Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 91 :: Janeiro/2006 :: - |
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PRESSÁGIOS 2006Brasil: os deuses não gostam de pizza
Três configurações dão a tônica de 2006 para o Brasil, definindo semelhanças com três momentos difíceis do passado: as crises do período regencial, no século XIX, o conturbado governo de Artur Bernardes e o clima que precedeu a ditadura de Vargas, nos anos 30. Em outro artigo desta edição Carlos Hollanda analisa em detalhes a Revolução Solar do Brasil no período 2005/2006, detendo-se também em algumas previsões com uso de direções. Ficaremos então com outra técnica, qual seja, a dos trânsitos sobre o mapa do Grito do Ipiranga. Entre agosto e setembro, Saturno e Netuno em trânsito enquadram por conjunção e oposição Vênus radical da Independência do Brasil. Os aspectos se dão no eixo da saúde e das classes sociais na base da pirâmide (trabalhadores na casa 6; grupos marginalizados na casa 12). Como Saturno em contato com Netuno é um aspecto potencialmente muito depressivo, pode-se esperar um surto de desencanto e de descrença varrendo o país bem às vésperas das eleições. Naturalmente que isso pode gerar reflexos muito negativos no processo eleitoral, levando a uma negação em bloco de todos os candidatos (um grande número de abstenções ou de votos nulos). Outra possibilidade é o fortalecimento de tendências autoritárias, consubstanciadas em candidatos com discurso populista ou com propostas de um "governo forte" que vá resolver todas os problemas. Mapa da Independência do Brasil
(círculo interno), calculada para São Paulo, 7.9.1822, Outra possibilidade decorrente das aflições netunianas diz respeito ao risco de endemias, epidemias e pandemias. No mapa da Independência, Vênus é significador de saúde pública (por sua posição na casa 6), enquanto Netuno, por reger a 2 e posicionar-se na 11, é significador ao mesmo tempo de recursos e do Congresso Nacional. Tradução prática: a má distribuição (ou o desvio) de verbas públicas sob as vistas complacentes de nossos parlamentares poderá aumentar as deficiências sanitárias do país, abrindo, inclusive, brecha para a eclosão de surtos perigosos. Resta-nos rezar para que a gripe aviária e outras pandemias assustadoras passem longe de nossas fronteiras. Saturno-Netuno e a lembrança do fascismoConfigurações Saturno-Netuno às vezes se manifestam sob a forma de depressão econômica e, no plano político, pela expectativa da chegada do "homem providencial". Sob uma oposição Saturno-Netuno, em 1936, ocorreu o fortalecimento e consolidação do nazi-fascismo europeu, quando Hitler (no poder desde 1933) e Mussolini (no poder desde 1922) se aliam para intervir na guerra civil espanhola e garantir a ascensão de Franco. No Brasil, 1936 é o momento de máxima evidência do integralismo, versão nativa do fascismo. A AIB - Ação Integralista Brasileira - que havia sido fundada em 1932 por Plínio Salgado e Gustavo Barroso, lança a candidatura do primeiro à presidência da República. A crescente popularidade do integralismo é um dos motivos que levam Getúlio Vargas, no poder desde 1930, a promover um golpe de Estado, cancelar as eleições de 1938 e instituir um regime ditatorial em 1937 - o Estado Novo. Tal como em 1936, quando a propaganda anticomunista espalhou o medo entre a população e fez com que muitas vozes clamassem por um governo forte, poderemos ter, nas eleições de 2006, um clima semelhante, beneficiando candidatos capazes de explorar o medo provocado pelas ameaças contemporâneas: a violência urbana, o terrorismo e assim por diante. Em outras palavras, a configuração é uma forte indicação da chegada de uma onda conservadora. Por outro lado, considerando apenas a oposição Netuno-Vênus, vigente durante todo o ano de 2006, podem-se esperar produções inspiradas nas áreas do cinema, da música e da dança, assim como maior glamourização da mulher brasileira. Grande ano, portanto, para atrizes, modelos e outras figuras femininas que trabalhem sob a luz dos refletores (é bom não esquecer das que se candidatarão a cargos públicos nas eleições de outubro!). Como Netuno rege a casa 2 do mapa do país e Vênus é