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1974: A TRAGÉDIA DO INCÊNDIO DO JOELMA

A feia fumaça que sobe
apagando as estrelas

Fernando Fernandes

 

O incêndio do edifício Joelma foi uma das maiores tragédias na história paulistana. A cidade ainda não estava refeita do incêndio do edifício Andraus, em 1972 (16 mortos), quando foi surpreendida, na manhã de 1° de fevereiro de 1974, pelas chamas que se alastraram por todo o Joelma, na área central, com o resultado de 179 mortes.

Há quase trinta anos um incêndio parou São Paulo. Era sexta-feira, 1º de fevereiro de 1974, e aproximadamente 756 pessoas distribuíam-se pelos 25 andares do edifício Joelma, na região central. Por volta das 8h50 um funcionário ouviu um ruído de vidro rompendo, vindo de um escritório no 12º andar. Eis o relato do que ele viu, de acordo com um site não-oficial do Corpo de Bombeiros:

Foi até lá para verificar e constatou que um aparelho de ar condicionado estava queimando. Foi correndo até o quadro de luz daquele piso para desligar a energia; mas ao voltar encontrou fogo seguindo pela fiação exposta ao longo da parede. As cortinas se incendiaram e o incêndio começou a se propagar pelas placas combustíveis do forro. Correu para apanhar o extintor portátil, mas ao chegar não conseguiu mais adentrar à sala, devido à intensa fumaça. Subiu as escadas até o 13º andar, alertou os ocupantes e ao tentar voltar ao 12º pavimento, encontrou densa fumaça e muito calor. A partir daí o incêndio, sem controle algum, tomou todo o prédio.

Às 9h03 o Corpo de Bombeiros recebeu o primeiro chamado de socorro. Às 9h05 saíram os primeiros carros dos quartéis mais próximos, que chegaram ao Joelma às 9h10. E o mesmo site prossegue na descrição:

O incêndio se propagava rapidamente pela fachada para os andares superiores. As pessoas do prédio haviam corrido para as laterais de banheiros e para a parte mais alta do edifício. Devido a grande dimensão do incêndio, em pouco tempo estavam no local 12 auto-bombas, 3 auto-escadas, 2 plataformas elevatórias e uma quantidade muito grande de veículos de salvamento que iniciaram um grande trabalho de retirada das vítimas e combate ao fogo.

Às 10h30 o fogo estava extinto. Em uma hora e meia, consumira não apenas as partes inflamáveis do edifício, mas também a vida de 179 pessoas. Outras 300 estavam feridas. Aterrorizada, a multidão que se comprimia na rua vira 40 ocupantes do prédio jogarem-se do alto do Joelma para escapar ao intenso calor. Às 13h30 todos os sobreviventes já haviam sido resgatados. São Paulo acabara de viver sua manhã de horror.

Observemos o mapa calculado para o momento e o local do início do incêndio. Não se trata do mapa da cidade de São Paulo nem do edifício, mas do evento em si - do incêndio, portanto. O Ascendente, que aqui simbolizaria o acontecimento trágico, está em Peixes, signo que admite dois regentes: Júpiter, o tradicional, e Netuno, o moderno. Júpiter, que também rege o Meio-Céu, está em Aquário - signo de Ar - na cúspide da casa 12, que simboliza aquilo sobre o qual não temos controle. O incêndio teve origem num aparelho de ar condicionado do 12° andar (simples coincidência?). Este aparelho, segundo foi constatado mais tarde, estava ligado à fiação de outro pavimento, de forma tal que seria impossível desconectá-lo com rapidez.

Incêndio do Joelma - início - 1.2.1974 - 8h50 - São Paulo, SP - 23s35, 46w37

Aparelhos de ar condicionado são assunto de signos saturninos, Capricórnio e Aquário (Saturno é o princípio do resfriamento). Júpiter está em quadratura (órbita de pouco mais de cinco graus) com Marte na casa 2, sendo que Marte também forma quadratura com o Sol na 11, igualmente em Aquário, regendo a casa 6, das "disfunções orgânicas".

Marte está em Touro, signo de seu exílio. O Sol em Aquário também está em exílio. Sol e Marte são significadores naturais de energia, força, calor, e sabe-se que o incêndio teve origem elétrica. A péssima situação celeste de Marte e Sol está em perfeita concordância com o ocorrido, especialmente pelo fato de que ambos estão conectados com Júpiter, regente do Ascendente. Como os aspectos envolvem a casa 12 (pela presença de Júpiter na cúspide) e a casa 6 (pela regência solar), e como tais casas constituem o "eixo das doenças", podemos dizer que o mapa revela o quadro de um edifício doente, onde o incêndio se espalha aproveitando as deficiências da construção e o desgaste do material.

