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ASTROLOGIA MUNDIAL
Eclipse, alinhamento planetário
e as vacas do apagão
Em outro trecho, afirma o artigo: Considerando que Touro é signo vinculado à Terra e à natureza, a presença ali dos sete planetas clássicos coloca em evidência a questão ambiental em escala planetária. No marco da conjunção Júpiter-Saturno, os próximos meses ou anos devem mostrar um foco permanente na qualidade de vida. Há duas possibilidades: o início real de ações de grande porte com vistas a deter a degradação ambiental e preservar a biodiversidade (preservação é um atributo taurino) ou o aprofundamento do atual quadro de crise, com o risco de comprometimento permanente de solos e florestas, avanço da desertificação, queda na produtividade da agropecuária e aumento das áreas de fome endêmica. Previsão correta. Houve um grande esforço nos últimos meses para obter-se um acordo internacional para a redução do desmatamento e das emissões poluentes, que acabou em fracasso. O presidente americano George W. Bush anunciou, para desespero dos ambientalistas, que os Estados Unidos não assinarão a Convenção de Quioto, que prevê um compromisso mundial pela redução das emissões poluentes. Bush chegou a afirmar com todas as letras que o modelo americano de alto consumo de energia e matérias-primas é "sagrado", e que o país não se curvaria a pressões internacionais. Enquanto isso, os cientistas anunciam que o buraco da camada de ozônio nunca esteve tão grande e que enormes geleiras do Ártico começam a derreter. A Inglaterra (de novo) submergiu em outubro com chuvas nunca vistas, e toda a Europa sofreu com alterações climáticas inesperadas: em meados de 2000, a maior onda de calor em 50 anos; no final do ano, violentas nevascas em todo o continente europeu e na América do Norte. Por outro lado, no Brasil e no oeste dos Estados Unidos faltou a chuva que deveria encher os reservatórios das hidroelétricas. Para identificar as áreas da Terra com maior possibilidade de serem focos de grandes eventos num período de até um ano após o grande alinhamento de maio de 2000, utilizamos a técnica de equivalentes geodésicos, um recurso de astrolocalização que não conta com aprovação unânime, tendo em vista seu caráter exclusivamente simbólico. Vejamos o texto: Regiões com Ascendente ou Meio-Céu geodésico em Touro ou Aquário estariam na alça de mira do grande alinhamento, assim como aquelas que apresentassem estes signos no Fundo do Céu ou no Descendente. Em seguida, o artigo relacionou todas as áreas muito ativadas, para depois resumir: Conclui-se, portanto, que o Sudeste e o Nordeste do Brasil, a Califórnia, a Austrália, a Indonésia, a Somália e a região do mar Negro são aquelas que potencialmente apresentam maior risco de ativação de eventos em concordância com o grande alinhamento de maio. Estes eventos não acontecem necessariamente no mesmo instante do alinhamento, apresentando um período de latência com a duração de seis meses a um ano, durante o qual podem ser disparados por lunações, eclipses ou novas configurações tensas. Nos primeiros meses após o alinhamento, e daí até o final de 2000, tudo parecia indicar que havia algo errado com essa técnica, pois os grandes focos de atenção dos noticiários estavam na Flórida (por causa do impasse nas eleições americanas), na Colômbia (guerrilha e risco de intervenção americana), Argentina (grave crise econômica), Peru (renúncia de Fujimori), Europa Ocidental (sérios distúrbios climáticos), Oriente Médio (nova crise entre Israel e palestinos), Oceano Ártico (afundamento do submarino russo), Iugoslávia (queda de Milosevic) e África Ocidental (golpes, guerras civis e crises na Libéria, em Serra Leoa, na Costa do Marfim e outros países próximos).
O artigo parecia acertar apenas ao citar, como áreas críticas, o litoral do Japão (houve vários terremotos ali), o Iêmen (onde aconteceu um atentado contra um navio americano) e o interior da Austrália, que ficou em evidência porque as Olimpíadas colocaram no noticiário a questão da integração dos aborígenes à sociedade do país (quem acendeu a pira olímpica foi uma atleta nativa). Com a Indonésia, a coisa também funcionava a contento, pois o país esteve convulsionado por conflitos políticos e religiosos durante todo o tempo desde o alinhamento. Mas, no cômputo geral, não parecia ter sido uma boa idéia traçar previsões com uso de equivalentes geodésicos a partir do mapa do agrupamento de 3 de maio de 2000. Por outro lado, os analistas políticos e econômicos também não foram muito bem sucedidos: ninguém imaginou que a eleição americana desse no que deu, nem que a crise argentina chegasse aonde chegou. Ninguém previu taxativamente a queda de Fujimori e nenhum especialista em questões climáticas anunciou com antecedência as violentas inundações na Inglaterra. Só nos primeiros meses de 2001 as duas regiões apontadas como as mais críticas - Sudeste e Nordeste do Brasil e Califórnia - pularam para o primeiro plano dos noticiários em função da crise de energia elétrica e, no caso do Brasil, também pelos seguidos riscos de epidemia envolvendo o rebanho bovino. O que funcionou, aí, foi um velho princípio de Astrologia Mundial: quanto mais raro for o fenômeno, mais vastos e de mais longo alcance serão seus desdobramentos. Agrupamentos planetários não acontecem todo dia, nem conjunções Júpiter-Saturno. O grande alinhamento de 1962 em Aquário, que já comentamos em Constelar nº 23, deu a tônica de um longo período de ocorrências aquarianas, as mais notáveis das quais foram a corrida espacial e o boom da informática e das telecomunicações. Com o conjunto de fenômenos que incluiu o eclipse total do Sol em Leão de 1999 e o grande agrupamento em Touro de 2000, não poderia ser diferente. O mundo mudou, e apenas agora começamos a entender em que direção. O mais curioso é que as ocorrências dos últimos meses carregam um simbolismo tão óbvio, tão literal, que poucos astrólogos chegaram a cogitá-lo. Saturno em Touro e Urano em Aquário, por exemplo, podem significar um abalo (Urano) de estruturas geológicas (Saturno) - o terrível terremoto que se prevê há décadas para a Califórnia - mas também podem significar o básico do básico: prosaicas vacas doentes ou o apagão que nos pega de surpresa... Fernando Fernandes é editor de Constelar.
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