonato que ameaçava o interesse do público pelo campeonato local e a própria sobrevivência dos outros clubes.

[Nota: O Britânia Sport Club, nome em homenagem à Grã-Bretanha, pátria do futebol, nascera em 1914, no chamado Quarteirão do Tigre (área que hoje corresponderia mais ou menos ao bairro de Rebouças, em Curitiba), com a fusão de dois times de garotos da região, o Leão e o Tigre.]

No final de 1922, o América estava em crise: por ter pago com atraso uma dívida junto à liga regional, foi obrigado a disputar uma partida contra o Universal, campeão da segunda divisão. O vencedor ficaria com a última vaga para o campeonato da primeira divisão do ano seguinte. O jogo estava 3 a 3 quando foi marcado um Pênalti contra o América, cuja equipe, em protesto, abandonou o gramado e foi declarado perdedor por desistência. O que aconteceu em seguida é assim explicado pela torcida Furacão:

Três dias depois, como saída encontrada e já dando largas a comentários e desejos recônditos, próceres do América e do Internacional reuniram-se para tratar da fusão entre as duas agremiações. Mas discordaram quanto às cores da camisa. E nisso, passou-se um ano.

Em março de 1924, porém, os dirigentes se entenderiam: o desportista Luiz Guimarães (...), ex "goal-keeper" americano, empresário, jornalista e editor esportivo, (...) além de dar-se muito bem com a elite tradicional do Internacinal, teve ação decisiva relativamente às providências e no dia 26 foi empossada a diretoria do novo clube. Surgia, assim, o Clube Atlético Paranaense.

Arena da Baixada, o novo estádio do Atlético Paranaense.
As citações deste artigo foram extraídas do site da torcida Furacão do Clube Atlético Paranaense. O horário exato do nascimento do clube, assim como a confirmação de algumas informações históricas, devem-se ao professor, ex-diretor do Atlético e pesquisador Heriberto Ivan Machado, autor de uma detalhadíssima e incompreensivelmente não reeditada História do Futebol Paranaense.

É de se observar a referência à elite tradicional do Internacional, indicando tratar-se do clube de preferência das famílias abastadas e que, certamente, poderiam aportar recursos e prestígio para o recém-fundado Atlético. Mas o rubronegro paranaense, surgido em 26 de março de 1924, às 20h, em Curitiba, estava destinado a tornar-se a grande paixão futebolística do Paraná. Poucos clubes no Brasil - quiçá no mundo - têm uma carta onde intensidade, calor e combatividade andem tão juntas. O Ascendente é Escorpião e seus dois regentes, Marte e Plutão, estão em oposição entre si e formando quadratura com o Sol em Áries. O clube é fortemente marciano com um subtom jupiteriano (Júpiter conjunto à Lua em Sagitário e Urano em Peixes). A força de atração sobre a massa é indicada por Vênus em Touro na 7 em quadratura com Netuno exaltado em Leão na 10. Este aspecto dá uma chave imediata para compreender a motivação básica de sua torcida: a identificação com o coletivo e o indiferenciado, o "perder-se na multidão". É um impulso praticamente oposto ao que estimula, por exemplo, o torcedor do Botafogo do Rio de Janeiro, onde a idéia central é diferenciação (Saturno em Aquário). O Botafogo é a minoria irredutível e resistente (como os gauleses da aldeia de Asterix), enquanto o Atlético Paranaense é a força avassaladora da maioria a constituir uma unidade coletiva.

Clube Atlético Paranaense - Início da Assembléia de Fundação - 26.03.1924, 20h (-03:00) - Curitiba, PR - 25s25, 49w16.

A celebração do combate pelo combate


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