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Um olhar brasileiro em Astrologia
 Edição 88 :: Outubro/2005 :: -

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Em breve: uma nova versão de Mapas do Brasil.

7° SIMPÓSIO NACIONAL DO SINARJ

Saturno no cinema e Plutão no shopping

Vanessa Tuleski
Início do artigo | Parte 2

Fini vê o lado reptiliano de Mozart

Carlos Fini alertou para a necessidade de o astrólogo não ser um pensador mecânico, que apenas interpreta mapas, sem entender de outras matérias. Segundo Fini, a própria arte de interpretar é refinada quando se buscam outras formas de conhecimento e explicação. Trouxe demonstrações de como teorias da neurociência e de outros campos têm relação com a astrologia. Acrescentou, inclusive, que é preciso muita cultura para poder se explicar o funcionamento da astrologia. Fez uma amarração de técnicas e visões e mostrou como o mapa pode ser entendido de outra forma se novos ângulos são experimentados. Citou a teoria de Paul McLean, que postulou que temos três cérebros: reptiliano (processos respiratórios e automáticos do corpo), límbico (emoções e memória) e córtex (raciocínio lógico). Para Fini, Plutão, Saturno e Marte representariam o cérebro reptiliano; Netuno, Lua e Vênus, o límbico; e Júpiter, Sol, Mercúrio e Urano, o córtex. Aplicou a teoria mostrando o mapa de Mozart, falando que o músico provavelmente teria muita atividade no córtex, uso do cérebro reptiliano por conta de uma conjunção da Lua com Plutão e uma pincelada de límbico, devido a uma posição destacada de Netuno. Fini também falou da importância de sabermos realizar a síntese de um mapa, saindo do isolamento de posicionamentos para descobrirmos as reiterações.

Paula Salotti e o déjà vu dos aspectos separativos

Logo depois de Bola, Paula Salotti fez uma didática palestra a respeito dos aspectos, trazendo muitas idéias a respeito das diferenças entre aspectos aplicativos, separativos, crescentes e decrescentes, e entre os próprios aspectos entre si. A respeito da primeira categoria, Paula disse que nos aspectos separativos temos uma sensação de algo conhecido, enquanto os aplicativos mostram coisas que ainda têm de ser vencidas, que nos impulsionam e instigam. Paula mostrou que há um mundo de diferenças entre sextis, trígonos, quadraturas e quincunces quando crescentes e quando decrescentes. Deu também atenção ao semi-sextil, explicando que, por estar associado, no seu momento crescente, a Touro, é um aspecto muito importante para a temática de recursos, podendo, por trânsito, simbolizar a hora em que as coisas acontecem e materializam-se. Paula fechou sua informativa palestra dando um exemplo de como seria a relação com a música nos diversos aspectos que Vênus e Netuno poderiam fazer entre si: sextil, trígono e quadratura crescentes e decrescentes.

Mônica Alencar e o Nodo Norte

Mônica Alencar falou dos Nodos Lunares, dizendo que a vida só progride quando nos conectamos ao Nodo Norte. Foi enfática em dizer que mesmo quando nascemos com planetas conjuntos ao Nodo Sul temos de tentar realizar o que o Norte está apontando. Disse, igualmente, que mapa nenhum é ao acaso, de modo que se alguém nasce com planetas pessoais no Nodo Sul é porque teria de ter esta configuração, mas que a sua via de progresso e crescimento seria sempre através do que o Nodo Norte indicasse. Mônica ainda citou a importância do eclipse solar pré-natal, que representaria um ponto que nos conectaria a uma espécie de missão coletiva. Disse que normalmente nos sentimos à vontade com o que ele representa, sendo que o eclipse lunar pré-natal já simbolizaria algo em relação ao qual temos uma sensação de estranhamento, por representar alguma coisa nova.

