A antiquíssima técnica dos graus
simbólicos - uma imagem associada a cada grau do Zodíaco
- pode lançar luz sobre mapas de indivíduos ou eventos
e funcionar como poderosa ferramenta de retificação
de horário. Raul V. Martinez é um dos poucos astrólogos
a fazer uso freqüente desta técnica, cuja eficácia
é ilustrada por dois casos amplamente conhecidos: o do piloto
Ayrton Senna e o das mortes, até hoje cercadas de mistério,
de PC Farias e sua namorada Suzana Marcolino.
A palavra monômeros - do grego monos,
único, e meros, parte, quando aplicada ao Zodíaco,
representa uma lista de significados ou de propriedades de cada
um dos seus 360 graus. A. Volguine, em artigo publicado na revista
Les Cahiers Astrologiques número 31 [mar-abr 1951],
página 43, com o título A Pré-História
dos Graus-Monômeros, falando da antiguidade desses símbolos,
cita Nigidius, Figulus, Firmicus Maternus e Scaliger, entre os mais
próximos de nossa época, autores que transcreveram
ou citaram graus da Esfera Barbárica (Sphaerae
Barbaricae Apotesma), lembrando que bárbara significava
na época estrangeiro e se aplicava à tudo que
não fosse grego ou latino.
A. Bouche-Leclercq, na L'Astrologie Grecque,
Paris, 1899, página 125, diz que a Esfera Barbárica
se identifica com a esfera celeste egípcia. Essa esfera,
por sua vez, se divide em duas partes: a Clara Sidera, que
trata da influência das estrelas, e a Miriogênesis,
que considera os significados dos diferentes graus do Zodíaco.
Scaliger, no seu Astronomicon [1572], trata monômeros
e mirogênesis como sinônimos, empregando os dois
termos indiferentemente.
Outros autores antigos também mencionam Círculos
Astrológicos do Egito, que serviam como tabelas astronômicas
e meios divinatórios. É o caso, por exempo, do Círculo
de Ouro de Osimandias, faraó que, segundo Diodoro, reinou
em torno de 800 anos antes de Sesóstris. Ou seja, possivelmente
trata-se de Ramsés II. Após essas considerações,
Volguine conclui que a origem dos monômeros remonta no mínimo
a essa época.
A mais antiga lista de monômeros que se conhece
é a do Calendário Tebaico, apresentado por P. Christian,
no livro L'Homme Rouge des Tuileries (1852), reeditado por
Guy Tredaniel, Paris, 1977. Esses mesmos 360 Graus foram transcritos
por Scaliger (1600), que afirma que os estava reproduzindo de obra
de Aben Ezra (século XII). Essa lista também consta
do Astrolabium Pianum, de Johannes Angelus (começo
do século XVI).
Auger-Ferrier, no livro Julgamentos Astronômicos
sobre as Natividades [primeira edição, 1550] dá
exatamente as mesmas definições e interpretações
que Aben Ezra e Scaliger. Christian reproduz o texto de Auger-Ferrier,
conforme J. Hieroz [página 55 - Les Cahiers Astrologiques
n°.139-140].
Outras listas de Graus Simbólicos
Robert Fludd [1574 - 1637] no seu Tratado Geral
de Astrologia, traduzido para o francês por Pierre Piobb
e editado em 1907 por H. Daragon, classifica os graus em categorias:
tenebrosos, luminosos, masculinos, femininos, infernais, honoríficos
e vazios.
Demétrio de Toledo, no livro O Número
Sagrado, Edições Sombra e Luz, Typografia Baptista
de Souza, Rio de Janeiro [sem data], publica esses graus de Fludd.
Isidoro Kozminsky publicou outra série em 1917, sem especificar
sua origem.
Marc Edmund Jones, em 1925, foi com a médium
clarividente Elsie Wheeler a um parque de San Diego, Califórnia,
onde ficaram em um lugar tranqüilo. Ele levava um maço
de 360 fichas, uma para cada grau do Zodíaco, todas em branco,
com exceção de uma pequena marca, apenas visível,
no canto superior direito, indicando um signo e o grau. As fichas
foram embaralhadas e retiradas aleatoriamente, uma por vez, sem
que fossem identificadas. As visões interiores da senhorita
Wheeler para cada ficha foram anotadas por Jones. Esse trabalho
foi feito em apenas um dia. Ou seja, houve um intervalo de tempo
bastante curto para a visualização e anotação
de cada uma das 360 imagens. Essa série passou a ser conhecida
como Sabian Symbols. Dane Rudhyar a utilizou, inicialmente,
no livro The Astrology of Personality e depois em An Astrological
Mandala, onde consta este relato. Jones posteriormente publicou
The Sabian Symbols com algumas modificações,
com base na experiência adquirida com o uso dessas imagens.
Adriano Carelli, em 1951, publicou sua série,
procurando combinar séries anteriores. Há ainda outras,
como a da Ada Muir e a de E. C. Mathews.
Volosfera e Calendário
Tebaico, juntos
K. Hitschler, em Pouvoirs Secrets des Mots et
des Symboles [Editions de la Baconnière, Neuchâtel,
Suiça], informa, na página 121, que para cada grau
do Zodíaco serão apresentadas duas imagens simbólicas.
A primeira do livro de Janduz [1] e
a segunda do livro de André Costesèque [2].
[1] - Janduz [J.
Duzéa - Ancien Vice-President Fondateur et Professeur
au Centre d'Etudes astrologiques de France à Paris]
Les 360 Degrés du Zodiaque Symbolisés par
l'Image et par la Cabbale
[Nouveau Procédé de Rectification del'Heure
de la Naissance]
Illustré de 360 dessins de Mlle. Claude Lhuer. Éditions
Niclaus, Paris, 1939
Na página 11, Janduz diz que entre as
obras dos diferentes autores que se ocuparam da questão
dos Graus Simbólicos, desde Ptolomeu, ateve-se ao texto
de Antonio Borelli (1.1), complementando-o com desenhos e
comentários. Diz que também se utilizou da velha
edição de Christian (1.2), para obter o lado
benéfico ou maléfico de diferentes graus ou
imagens.
(1.1) - Antonio Borelli, clarividente italiano
do século XIX, autor do manuscrito conhecido como Volosfera,
que contém 360 descrições simbólicas,
uma para cada grau do Zodíaco. Sepharial traduziu essa
série para o inglês, ampliando os significados
atribuídos a cada um dos graus. Foi publicada na Inglaterra
em 1898, acompanhada de outra série, a de Charubel,
pseudônimo de John Thomas (1826-1908), que a teria recebido
mediunicamente e a interpretado.
(1.2) - P. Christian, na já citada obra
L'Homme Rouge des Tuileries (1852).
[2] - André
Costesèque - La Prédétermination de
L'Avenir, Editions des Cahiers Astrologiques, Nice,
1941, transcreve o Calendário Tebaico.
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Ou seja, das duas imagens apresentadas por Hitschler
para cada grau do Zodíaco, a primeira foi retirada da Volosfera
e a segunda do Calendário Tebaico, conforme foram transcritas
por Janduz e por Costesèque, respectivamente.
Em particular, a análise dos textos dos pares
de imagens para graus ascendentes, considerando seus significados
e analogias de forma ampla e de forma particular, inclusive das
palavras que os compõem, com freqüência tem levado
a resultados significativos em termos astrológicos.
Exemplos de Aplicações
dos Graus Simbólicos relacionados por Hitschler:
Volosfera e Calendário Tebaico
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