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TEORIA ASTROLÓGICA
Métodos de divisão de casas

Raul V. Martinez
Início | Parte 11
Equivalência entre arco de direção e intervalo de tempo

Finalmente, os arcos de direção são transformados em tempo. Novamente não há unanimidade entre astrólogos, quanto à forma mais conveniente de equivalência entre arco e tempo. Entre outras, são utilizadas as equivalências: de 1°/1 ano; do movimento médio diário do Sol/1 ano, e do movimento do Sol, no dia do nascimento/1 ano.

Notas

Os sistemas de coordenadas celestes são:

- Sistema Equatorial, onde o plano fundamental é o equador e o eixo principal é o eixo do mundo. A primeira coordenada é a Ascensão Reta (AR), contada a partir do ponto gama, sobre o equador, variando de 0 a 360°, ou de 0 a 24 horas, em sentido oposto ao dos ângulos horários. A outra coordenada é a declinação. É o angulo compreendido entre a direção do ponto na esfera celeste e sua projeção sobre o equador, utilizando o circulo máximo que contém o eixo e o ponto. É contada de 0 a 90° do equador para os pólos, positivamente no hemisfério N e negativamente no hemisfério S. Os pontos onde o Sol atinge as declinações máximas, em cada hemisfério, são os solstícios. As passagens do Sol, em seu movimento anual aparente, pelos dois equinócios e pelos dois solstícios marcam os inícios das estações climáticas, em cada ano.

- Sistema da Eclíptica, onde o plano fundamental é a eclíptica e seu eixo principal a linha dos pólos da eclíptica. Uma coordenada é o ângulo formado pela direção do astro considerado com sua projeção sobre a eclíptica. É a latitude celeste - contada de 0º a 90° a partir da eclíptica; positiva para o norte e negativa para o sul. A outra coordenada é a longitude celeste - a mais importante nos estudos astrológicos. Contada sobre a eclíptica, a partir do ponto gama, no sentido das AR, variando de 0º a 360°, ou de 0º a 30° em cada uma das 12 partes iguais da eclíptica, relativas aos 12 signos do zodíaco.

- Sistema Horizontal Local, que tem por plano fundamental o horizonte do lugar e por eixo principal a vertical do lugar. Uma das coordenadas é o azimute (A), medido a partir do semi-plano meridiano que contém o ponto sul, sendo positivo no sentido S W N E. O azimute de um ponto é medido entre a origem e o plano vertical que passa pelo ponto considerado. A outra coordenada é a distância zenital (Z), ângulo da direção do ponto com sua projeção sobre a vertical do lugar. As vezes é considerada a altura, no lugar da distância zenital. A altura é o ângulo formado pela direção ao ponto com sua projeção sobre o horizonte. É o complemento da distância zenital.

- Sistema Equatorial Local. Seu plano fundamental é o equador e seu eixo principal é o eixo do mundo. A primeira coordenada é o ângulo horário, contado de 0º a 360° ou de 0 a 24 horas e a outra coordenada é a declinação.

Bibliografia

SELVA, Henri. La Domification, Vigot Fréres, Èditeurs, Paris, 1917
JONES Jr., J. Allen. Mechanics of Tables of Houses, Golden Seal Research Headquarters,
Hollywood, Ca, USA, 1968
LORENZ, Dona Marie. Tools of astrology: Houses, Eomega Grove Press,
Topanga, Ca, USA, 1973
LEO, Alan. Casting the horoscope, L. N. Fowler, London, 1973
DALMOR, E. R. Quien fue y quien es en ocultismo, Kier, Buenos Aires, 1970

Fac-símile de página da Epítome do Almagesto, de Joahannes Muller (Regiomontanus) e Georg Peurbach, 1460-63.

NOTA COMPLEMENTAR:
O ressurgimento da Ciência Antiga

O astrônomo alemão Regiomontanus (nome latinizado de Joahannes Muller), além de ter criado um dos melhores sistemas de divisão de casas, teve uma importância fundamental no desenvolvimento da astronomia do Renascimento.

Uma das criações mais poderosas da ciência grega foi a matemática astronômica desenvolvida por Hiparco no século II a. C. e que recebeu sua forma final pela mão de Ptolomeu no século II da era cristã. Os escritos de Ptolomeu eram conhecidos na Idade Média, mas apenas através de traduções latinas bastante incorretas. Contudo, na Itália do século XV, a obra do geógrafo, astrônomo e astrólogo grego ganha nova vida. O primeiro passo foi dado por Jorge de Trebizonda, um imigrante grego vindo de Creta, que produziu uma nova tradução comentada que se revelou tão imperfeita quanto as anteriores e levantou uma onda de críticas iradas. Mas Regiomontanus, que era na época protegido de um religioso intelectualmente brilhante, o cardeal grego Bessarion, veio para a Itália com seu patrono, aprendeu grego e produziu uma Epítome integral da obra de Ptolomeu, estudada com afinco pela maioria dos astrônomos do século XVI e dos seguintes. A Epítome do Almagesto foi escrita entre 1460 e 1463, por Regiomontanus em parceria com Georg Peurbach, em atendimento a uma sugestão do Cardeal Bessarion. Esta Epítome deu aos europeus a primeira compreensão sofisticada da astronomia de Ptolomeu e foi estudada por todo astrônomo competente do século XVI e dos seguintes. Copérnico foi apenas um dos muitos eruditos do Renascimento Científico que tiveram a oportunidade de acessar as teorias de Ptolomeu em particular, e dos astrônomos gregos, em geral, do que resultou um grande avanço para o conhecimento do século XVI e seguintes.

 

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