Um
olhar brasileiro em Astrologia
Edição 86 :: Agosto/2005 :: - |
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ASTROLOGIA E POLÍTICAUm olhar da astrologia tradicional
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Gerson Pelafsky |
Usando técnicas tradicionais, a crise brasileira pode ser percebida sob outro ponto de vista. Júpiter é um dos planetas de maior destaque no momento, em consonância com a ênfase na questão da ética.
A astrologia tradicional, praticada desde a antiguidade até o início do século XVIII, fornece ferramentas para discernir padrões presentes em cartas astrológicas que poderiam passar despercebidas pelo astrólogo contemporâneo. A astrologia moderna permanece no escuro quanto a essas técnicas úteis. Vejamos a aplicação de algumas e como elucidam melhor aspectos do mapa do Brasil e da carta do ingresso solar (ingresso do Sol em Áries, calculada para a capital federal). Veremos como surpreendentemente aparecem aspectos planetários, como o aspecto Marte-Saturno, e o fato de o regente da casa 10 (casa da autoridade governamental) estar em signo de detrimento, que repetem um padrão semelhante ao do mapa da Independência, o que confirma o fato de tratar-se de um momento fora do comum na história brasileira.
Na astrologia clássica grande importância é dada ao fato de o Sol se encontrar em posicionamento diurno (acima do horizonte - casas 7 a 12) ou noturno, abaixo do horizonte (casas 1 a 6). Esta abordagem aparece no Tetrabiblos, de Ptolomeu, obra-mestra e das mais influentes na astrologia até hoje, assim como em Firmicus Maternus, outro autor clássico, que a menciona em sua obra Mathesis. Os aspectos e posição de casa dos planetas são lidos diferentemente em cada caso. Há planetas considerados diurnos e noturnos e, se estiverem de acordo com a tendência da carta, podem ser mais favoráveis, do contrário podem revelar sua face menos luminosa.
Mapa do ingresso solar em Áries: 20/03/2005 9:34 - Brasília. |
Este tipo de mapa é amplamente usado na astrologia Mundial (ramo que aborda questões nacionais ou que afetam uma coletividade).
O Ascendente está em Touro e seu regente se encontra na casa 11, casa do poder legislativo, combusto (em conjunção com o Sol). Nas fontes clássicas a combustão tem caráter desfavorável, indica situações desgastantes, bem como situações ocultas, pois o planeta, quando sob os raios do Sol, desaparece de vista, sua visão fica obliterada - aqui pode ser feita uma analogia com os esquemas ocultos envolvendo dinheiro (Touro-Vênus) e casa 11 (deputados). Este mapa é diurno (Sol acima), e Saturno, o regente da casa 10 (autoridade governamental), encontra-se noturnamente colocado (abaixo do horizonte), portanto em conflito com a tendência da carta - aqui vemos o desgaste do governo (planeta em signo de exílio, também), sua tentativa de proteger sua fragilidade, o medo e a situação dificil que se seguiu às denúncias de corrupção. Ao invés de estar acima, o planeta desce para o hemisfério inferior - uma alusão à queda de líderes governamentais. Saturno está na casa 3, mostrando os correios (setor de comunicação em mapas de astrologia política), bem como o envolvimento dos setores de inteligência do governo (Abin), e o papel dos meios de comunicação nas denúncias de corrupção e elucidação do assunto. Saturno está em aspecto com Vênus, ligando a corrupção ao governo. Há um aspecto de Marte partil (grau exato) oposto à Lua - mostra a disputa acirrada que poderá levar à punição judicial ou exílio dos envolvidos (significados de casa 12, regida por Marte); exílio neste contexto corresponderia à cassação do mandato - perda do direito político - e mexe com a opinião pública - Lua.