Teresas: cada consulta é uma consulta

Teresinha Gouveia e Teresa Moura falaram do atendimento astrológico, do mapa como um anteparo entre cliente e astrólogo, e de como este anteparo precisa ser neutro e flexível. As duas postularam que o astrólogo tem de exercer um papel sensível, cujo objetivo final seria levar o cliente a sair da consulta mais centrado nele mesmo. Esta sensibilidade regularia o atendimento, fazendo com que o astrólogo puxasse o cliente mais ao chão quando este estivesse voando ou, ao contrário, que tentasse aliviá-lo quando ele viesse mais pesado para a consulta. Para as Teresas, o mesmo mapa pode servir para dar informações diferentes a cada consulta, o que é regulado pelo que se passa de único naquele momento. É ele quem vai dirigir a consulta e também a interação sensível com o cliente.

Fernanda Chacel e a teoria do renascimento

Fernanda Chacel foi um dos palestrantes que tiveram a oportunidade de inscrever um trabalho e tê-lo selecionado. Fernanda expôs a teoria do renascimento, segunda a qual o nascimento tem um grande impacto nas nossas atitudes futuras, e relacionou-o com a astrologia, trazendo alguns exemplos de mapa e também dando pistas sobre alguns posicionamentos. Fernanda trouxe muitas transparências com informações sobre o que os diversos tipos de partos ocasionam na personalidade. Citou, por exemplo, que as atuais cesarianas programadas podem resultar em personalidades que crêem que têm de fazer coisas na hora em que os outros querem ou, que, ao contrário, são muito refratárias a atender pedidos. Também falou a respeito da anestesia, dizendo que, como a criança deixa de fazer força para nascer, pois também sente os efeitos da mesma, pode, como adulto, ver seu ânimo arrefecer depois de ter-se animado inicialmente com certas tarefas.

Outros artigos de Vanessa Tuleski.

O momento de emoção do simpósio

Mais uma vez o Simpósio do Sinarj serviu de palco para duas tendências que, embora aparentemente opostas, acabam funcionando como abordagens mutuamente complementares. De um lado, a vertente acadêmica, consubstanciada em palestras que vão fundo na tradição da cultura ocidental e lançam novas luzes sobre as bases filosóficas e mitológicas da Astrologia greco-romana. Este ano a via acadêmica ficou por conta, por exemplo, de Eduardo Maia, Luiz Claudio Moniz (mitos de Apolo e Dioniso), Marcus Reis (discutindo os estóicos) e de quase todos os astrólogos que participaram da seleção pública promovida pelo Sinarj. Na outra ponta estão os astrólogos que assumem radicalmente como matéria-prima a inspiração popular e as raízes brasileiras. Na defesa desta linha (na qual também me incluo) ninguém trouxe com tanta força o cheiro da terra e a temática do homem do povo quanto Angela Brainer, presidente do Sindicato dos Astrólogos de Pernambuco. Angela mostrou como o nativo do sertão nordestino estabelece sua conexão com o céu, ilustrando a palestra com trechos de uma tão despretensiosa quanto expressiva gravação em vídeo produzida durante uma visita de vários astrólogos a uma cidade do interior. A platéia se encantou com Dona Margarida, a sertaneja que contava sua relação com as estrelas, e deixou-se contagiar com o entusiasmo nativista de Angela. Mas o melhor ainda estava por vir, na forma de uma cena de vídeo mostrando os astrólogos Edil Carvalho (SP) e Stela Siebra (Recife) descontraidamente a recitar poesias sob o céu estrelado do sertão. Exatamente por não imaginarem que aquele recital um dia viesse a público, Edil e Stela acabaram protagonizando o momento mais delicioso do simpósio. E coube a Angela Brainer mostrar que nossa casa 4 não está no mundo helênico, mas sim em algum lugar do interior, numa cidade perdida à beira do Rio São Francisco.

O 7° Simpósio do Sinarj em imagens



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7° Simpósio do Sinarj | Saturno no cinema e Plutão no shopping | Bola assume o planeta X | Fotos: Os muitos rostos do simpósio |
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