Vamos à confirmação, mais uma vez utilizando o site informal dos bombeiros:

Nos escritórios, a compartimentação interna era feita por divisórias de madeira e o forro era constituído por placas de fibra combustível fixadas em ripas de madeira e a laje-piso era forrada por carpete. (...) Havia somente uma escada comum (não de segurança, que tem paredes resistentes ao fogo e ventilação para evitar gases tóxicos). Não havia sistema de alarme manual ou automático de forma que fosse rapidamente detectado, dado o alarme e desencadeadas as providências de abandono da população, acionamento de brigada interna, acionamento do Corpo de Bombeiros e outras mais. Não havia qualquer sinalização para abandono e controle de pânico. Apesar da estrutura do prédio ser incombustível, todo o material de compartimentação e acabamento não era e não havia qualquer controle de carga-incêndio (...) rapidamente o incêndio se propagou e fugiu do controle.

Em outras palavras: o Joelma era, efetivamente, um edifício doente, sem defesas contra a propagação do fogo. Fossem outras as condições de construção e manutenção, não teriam sido perdidas tantas vidas. Mas falamos em propagação? Se procurarmos pelo outro regente do Ascendente, Netuno, ei-lo em Sagitário e na casa 9, exatamente o signo e a casa da propagação - é a perfeita imagem do fogo que se espalha rapidamente e sem impedimentos, podendo ser visto a grandes distâncias (não só "ao vivo", pela altura das chamas, mas também pelos meios de comunicação de massa, dada a grande repercussão da tragédia).

Como fatores adicionais de risco podemos observar as seguintes configurações:

1. Em mapas de eventos, a Parte da Fortuna costuma indicar um signo e uma casa que simbolizam fatores críticos para a compreensão da questão. No mapa da tragédia do Joelma, a Parte da Fortuna está no início de Câncer, na casa 4, em quadratura com Plutão na 7. O significado é que o edifício (casa 4) guardava em suas partes não visíveis (Câncer, casa 4) diversos elementos que poderiam colocar em risco extremo (quadratura com Plutão) seus ocupantes.

2. Observe-se que a Lua, dispositora da Parte da Fortuna, está em Touro (signo relacionado a construções, em geral), na casa 3 em quadratura com Mercúrio na 12 (aquilo que não é visto ou não pode ser controlado), sendo que Mercúrio é o regente da casa 4 (as estruturas do prédio, ou o edifício em si). Mercúrio é um significador essencial de vias de circulação; a Lua, num mapa de eventos, simboliza as massas humanas envolvidas. A quadratura, neste caso, mostra a dificuldade que os ocupantes do Joelma encontraram para sair do edifício. Devido à obstrução (quadratura) das vias de circulação por fogo e fumaça, devido ao próprio desconhecimento das vítimas sobre como proceder e para onde ir (conflito casa 12-casa 3), o número de mortes multiplicou-se, atingindo terríveis proporções.

A função do Grande Trígono de Ar

O que mais chama a atenção no mapa é a existência de um Grande Trígono unindo Mercúrio, Saturno e Urano em signos de Ar. À primeira vista é uma configuração intrigante, pois tamanha tragédia não parece combinar com a fluência de um Grande Trígono. Todavia há um sentido mais amplo a retirar do mapa: os signos de Ar expressam comunicação, troca de informação e distribuição de conhecimento. Por mais que o incêndio do Joelma tenha sido uma dolorosa tragédia na história de São Paulo, foi exatamente a ampla difusão daquelas cenas de horror que contribuiu para criar uma nova consciência de prevenção de incêndios em outros edifícios de grande porte. Legislações mais rigorosas entraram em vigor em diversos estados e difundiu-se a consciência da necessidade de treinamento de funcionários e ocupantes de condomínios para lidar com emergências. Em muitos edifícios surgiram brigadas de incêndio, que são grupos de voluntários treinados para dar o primeiro combate a focos de fogo e coordenar a evacuação do prédio. Novos edifícios já em fase de construção tiveram seus projetos modificados para incluir escadas de escape, portas corta-fogo e revestimentos incombustíveis.

O dado mais revelador do significado daquele Grande Trígono talvez seja o fato de que as imagens do incêndio do Joelma passaram a ser apresentadas em praticamente todos os treinamentos oferecidos pelo Corpo de Bombeiros ou por empresas particulares. A tragédia do Joelma fez 179 vítimas fatais, mas ajudou, por outro lado, a preservar incontáveis vidas ao inspirar a construção, daí em diante, de edifícios mais seguros e com manutenção mais cuidadosa.

Leia mais sobre o Joelma: Nada do que não era antes
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