significador essencial de bancos e instituições financeiras, o aspecto também pode ser indicativo de tensões no mercado. Urano-Sol, o confronto com o poderDurante boa parte do primeiro semestre, Urano transita em oposição ao Sol. Trata-de de um aspecto crítico, excessivamente dinâmico, que, nas duas vezes anteriores em que ocorreu após a independência, sinalizou épocas bastante conturbadas na vida política e social do país. Na primeira vez, em 1839, o país estava governado por uma regência - Pedro II ainda era menor - e revoltas explodiam em diversas províncias, sob os mais variados pretextos. No Rio Grande do Sul, a Revolução Farroupilha fazia estragos nas forças imperiais e ameaçava extinguir a unidade territorial da América Portuguesa; no Pará e no Maranhão estavam em curso duas revoltas de caráter nitidamente social, a Cabanagem (imagem à direita) e a Balaiada. Quando Urano volta a fazer oposição ao Sol, em 1923/1924, Artur Bernardes (foto) está no presidência, num dos governos mais conturbados da história brasileira. O movimento tenentista gera revoltas no Rio Grande do Sul e em São Paulo. A capital paulista sofre bombardeio, inclusive aéreo. A coluna Prestes, movimento guerrilheiro formado por tenentes e capitães de classe média insatisfeitos com o controle do poder pelas velhas oligarquias, começa a formar-se para percorrer o sertão. A tônica de Urano na casa 1 do Brasil, oposto ao Sol, é de confronto violento com o poder central. Esta violência pode ser real (conflitos armados, atentados, ocupações de estradas e terras etc.) ou simbólica (pesadas campanhas de desmoralização de governantes, com o objetivo de enfraquecê-los ou levá-los à renúncia). De qualquer forma, quem tiver muito poder estará sob ataque. A queda do ministro José Dirceu e toda a crise do governo Lula, em 2005, já são exemplos de atuação deste aspecto. Em 2006 não será diferente, o que não é nada animador para os planos de reeleição de Lula. Definitivamente, Sol-Urano é um aspecto que não rima com continuísmo. Não é intenção deste artigo analisar as chances dos candidatos à presidência da República, até porque ainda não temos clareza sobre que candidaturas serão apresentadas e desconhecemos os mapas de alguns políticos emergentes. O quadro de demolição da autoridade constituída que se vislumbra à frente pode derrubar ainda muitos "monstros sagrados", abrindo espaço para candidatos de última hora. Ao longo do ano os astrólogos brasileiros estarão bastante ocupados com o tema, e será preciso considerar com cuidado muitos mapas. Para começar, os de José Serra, Geraldo Alckmin, Garotinho, Heloísa Helena, Aécio Neves, Palocci, Ciro Gomes e - atenção para este nome - Germano Rigotto, atual governador do Rio Grande do Sul. Os escândalos não vão pararNão é preciso dizer que a conjugação dos trânsitos sobre o mapa do Brasil em 2005 (Urano oposto ao Sol, Netuno oposto a Vênus e Plutão chegando à cúspide da casa 11) não vai trazer grande alívio à crise política iniciada em 2005. Tal como o anterior, é um ano de escândalos, revelações e reviravoltas bruscas no tabuleiro político. O Congresso Nacional, em especial, encontra-se a partir de 2006 num momento decisivo, já que a sombra do Hades projetar-se-á cada vez com maior força sobre a Câmara e o Senado. Ou os próprios parlamentares tomam a iniciativa do expurgo radical e da renovação necessária ou o país pode decidir que não precisa mais de um Poder Legislativo autônomo. De forma mais direta: se o Congresso não se corrige, pode acabar fechado antes de 2008. As mudanças, por serem de natureza plutoniana, não podem se restringir à superfície, devendo alcançar questões estruturais, como os critérios de representatividade estadual, o número de cadeiras na Câmara e no Senado, o regime de trabalho (fim do atual recesso de 90 dias), as mordomias garantidas no regimento interno, a fidelidade partidária e assim por diante. Alguém precisa dizer aos senhores parlamentares que Plutão não gosta de pizza. Nos dois próximos anos seu prato preferido deverá ser cabeças cortadas ao molho da desonra e do repúdio popular. Outros artigos de Fernando Fernandes. |
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