Vejamos as coincidências com o mapa da Independência:
Independência do Brasil - 07/09/1822 16:53 LMT São Paulo - SP. |
Nota de Constelar: o autor do artigo utiliza o mapa da Independência com Ascendente em Peixes. A maioria dos astrólogos prefere os mapas calculados para 16h30 ou 16h08 LMT, ambos com Ascendente em Aquário. |
É um mapa diurno, e os planetas Júpiter e Saturno estão em confronto com essa tendência, ambos situados abaixo do horizonte. Júpiter, o regente domiciliar da casa 10, está abaixo do horizonte, em detrimento (exílio - como é a denominação moderna). Em detrimento e noturno, revela sua face mais desfavorável - aqui vemos uma tendência dos nossos líderes adotarem posturas messiânicas de salvar a pátria, ou salvaguardar a ética. Mas esses líderes têm pés de barro - o planeta "caiu" lá de cima e veio para baixo - a queda de uma atitude do eu inflado e difícil de sustentar? A queda dos sujeitos à 'hybris', orgulho dos que se acham acima da lei que sujeita os demais, algo notório entre nossos políticos, que é punido pelos deuses - noção presente na cultura grega clássica - bem apropiado para Júpiter, não?... Júpiter, como portador da consciência, aqui fica "noturno", nas trevas - consciência obliterada de nossos governantes. Outras analogias que caberiam aqui para um Júpiter maleficiado: gasto inapropriado do dinheiro público - princípio da generosidade distorcido, hipocrisia - princípio da franqueza distorcido. Marte, regente da casa 2 por domicílio, é planeta noturno acima do horizonte, em condição diurna, então confirma o mau uso dos recursos do país e bem como a fraqueza das autoridades em fazer frente à corrupção (Júpiter enfraquecido por condição celestial e noturno, quincunx com Marte). Talvez esse falso heroísmo, ou lado pretensamente salvador e paternalista, tenha começado com D. Pedro - ecos do "independência ou morte"? Saturno aqui nesse mapa está noturno e em signo feminino e rege a casa 11, do poder legislativo. Está em oposição a Marte, como no mapa do ingresso solar, confirmando, como já foi mencionado, a importância desse momento para a história brasileira. É digno de nota que o presidente Lula tem a conjunção Marte-Saturno e está no segundo retorno deste último. Aqui vemos um Saturno debilitado em conjunção com outro "maléfico" em queda (Marte), mostrando a luta de Lula para se desvencilhar de uma situação onde, por ter favorecido os seus, o seu "clã" (Câncer, seu partido, o PT), este último contaminou o poder e levou a uma perigosa confusão ente o público e o privado e a uma perda de controle e dos limites (Saturno) na administração dos negócios públicos. [*]
Por fim, aplicando um sistema de previsão que remonta à antiguidade e de largo uso na Idade Média, chamado Firdaria. É um sistema de previsão baseado na sucessão de períodos planetários. Os planetas se sucedem na ordem caldaica (Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio, Lua) e a eles são acrescidos os nodos planetários. É usado um ciclo de 75 anos no total, com um período de anos atribuído a cada planeta. E também há um período menor, um planeta sub-regente. Este era originalmente aplicado em astrologia mundana e também em natal. Irei aplicar aqui como se tratasse de um mapa natal (o que não deixa de ser, pois é a natividade da soberania brasileira).
Os períodos planetários são os seguintes: Saturno - 11; Júpiter - 12; Marte - 7; Sol - 10; Vênus - 8; Mercúrio - 13 e Lua - 8; Nodo Norte - 3; Nodo Sul - 2. A contagem começa pelo Sol em mapa diurno e Lua em Noturno. De 1822 a 1972 passaram-se 150 anos, totalizando dois ciclos completos de períodos. A partir de então: 1972 a 1982 - Sol; 1982 a 1990 - Vênus; 1990 a 2003 - Mercúrio. Estamos no ciclo Lunar desde 2003, ano de eleição de Lula. E o sub-período, o segundo regente é Júpiter, portanto ciclo Lua-Júpiter. Aqui temos o "governante do tempo" como sendo Júpiter, regente da casa 10, que pelas razões descritas reflete este momento apreensivo e crucial em nosso país. Já na profecção, outro sistema de previsão onde é feita uma "progressão" de casas à ordem de um ano de vida correspondendo a um signo, a casa um vigora no primeiro ano de vida, no décimo-segundo, aos 24, 36, 48 e assim por diante. A contagem vai de doze em doze, sucessivamente. 180 anos perfazem 15 ciclos completos. Portanto, em 2002 começou um ciclo de casa 1 no mapa do Brasil. Em 2003, vigora a casa 2, e assim vai a sucessão. Estamos em 2005, portanto a partir de setembro entramos no período atual da casa 4, onde está Júpiter - confirmando a previsão de Firdaria como um ano decisivo para o Brasil, no que diz respeito ao trato das coisas públicas.
Faltou mencionar um vínculo que tenho notado entre o mapa de políticos brasileiros envolvidos em corrupção ou denúncias e o mapa da Independência do Brasil. Paulo Maluf, Collor, José Dirceu, Lula e outros políticos possuem em sua carta natal Saturno e Marte em aspecto, sendo que Marte se encontra em queda ou exílio (no caso de Collor, o aspecto existe usando orbe medieval, mais ampla). De alguma forma faz um gancho com o aspecto Marte-Saturno do mapa brasileiro, o qual associo à corrupção (regências sobre casas 2 e 11).
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